sábado, 5 de junho de 2010

TRANSPORTE COLETIVO - Acordo põe fim à greve

Regina Helena Santos

Notícia publicada na edição de 05/06/2010 do Jornal Cruzeiro do Sul, na página 7 do caderno A
 
Trabalhadores aceitaram reajuste de 6,5% em seus salários. Reajuste de tarifa ainda está indefinido
 
 

Assembleia aprovou ontem a contraproposta
oferecida pelas empresas de transporte coletivo
Foto: EMíDIO MARQUES

Os trabalhadores que atuam no sistema de transporte coletivo urbano de Sorocaba e Votorantim aprovaram ontem, em duas assembleias, a contraproposta de aumento salarial de 6,5%, oferecida pelas empresas de ônibus numa reunião que atravessou a madrugada. Com a decisão, o processo de negociação salarial por conta da data-base da categoria foi encerrado e a greve que havia sido anunciada para a próxima segunda-feira foi suspensa. Em relação a um possível aumento no valor da tarifa, que pode ser gerado em razão da elevação de custos dos empregadores, a Urbes - Trânsito e Transportes afirmou, em nota, que iniciará um estudo para rever todos os aumentos, inclusive de insumos, ocorridos desde o último reajuste da passagem, há um ano. Não há definição de quanto será o aumento, nem quando isso irá acontecer.



A proposta de oferecer um reajuste salarial acima da inflação - com ganho real de cerca de 1,5% - foi concretizada por volta das 3 horas da madrugada de ontem, quando sindicalistas, já nas garagens das empresas, estavam prestes a impedir a saída dos carros. A ação foi suspensa até que os trabalhadores votassem, em assembleias que aconteceram às 10h e 18h, pelo acordo que foi defendido pela diretoria do sindicato como razoável e ideal para aquele momento. A negociação seguiu até o limite do estresse. Íamos parar porque palavra se cumpre. Porém, avaliamos que a proposta está dentro do cenário das nossas solicitações, falou Paulo Estausia, presidente do Sindicato dos Rodoviários de Sorocaba e Região, aos motoristas que lotaram a sede da entidade. Ele fez questão de destacar que acordos recentes, fechados pela categoria em municípios como Guarulhos e a capital paulista, concederam o mesmo índice aos trabalhadores do transporte daquelas cidades. Sobre o fato da categoria retroceder da decisão para paralisação, Estausia foi enfático. Não existe medo da greve, existe responsabilidade. Não podemos correr o risco de ir para o julgamento no tribunal, pois em muitas cidades a categoria chegou a perder benefícios já conquistados de alimentação e até de redução de jornada, comentou.



A oferta aprovada pelos trabalhadores foi decidida em reunião que teve a participação direta de representantes do sindicato, das empresas e mediação da Prefeitura, com a presença do Secretário de Governo, Carlos Laino, do secretário licenciado Rodrigo Moreno e de Renato Gianolla, presidente da Urbes. De acordo com Laino, essa atuação foi necessária, já que a administração municipal intermedia o funcionamento do sistema. Porém, nem sindicato nem Prefeitura assumiram se o aumento dos salários deverá gerar um futuro reajuste da passagem. Essa discussão é a próxima etapa. Minha presença e de Rodrigo Moreno na reunião foi mais para dar um encaminhamento político ao acordo, diante do transtorno que uma possível greve traria à cidade, comentou Laino. Paulo Estausia, presidente do sindicato, garantiu que em nenhum momento a questão da tarifa foi debatida na mesa de negociação. Existem outros fatores que influenciam nesse aumento.



Além da ameaça iminente da greve - já que os motoristas pretendiam iniciar a sexta-feira com apenas 40% da frota nas ruas nos horários normais e 60% nos período de pico, o que havia sido determinado pela Justiça do Trabalho - a possibilidade de paralisação também das linhas de ônibus fretados, que fazem, principalmente, o transporte de trabalhadores para a indústria, ajudou a acelerar a busca por um acordo. Se ocorresse, seria a maior greve da categoria no município. Muitos trabalhadores fazem, na mesma empresa, o transporte urbano num período e o fretamento em outro, explicou o presidente do sindicato.





Melhor do Brasil





O reajuste salarial - que promoverá o aumento do salário dos motoristas dos atuais R$ 1.827,50 para R$ 1.946,30 mensais - foi apenas parte dos benefícios conseguidos pela categoria, que reúne cerca de 2 mil trabalhadores na cidade. O acordo aprovado também prevê a contratação de mais 40 agentes de bordo (30 em novembro deste ano e outros 10 em março de 2011), aumento de 8,42% no valor do tíquete-refeição (de R$ 12 para R$ 13) e de 20% na Participação nos Lucros e Resultados (PLR), de R$ 500 ao ano para R$ 600. Os condutores conseguiram ainda o compromisso das empresas de que estas pagarão os salários e demais benefícios aos trabalhadores que, afastados por doença ou acidente de trabalho, forem considerados aptos a trabalhar pelo médico perito da Previdência Social e não aptos pelo médico da empresa. O único ponto que não avançou foi o pedido de redução da jornada de trabalho para 6 horas diárias. O vereador Francisco França, membro do sindicato, que atuou no encaminhamento da votação pelos trabalhadores, admitiu: Continuamos a ter um dos melhores acordos do Brasil.



Também ficou definido que será formada, em 45 dias, uma comissão tripartite, com representantes do Sindicato, dos empresários e do Poder Público, para discutir o que o sindicato chama de reais atribuições dos agentes de bordo. