sábado, 11 de março de 2017

O12 é obrigado a deixar o Parque do Matão

Jornal Cruzeiro do Sul
Daniela Jacinto

O Coletivo O12, grupo de artistas de Votorantim que há oito anos tinha como sede o Parque do Matão, local que estava abandonado pelo poder público e que o grupo conseguiu revitalizar, passando a oferecer diversos cursos e atividades gratuitos para a população, teve de deixar o espaço por determinação do secretário do Meio Ambiente, Antônio Wilson Prestes Miramontes. Conforme Thiago Alixandre, coordenador e professor do projeto Parque da Autonomia, que funcionava ali, depois de anos instalados no local, o secretário deu 15 dias para o grupo se retirar [Miramontes diz que foram 45 dias]. Após a correria para encontrar rapidamente um novo espaço, o coletivo inaugura neste sábado (11) a nova sede, com a realização de um ato público, às 16h. O endereço é a rua João Gugoni, 26 -- Jardim Icatu.

Thiago Alixandre afirma que enquanto o coletivo ocupou o espaço, conseguiu recursos do governo estadual e realizou melhorias no Parque do Matão, de ordem cultural e, mais recentemente, investiu no prédio. "Promovemos o revigoramento e a reapropriação do espaço, que estava abandonado por falta de recurso público", lembra.

Desde então, o coletivo conquistou verba por meio de premiações e editais, o que deu fôlego para a continuidade das ações. "Mais recentemente, em 2015, a gente conseguiu patrocínio da Votorantim Cimentos [por meio do edital do ProAC] e estabelecemos no local o projeto Parque da Autonomia, que ganhou força e notoriedde com esse financiamento", diz Thiago.

A verba financiou cursos de inglês, francês, violão, canto coral e dança, entre outros, além de espetáculos mensais que eram apresentados no espaço. No ano passado, o Parque da Autonomia estava atendendo 250 alunos e para este ano o número de inscrições chegou a 358.

Thiago afirma que o coletivo contava com o apoio da Prefeitura de Votorantim, por meio da Secretaria do Meio Ambiente, que cedia o espaço, mas o coletivo nunca recebeu verba local. "Nunca pleiteamos isso porque temos articulação para buscar recursos fora", diz ele, acrescentando que além da verba da Votorantim Cimentos, o grupo recebe recursos do Ministério da Cultura por ser um Ponto de Cultura.

Para ele, essa situação que o coletivo está passando não é algo só de Votorantim, mas é um sintoma do novo Brasil, no qual o poder público deixa de apoiar as iniciativas culturais. "Podemos ver as oficinas culturais fechadas; o que aconteceu com o Ministério da Cultura, que tinha sido extinto e voltou mas só de fachada; as demissões no Conservatório de Tatuí; tem relatos de festivais de arte que acabaram", cita.

Thiago afirma que o secretário do Meio Ambiente deixou claro para o coletivo que seu entendimento é de que o parque é do Meio Ambiente e que a Cultura deveria encontrar espaço em outro lugar. "É um novo entendimento, mais departamentalizado. Somos fãs do Parque do Matão, morei ali na rua do parque a vida inteira, espero que ele tenha um grande projeto para aquele espaço, com mais abrangência que o nosso, afinal esse gestor disse não para quase 400 pessoas", desabafa.

A secretaria da Cultura ofereceu alguns espaços para o coletivo, comenta Thiago. "Mas os locais estão deteriorados, sem manutenção, e não daria tempo para reformar pois tínhamos apenas 15 dias para sair. Seguimos mais independentes, não porque a gente quis, mas pelas circurstâncias, mas isso vai acarretar custo para os alunos, uma taxa de R$ 20 mensal, para ajudar a pagar aluguel, luz, IPTU, água, essas coisas."

O secretário de Meio Ambiente de Votorantim, Antônio Wilson Prestes Miramontes informa que foi dado um prazo de 45 dias para o coletivo sair do Parque do Matão, após entender que o coletivo ocupava o melhor espaço, um salão grande, que era utilizado para atividades referentes à música e dança. Miramontes informa que a partir do mês de abril, o espaço será para atender as atividades de Educação Ambiental com os alunos da rede municipal de ensino.

13 de março

O Parque da Autonomia voltará às atividades a partir do dia 13 de março, segunda-feira. Durante o encontro de hoje, o coletivo irá apresentar a nova sede para os alunos e familiares -- situada num galpão de 300 metros quadrados -- e anunciar uma nova parceria, com o colégio Bela Alvorada, que disponibilizou salas de aula para o coletivo.

O Coletivo O12 é um grupo de dança contemporânea que desenvolve obras coreográficas autorais e, com elas, foram reconhecidos por importantes prêmios da Secretaria do Estado da Cultura e do Ministério da Cultura.




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