sábado, 23 de julho de 2016

Paula Cavalciuk sobe ao palco hoje com 'Morte & vida'

Jornal Cruzeiro do Sul
Felipe Shikama

Show de lançamento do novo disco ocorre hoje no Teatro Municipal de Votorantim. A entrada é gratuita - CAMILA FONTENELE / DIVULGAÇÃO

Paula Cavalciuk tinha apenas 12 anos quando compôs sua primeira música e se pôs frente à plateia para apresentá-la. No centro do palco e ladeada por colegas dançarinos, ela cantava o Rap da dengue -- resultado de um projeto pedagógico da escola de Tapiraí -- com desenvoltura, até que lá pela terceira estrofe veio o "branco total". Constrangida por ter esquecido a letra, largou o microfone e saiu do palco correndo, com a autoconfiança devastada. A volta ao palco e à composição só ocorreria aos 25 anos, já morando em Sorocaba.

Hoje, dia em que comemora 31 anos de idade, Paula Cavalciuk espantará qualquer sombra de trauma com o show de seu primeiro álbum completo, intitulado Morte & vida. A apresentação ocorre às 20h no Teatro Municipal Francisco Beranger, em Votorantim, e tem entrada gratuita.

O álbum tem onze faixas autorais, inspiradas pelas idiossincrasias do cotidiano, como uma pessoa que vai embora, a escassez do tempo, a superficialidade das relações virtuais e os amores platônicos. Produzido com apoio do Programa de Ação Cultural (ProAC), o disco vem na sequência do elogiado EP Mapeia (2015) com produção musical de Gustavo Ruiz e Bruno Buarque, responsáveis por lapidar canções de artistas como Karina Buhr, Tulipa Ruiz e Anelis Assumpção. "Os trunfos moram nos detalhes. Na verdade, eles não fizeram muitas coisas, mas foram justamente esses detalhes, do arranjo, timbre e ambiência, que eles ajustaram e influenciaram positivamente no disco", comenta Paula.

Morte & vida foi gravado em março no estúdio Minduca, em São Paulo, em meio a um processo de "imersão" de Paula e seus parceiros de banda, Ítalo Ribeiro (voz, bateria e mpc), Vinícius Lima (voz, violão e guitarra) e Gustavo Machado (baixo). Por duas semanas, durante os dias, o grupo ensaiava e registrava as faixas do disco, enquanto à noite, deitados em colchonetes espalhados no chão do próprio estúdio, discutiam e sonhavam sobre linhas que seriam gravadas no dia seguinte. "A gente respirou todo o processo juntos e isso foi muito importante no resultado final", considera a cantora.

Se o álbum nasceu nos estúdios do Butantã, boa parte da sua gestação ocorreu na estrada, em meio a turnê de divulgação do EP Mapeia -- recomendado nas redes sociais por ninguém menos que Gilberto Gil --, que passou por palcos de São Paulo, Minas Gerais, Goiás e Santa Catarina. "Entraram no disco as músicas que a gente já estava tocando e que estavam com os arranjos bem desenvolvidos", explica Paula, citando que a escolha do repertório foi compartilhada com o namorado e parceiro musical Ítalo Ribeiro que, segundo ela, foi quem a encorajou a se assumir como compositora.

Aliás, Morte & vida traz a balada Ruína, que foi uma das primeiras composições de Paula depois do traumático Rap da dengue. O álbum também traz canções mais recentes, como Colecionador de opiniões, vencedora do Prêmio Sorocaba de Música de 2015 e o single Morte e vida uterina, lançado no mês passado com um videoclipe inspirado na campanha Por Todas Elas, em repúdio à cultura do estupro e à violência de gênero.

Ansiosa para mostrar ao vivo as músicas do disco, que estará à venda hoje a R$ 20 e pode ser baixado gratuitamente no site www.paulacavalciuk. com.br, Paula Cavalciuk faz questão de assinalar que o álbum solo, na verdade, é fruto de um trabalho coletivo, que envolveu não apenas os integrantes da banda, mas também os artistas sorocabanos Camila Fontenele e Daniel Bruson, responsáveis pelas fotos e arte do álbum, respectivamente.

Conhecida internacionalmente pelo projeto Todos podem ser Frida, a fotógrafa Camila Fontenele dirigiu o ensaio fotográfico na zona rural de Piedade, onde Paula viveu a infância ao lado dos avôs e os pais, já falecidos, antes de se mudar para Tapiraí. "Foi uma forma de me reconectar com o passado para nortear o presente", assinala ela, lembrando de avó de origem russa e das dificuldades que tinha para conseguir sintonizar uma estação de rádio. O clima denso do ensaio fotográfico, marcado por altas doses de carga emotiva, foi suavizado por padrões coloridos aplicados por Bruson. "A Camila pegou como referência o lado sério do disco, como a música Morte e vida uterina, mas também músicas com mais leveza, irônicas e bem humoradas e o Daniel acertou em cheio", detalha a artista.

Segundo Paula, Morte & vida é definido como um vasto leque de gêneros, que passa pelo tango de O poderoso café, o samba Sumiço e o rock Jezebel e traz referências de sonoridades como carimbó, na música Pará, e o reggae em Don"t wanna let you down. O resultado final do disco foi tão satisfatório que Paula pretende imprimir a mesma sonoridade no show de hoje, em Votorantim. Para isso, além de Ítalo Ribeiro, Vinícius Lima e Gustavo Machado, a apresentação terá participações especiais do guitarrista Gustavo Marques e da rapper Fernanda Teka, que participa do disco na faixa Colecionador de opiniões.

Serviço

A cantora Paula Cavalciuk faz show de lançamento do disco Morte & vida hoje, às 20h, no Teatro Municipal Francisco Beranger, em Votorantim. A entrada é gratuita. O teatro fica na rua avenida Vereador Newton Vieira Soares, 291

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