quarta-feira, 26 de abril de 2017

Crespo apela a promotor para 'manter governabilidade com comissionados'

Jornal Cruzeiro do Sul


"Promotor Orlando Bastos Filho, por favor, não atrapalhe a governabilidade da cidade". Assim, em tom de apelo, o prefeito José Crespo (DEM) reiterou ontem ao representante do Ministério Público pedido para que este o receba em audiência na qual espera discutir o projeto de criação de cargos comissionados dentro da administração pública. "Eu estou aberto ao diálogo. Sempre estive. Já calcei as sandálias da humildade; espero que ele (Orlando Bastos), faça o mesmo", acrescentou.

Crespo admitiu até fazer concessões na busca pelo entendimento. "Essa sempre foi minha postura. Tenho bom relacionamento com todos os promotores; não sei por que especificamente com ele as coisas são diferentes. Não é ilegal manter cargos comissionados. Pelo bem da população, espero que possamos conversar. Já fiz três tentativas, e nenhuma deu certo".

O anúncio foi feito durante coletiva concedida no Paço na qual Crespo insistiu que sem os servidores que ocupam funções em confiança "é impossível administrar o município". O encontro, conforme aviso da Secretaria de Comunicação e Eventos (Secom), foi convocado para que o prefeito falasse da proposta.

Na segunda-feira, o Tribunal de Justiça suspendeu os efeitos da liminar concedida pela juíza da Vara da Fazenda Pública local, Karina Jemengovac Perez, que determinava o afastamento de 84 funcionários comissionados da Prefeitura. Com isso, até o julgamento final do caso, eles continuarão desempenhando suas atividades.

Crespo elogiou a atuação do secretário de Negócios Jurídicos, Eric Vieira, que "convenceu" o desembargador Eduardo Gouvêa, a quem o recurso de agravo de instrumento foi distribuído, da importância de reverter a situação. "Se a liminar prevalecesse, não teríamos como administrar", acrescentou.

Menor número

O prefeito voltou a dizer que Sorocaba concentra o menor número de cargos comissionados entre as cidades de médio porte. Citou os exemplos de Votorantim, onde estão lotados, segundo disse, cerca de 300 servidores nessa condição; de Porto Feliz, com 600, e de Ribeirão Preto, com 1.200.

Defendeu os nomeados lembrando que todos têm trabalhado e cumprido jornadas que passam, às vezes, das 12 horas diárias. Falou, ainda, da situação de servidores que cumprem períodos de trabalho muito reduzidos, casos dos advogados, engenheiros e médicos. "Sorocaba é uma das poucas, se não a única, cidade em que essas categorias cumprem cargas que variam de quatro a seis horas diárias. Estamos estudando medidas para alterar esse quadro".

Em resposta a questionamento, Crespo negou que esteja declarando guerra ao Ministério Público. "Não, não tenho essa preocupação. Busco o melhor para a cidade. Só não posso aceitar que em nome de uma indisposição pessoal, um projeto seja atacado. E não é apenas em relação aos cargos. Todas as investidas judiciais contra nós foram declaradas improcedentes. Queremos trabalhar", concluiu.

A reportagem manteve contatos por duas vezes (entre 18h30 e 18h40) com o promotor Orlando Bastos, mas as ligações não foram atendidas e nem houve retorno.

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