Jornal Cruzeiro do Sul
Para não perder o investimento com os prédios, melhorar o atendimento na área da Saúde, a Prefeitura de Votorantim quer instalar no local Unidades Básicas de Saúde (UBSs) com uma estrutura de atendimento menos complexa. Além de custar menos, as UBSs não terão atendimento 24 horas, o que se ajusta melhor às condições financeiras do município. Mas para que isso ocorra, Votorantim terá que devolver ao Ministério da Saúde o valor investido nas unidades, em torno de R$ 3,4 milhões. Fazendo as contas e levando em consideração inclusive o repasse mensal que as UPAs receberiam do Ministério da Saúde, caso entrassem em funcionamento, a prefeitura chegou à conclusão que é melhor reembolsar o governo do que assumir os custos operacionais das UPAs. Transformando os prédios em UBSs, os custos de funcionamento serão cobertos integralmente pelo município. Se os recursos assim o permitissem e as duas unidades entrassem em funcionamento como UPAs, contribuiriam para desafogar a unidade do Centro, que concentra os casos de urgência e emergência do município, e diminuiriam a procura pelos setores de urgência dos hospitais.
Votorantim não é uma exceção ao encontrar dificuldades para expandir ou manter serviços de saúde. Na verdade, esse tipo de dificuldade tornou-se praticamente uma regra. Os altos custos dos serviços de saúde afetam a grande maioria dos municípios brasileiros. O prefeito de Sorocaba José Crespo (DEM) tem sentido na pele a questão dos custos dessa área. Recentemente, atacou o que ele chama de privilégios e regalias de alguns setores do funcionalismo, entre elas os servidores da Saúde, citando a situação de parte dos médicos que, segundo ele, cumprem jornadas de trabalho de apenas três horas. O aperto orçamentário fez também Crespo mudar de ideia com relação à questão da terceirização ou privatização nas unidades de saúde. Quando era vereador, Crespo foi ostensivamente contra a terceirização das Unidades Pré-Hospitalares (UPHs), uma proposta do então prefeito Antonio Carlos Pannunzio (PSDB). Após assumir o governo, Crespo propõe a transferência das UPHs da zona norte e oeste, a instituições conveniadas, como já ocorre com a UPH da zona leste, que ele tanto atacou. A possibilidade de terceirização do serviço já arrancou protestos de entidades de classe, como o Sindicato dos Médicos, que é contra qualquer tipo de privatização nesse setor.
Além do custo alto da área da Saúde, as prefeituras enfrentam outro problema não menos sério, que é a falta de médicos de algumas especialidades para contratação. Recentemente, o número de médicos aprovados em concurso público, realizado pela Prefeitura de Sorocaba para suprir a carência de profissionais na rede municipal de saúde, ficou abaixo do número de vagas oferecidas. Em algumas especialidades, o número de médicos habilitados não atingiu 1% do total de vagas, como foi o caso de médico plantonista pediatra que tinha 33 vagas, mas só dois de dez inscritos foram aprovados. Há carência de profissionais também na área de ginecologia, o que tem levado as prefeituras à improvisação e muitas vezes à contratação emergencial de profissionais sem concurso para não prejudicar ainda mais o serviço oferecido à população. Como se vê, os problemas na área da Saúde não são poucos, mas tendem a se agravar quando a situação é de pouco dinheiro em caixa.
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