terça-feira, 28 de outubro de 2014

Clayton Leme é lembrado por sua contribuição à cultura de Votorantim

Notícia publicada na edição de 28/10/14 do Jornal Cruzeiro do Sul, na página 001 do caderno C
Maíra Fernandes

Artistas, amigos e familiares lamentaram e se mostraram surpresos com a morte do bailarino, educador e ex-secretário de Cultura 
 


Clayton Leme faleceu no último domingo aos 36 anos - DIVULGAÇÃO



Artistas, amigos e familiares do bailarino, educador e ex-secretário de Cultura de Votorantim Clayton Leme 36, falecido no domingo, lembraram sua trajetória e se despediram no decorrer do dia de ontem. No velório, ocorrido desde a madrugada de segunda-feira na Ofebas de Votorantim, pessoas que começaram na dança junto com Clayton, alunos e profissionais que o ajudaram na gestão à frente da pasta da cultura em Votorantim (2010-2012), e representantes das mais diversas áreas lamentaram e se mostraram surpresos com a morte de Clayton, que estava internado em Curitiba - cidade que residia - desde o dia 18, quando sentiu fortes dores abdominais. Passados dois dias desde a sua entrada no hospital, Clayton foi encaminhado para a Unidade de Terapia Intensiva (UTI), e faleceu por volta das 12h de domingo, resumiu o irmão, Samuel Leme. "Já sabíamos que ele havia passado do estado grave para muito grave quando nos ligaram." A informação é de que Clayton estava com uma infecção abdominal e teve uma parada cardiorrespiratória no domingo.
Além dos irmãos que acompanharam o velório que seguiu até a tarde de segunda-feira, a avó de Clayton permaneceu ao lado do caixão do neto, recebendo os cumprimentos dos amigos e familiares.
O clima, pela manhã, era de surpresa e muita emoção, mas também de solidariedade, já que muitos consolavam aqueles que pareciam não acreditar na morte de Clayton.
Além do velório físico, muitos optaram por se manifestar pelas redes sociais como o Facebook, postando fotos, histórias e mensagens.
Entre os amigos e parceiros que foram se despedir de Clayton, estavam os bailarinos e empresários Marcelo Proença e Rodrigo Chiba, parceiros de longa data que acompanharam os primeiros passos de Clayton na dança. "Lembro da primeira vez que ele procurou, eu e a Sílvia Nogueira, no Sesi, para fazer dança. Era muito jovem, magrinho, e tinha um sorriso enorme. Ficamos juntos e fizemos muitas coisas. E como ele era de Capricórnio, muito centrado, me dava suporte", recordou Proença, destacando a força, a garra e os pés no chão do amigo.
Rodrigo Chiba, também parceiro de palco e colega que chegou a dividir o mesmo endereço com Clayton, lembrou das experiências, dos trabalhos, e lamentou. "Fomos muito amigos e, mesmo morando em Curitiba, nos falávamos. O que mais me assusta é que ele era muito jovem e era alguém que fazia a diferença."
Fruto de uma geração posterior, o ator Hércules Soares, do Coletivo Cê de teatro, de Votorantim, apontou Clayton como um dos primeiros professores e figura decisiva na formação artística e intelectual dele e de outros artistas de Votorantim. Hércules cita que, ao longo do contato que tiveram, uma discussão sobre as mulheres iniciada por Clayton em 2003 foi a mola propulsora para o projeto de pesquisa que o coletivo realiza hoje, com o espetáculo Cunhãntã. "Éramos adolescentes e foi uma contribuição muito grande para nossa formação. Ele merece ser lembrado sempre."
Gestão cultural
Parceira de projetos, a professora Edna Araújo trabalhou na secretaria ao lado de Clayton. Bastante emocionada, lembrou que estava na Secretaria do Meio Ambiente quando Clayton a "puxou" para a pasta dele, por conta da militância dela de anos na área. "Ele via a cultura como desenvolvimento e pertencimento. Ele sempre pensou na cultura abrangente, respeitando cada nicho cultural", pontuou, lembrando que, mesmo depois que acabou sua gestão e voltou para Curitiba, ele continuava a realizar projetos na região, como o último que desenvolvia com a Prefeitura Municipal de Mairinque.
Responsável por confiar a Clayton uma das mais importantes pastas do município, o ex-prefeito de Votorantim, Carlos Augusto Pivetta, reforçou que o artista e educador foi parte de uma geração que mudou a cultura de Votorantim e, não por acaso, mesmo tão jovem, foi sua escolha para ficar à frente da secretaria. "Ele junto com outros, como Marcelo Proença, redescobriram a cultura em Votorantim. A partir da dança eles expandiram o horizonte da cultura."
Quando Pivetta assumiu, coincidentemente, Clayton estava voltando para Votorantim depois de uma temporada em Curitiba, onde concluiu sua faculdade. "Além de bagagem que ele já tinha, de conhecer Votorantim, ele vinha com mais esse conhecimento acadêmico, pois era um grande pensador", justificou sua escolha.
De acordo com Pivetta, outro fator importante para que tivesse convidado Clayton como seu secretário foi a linha de pensamento dele, que juntava cultura e juventude em um trabalho focado na base. "Acreditávamos na formação dos jovens, e o foco não foi em apresentações, mas formação para a juventude. Para o que eu queria no governo, ele era o melhor, e pertencia a essa geração que fez parte da mudança da cultura na cidade. Estou muito triste com sua morte."
Clayton foi enterrado às 17h de ontem, no cemitério São João Batista, em Votorantim.


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