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5/6/2018 - Geração do futuro mira a preservação ambiental
O biólogo Vitor Hugo de Campos Fonseca tem espalhado não apenas o conceito mas a prática da sustentabilidade pelas escolas. Responsável técnico na ONG Pé de Planta, no ano passado Vitor Hugo, junto de outros membros da ONG, levou a seis escolas da rede estadual de Votorantim um projeto que terá repercussões nos próximos anos para toda a comunidade do entorno dessas escolas.
Vitor Hugo: 'Reaproveitar o lixo orgânico da própria escola' - DIVULGAÇÃO Vitor Hugo: 'Reaproveitar o lixo orgânico da própria escola' - DIVULGAÇÃO
O projeto, de protagonismo juvenil, incentivou alunos do 6º ao 9º ano do ensino fundamental, com idades de 11 a 14 anos, a plantarem árvores nas próprias unidades escolares. Em alguns anos, todos receberão o retorno desse trabalho, pois as árvores contribuirão para a melhoria da biodiversidade local, da qualidade do ar, e também com o lazer dos estudantes, que poderão passar as horas do intervalo debaixo de suas sombras.
Intitulado Coletivo Jovem de Protagonismo Ambiental (Cojopa), o projeto teve início em agosto e seguiu até dezembro. Foi desenvolvido pela ONG Pé de Planta, em parceira com a Votorantim Energia, por meio do Instituto Votorantim, e Secretaria Estadual de Educação do Estado de São Paulo (Seed).
Naquela oportunidade, as escolas também receberam um minhocário. Uma das instituições de ensino participantes foi a Clotilde Beline Capitani, situada no Jardim Archila. Mas o que foi feito das minhocas? Vitor Hugo, que por coincidência é professor de biologia nessa escola, aproveitou bem o material.
Escola agroecológica e "matos de comer"
O professor de biologia Vitor Hugo conta que neste ano iniciou o projeto Minha Escola Agroecológica, com alunos do 9º ano do ensino fundamental até o 3º ano do ensino médio, ou seja, adolescentes de 14 a 17 anos. A proposta tem como base três pilares: produzir alimento dentro da escola, aprender a fazer a gestão dos resíduos e realizar a captação da água da chuva. "Na minha visão, os estudantes passam muito tempo na escola e não aprendem coisas básicas do dia a dia, e produzir alimento é uma delas. Outra coisa que não aprendemos é fazer a gestão dos nossos resíduos", afirma.
Conforme Vitor Hugo, os alunos se envolveram muito com a atividade, desde capinar o solo e preparar para receber as sementes, até a monitoria da horta, que o professor chama de "Matos de Comer".
O processo envolveu inclusive as cozinheiras da escola. "Falamos com elas e passamos a reaproveitar o lixo orgânico da própria escola para a nossa compostagem. O minhocário que a escola ganhou está tendo muita serventia nesse projeto", conta Vitor Hugo. São cerca de 300 minhocas produzindo adubo.
Segundo Vitor Hugo, a escola já tem uma quadra com tudo instalado, só faltam as cisternas (reservatórios que servem para captar, armazenar e conservar a água da chuva ou água de reúso) e o sistema para essa água chegar até a horta. Para isso, diz Vitor Hugo, é preciso conseguir recursos. "Falta muito pouco. Temos o telhado inteiro da quadra já com o encanamento, mas que direciona para o chão."
Enquanto o sistema de irrigação não é viabilizado, os alunos se revezam para molhar a horta. O plantio tem uma estratégia para evitar pragas. "A gente mistura as culturas, então não tem um canteiro só com alface por exemplo. A gente incrementa a diversidade para confundir as pragas. É uma técnica da agroecologia."
Na horta dos alunos há folhas como alface e couve, em consórcio com beterraba, que é raiz. "Temos tomate-cereja, pepino, couve-manteiga, alface americana, alface crespa, verde e roxa, alface mimosa e milho", conta, orgulhoso, o professor.
Cuidar de uma horta não envolve apenas a questão do meio ambiente, mas também outras disciplinas. Vitor Hugo comenta que a professora de química, Janaína Salvá, ensinou os alunos a fazerem a análise do PH dos canteiros usando suco de repolho roxo. "Também envolve matemática, já que os alunos monitoram o crescimento das plantas. Eles também verificam se teve mortalidade, e em caso de competição entre as plantas, precisam discutir espaçamento... Enfim, esse tipo de didática é interdisciplinar."
A produção da horta é comercializada e gera renda para a escola. "Beneficiamos a comunidade com alimentos saudáveis, vendemos por um valor simbólico. A ideia é mostrar aos alunos que esse tipo de produção contribui não apenas para a alimentação saudável, como é possível gerar renda com isso."
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