sábado, 11 de setembro de 2010

'CPFL TOTAL' É ALVO DE RECLAMAÇÃO - Consumidor tem dificuldade para pagar as contas

Samira Galli


Notícia publicada na edição de 11/09/2010 do Jornal Cruzeiro do Sul, na página 6 do caderno A
 
 
Consumidores reclamam da situação e cobram uma solução
Foto: Adival B. Pinto

 
A dificuldade encontrada para colocar as contas de energia elétrica em dia depois da mudança da forma de pagamento, com o funcionamento do programa ‘CPFL Total’ está gerando inúmeras reclamações. Entre os problemas encontrados, os consumidores afirmam que os locais sugeridos na conta para efetuar o pagamento não são credenciados pela empresa. Além disso, afirmam que as agências bancárias não estão recebendo o pagamento de quem não é cliente do banco. E, com toda a situação gerada, alguns estabelecimentos estão aproveitando e realizando uma forma de pagamento paralela, intermediando e tentando lucrar com isso.

 
Desde o mês passado, as contas de energia elétrica não podem mais ser pagas em casas lotéricas, mas em lojas credenciadas pela CPFL, nos bancos ou pela internet, através dos sites de bancos cadastrados. A promessa do programa é facilitar a vida dos consumidores, com mais de 2.500 pontos cadastrados em todo o Estado, além de oferecer serviços como 2ª via, consulta de débitos e validação cadastral.

 
Mas, para os consumidores, o novo programa prejudicou o pagamento. “Falam que é mais fácil, mas não é isso que está acontecendo”, afirmou Lucineide Roseno dos Santos, de 42 anos, moradora da Vila Jardini. Ela afirmou que nenhum dos estabelecimentos citados como pontos de pagamento estava credenciado e só conseguiu pagar a conta porque o marido é cliente de um dos bancos cadastrados. “Consegui pagar porque tive essa alternativa, mas e quem não tem conta em banco? E as pessoas mais velhas ou deficientes? Vão ficar ‘caçando’ estabelecimentos? Não é justo”, questionou.

 
Em Votorantim, os moradores encontram os mesmos problemas. Em um dos únicos pontos de recebimento de contas, na Associação dos Aposentados e Pensionistas de Votorantim (Apevo), a população deparava-se com uma fila extensa e trazia muitas dúvidas sobre o novo programa. “Se os lugares que eles indicam não recebem e os bancos também não, como vamos fazer”? questionou a diarista Isabel Cristina da Rosa, de 43 anos. Já a aposentada Rosalina Mancio Rolim de Sales, de 57 anos, reclama da dificuldade de locomoção para encontrar um local credenciado. “Eu moro no centro e eles indicam um bairro distante. Teria que gastar com ônibus, além de tudo”, disse.

 
A Apevo já rescindiu o contrato com a CPFL e só irá receber pagamento das contas até o dia 25 de setembro. O presidente da Associação, Aristides Vieira Fernandes, afirmou que, além do valor repassado para a instituição ser muito pequeno - cerca de R$ 0,20 por conta, há a questão de segurança e também o rompimento do contrato da CPFL com a Caixa Econômica Federal, desde o dia 18 de agosto, o que impossibilitou a permanência de ambos no mesmo estabelecimento. “Pedimos um prazo para continuar a atender até o dia 25 em respeito ao associado e à população. Recebemos gente até de Salto de Pirapora, que não encontra posto lá e vem até aqui pagar a conta. Queremos que a situação se resolva pela população”, afirmou.

