terça-feira, 13 de abril de 2010

CULTURA EM VOTORANTIM - Secretário discute criação de lei de incentivo

José Antônio Rosa


Notícia publicada na edição de 13/04/2010 do Jornal Cruzeiro do Sul, na página 1 do caderno B

Clayton Leme está há 100 dias à frente do cargo
Foto: Adival B. Pinto

Votorantim está perto de adotar uma legislação de apoio financeiro a projetos culturais, informou ontem o secretário da Cultura do Município, Clayton Leme. Ele, que completou cem dias à frente do cargo, começa agora a colocar em prática as ações que relacionou no período dedicado ao planejamento das políticas da Pasta.
A versão votorantinense da Linc deverá entrar em vigor a partir do ano que vem. Até lá, a Secretaria espera construir, com a comunidade, artistas e produtores, uma proposta de consenso. A fase de consulta pública começa ainda neste primeiro semestre.
Depois dela, será elaborado um projeto de lei que segue para deliberação na Câmara de Vereadores. Os primeiros estudos apontaram duas fontes de receita às quais o Município poderá recorrer para bancar iniciativas dos empreendedores locais: a primeira tomaria por base a arrecadação do Imposto Sobre Serviços de Qualquer Natureza (ISSQN), a exemplo do que ocorre em Sorocaba; a segunda prevê o repasse de valores arrecadados com multas aplicadas pela administração.
Vamos discutir quais das possibilidade é a mais indicada, explicou ao Mais Cruzeiro. O secretário não tem, ainda, uma expectativa do volume de recursos que a medida deverá movimentar.
Acrescentou que a entrada em vigor das disposições somada à posse dos integrantes do Conselho Municipal de Cultura, ocorrida na última sexta-feira, são atribuições que a gestão deve assumir para se enquadrar no novo Sistema que o governo federal deverá colocar em prática.
De acordo com o modelo, a dotação das Secretarias Municipais de Cultura corresponderá a 1% do valor total do Orçamento. O aumento de receita, porém, não é a única novidade. Clayton vai trabalhar um conceito diferenciado em sua gestão.
Para começar, criou subdivisões e núcleos que atenderão demandas específicas. As áreas de dança, teatro, coral, música e audiovisual serão, agora, administradas pelos setores criados. Clayton vai usar do acúmulo que adquiriu do período que passou em Curitiba, no Paraná para desenvolver sua plataforma.
Uma prática comum nesse trabalho, ele adiantou, será a abertura de editais de programas de apoio a projetos realizados pelo Ministério da Cultura. Os primeiros serão divulgados nas próximas semanas e financiarão empreendimentos nas mais diversas áreas. A secretaria vai focar, no processo de seleção, o mérito das propostas. Esse será, também, o critério da futura Linc na escolha dos trabalhos inscritos.

Concepção de trabalho

Na entrevista que concedeu ao jornal, Clayton Leme falou, ainda, do conceito que pretende encampar na Secretaria de Cultura de Votorantim. A filosofia toma por base uma política focada mais na formação do que propriamente no entretenimento.
A secretaria não será um balcão que distribui dinheiro para eventos de grande porte, comentou. Os primeiros resultados dessa nova postura já poderão ser notados na próxima Festa Junina da cidade.
Clayton Leme não descarta a possibilidade de convidar artistas de renome para se apresentar na cidade, desde que, culturalmente, isso agregue algum valor. De nada adianta trazermos um cartaz, uma dupla sertaneja famosa, se isto não acrescenta nada. O que fica para a população desse espetáculo? O show acontece, termina e pronto. Até em função da própria data, vamos valorizar o que é nosso. Festa junina é sinônimo de cultura caipira; logo, é isso que teremos, adianta.
Clayton quer, ainda, devolver aos artistas da cidade o seu espaço. Citou o exemplo da temporada que o Circo Guaraciaba cumpriu recentemente no Centro Cultural Matias Gianola: Parece incrível, mas pouca gente sabe que a família Malhone é de Votorantim. Há 25 anos eles não se apresentavam na cidade, e nós resgatamos a linguagem do circo.
O secretário negou a ingerência do atual diretor da Agência Nacional do Cinema (Ancine), Glauber Piva, em seu trabalho: Eu já ouvi muitas versões sobre isso, dizem que eu seria testa-de-ferro dele, mas não nenhuma procede. Somos militantes da mesma causa, temos as mesmas convicções político-partidárias e afinidades culturais. Mas, a Secretaria tem comando próprio.

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