 
A assessoria de imprensa da Federação Brasileira de Bancos (Febraban) afirmou que os bancos não estão recebendo as contas de energia elétrica porque a CPFL decidiu não contratar mais os serviços bancários. A gerente comercial da CPFL, Marina Dutra, disse que essa informação não procede e que, exceto a Caixa e o Bradesco, os bancos têm obrigação contratual em receber as contas de qualquer pessoa, cliente ou não. “Temos sim contratos com os bancos e eles são obrigados a receber o pagamento. Se houver algum problema, o consumidor pode entrar em contato direto com a CPFL e denunciar”, afirmou.
Sobre os locais cadastrados, Marina disse que, por ser o primeiro mês de programa, há alguns problemas pontuais de descredenciamento mas, ao mesmo tempo, há um número cada vez maior de solicitações para cadastrar os estabelecimentos como pontos de recebimento. “É tudo uma questão de adaptação. A gente sabe da ousadia dessa mudança, mas a gente acredita que isso vai ser para melhor. A gente não tá investindo sem acreditar no objetivo”, destacou. E afirmou que as pessoas que encontrarem dificuldade para o pagamento da conta ou tiverem alguma sugestão de estabelecimento devem entrar em contato com a CPFL pelo telefone que está na própria conta (ligação gratuita) ou pelo site www.cpfl.com.br.
Em Sorocaba, Marina afirmou que são mais de 40 pontos de pagamentos, com mais 18 locais em processo de credenciamento, além das 56 agências bancárias que podem receber a conta. Em Votorantim, ela confirmou que além da Apevo, também recebem pagamento a Panificadora Irmãos Domingues, a Casa de Carnes Votorantim, a lojas de informática Fine Line, e a Cyberdog, no Novo Mundo.
Estabelecimentos cobram até taxa

Alguns estabelecimentos não credenciados pela CPFL estão fazendo cobrança taxa e lucrando com a dificuldade de efetuar o pagamento das contas de energia elétrica. Os comerciantes aproveitam a situação gerada pelo programa CPFL Total e realizam uma forma de pagamento paralela, cobrando uma taxa para realizar a operação.
Uma revistaria na Vila Santana está cobrando uma taxa de R$ 2 para receber o pagamento da conta. Uma moradora da Vila Santana que preferiu não se identificar afirmou que pagou a taxa cobrada pela revistaria por ter dificuldade para se deslocar até o final da rua Júlio Ribeiro, onde havia um ponto de pagamento sugerido pela CPFL em conta. Ela afirmou que um bar na Vila Progresso também está cobrando taxa para receber a conta.
O atendente da revistaria afirmou que não fazem mais o recebimento de conta, mas ofereceu o serviço para facilitar o pagamento. “A gente consegue pagar aqui pela internet, mas daí tem uma taxa”, avisou.

A CPFL afirmou que não tem como controlar esse tipo de ação. “Isso não cabe à CPFL”, afirmou, via assessoria.
Lotéricas, Câmara e a CPFL buscam solução
Os proprietários de casas lotéricas e o gerente de Poder Público da CPFL, Alexandre Hugo de Morais, se reuniram com vereadores na Câmara de Sorocaba para discutir o fim do convênio entre a CPFL Piratininga e a Caixa Econômica Federal, que suspendeu o recebimento de contas de energia elétrica nas lotéricas. O encontro foi realizado na sala de reuniões do Legislativo e, ao fim, foi encaminhado um ofício à gerência da CPFL e à superintendência regional da Caixa com a reivindicação dos empresários pela permanência do serviço nas lotéricas.
Segundo o gerente da CPFL, foi criado uma rede própria para atender melhor os clientes e, desde a suspensão do convênio com a Caixa, em 18 de agosto, foi suspenso o recebimento das contas nas lotéricas. De acordo com ele, até a suspensão do convênio, 50% dos clientes efetuavam o pagamento nas lotéricas.“O objetivo principal é estar mais próximo da população nos bairros, inclusive fomentando o comércio local”, disse.
O vereador José Francisco Martinez (PSDB) defendeu um encaminhamento da questão, afirmando que a situação está afetando diretamente a população. “Temos que solicitar o aumento do atendimento e não a diminuição”, destacou.
Durante o encontro, os lotéricos levantaram uma série de pontos negativos no novo sistema adotado, como a falta de segurança nos estabelecimentos conveniados e o despreparo dos funcionários. Para o presidente da Câmara, Marinho Marte (PPS), só o credenciamento não resolve a questão. “A CPFL está descumprindo o Código do Consumidor quanto ao atendimento preferencial”, disse.
O representante da CPFL afirmou que a companhia tem todo o interesse de ter os empresários como parceiros e propôs a implantação do projeto nas casas lotéricas. Para isso a Caixa teria que modificar o contrato com as lotéricas possibilitando a relação direta entre os empresários e a CPFL.
Também estiveram presentes na reunião os vereadores Ditão Oleriano (PMN), Claudemir Justi (PSDB) e Rozendo Oliveira (PV).

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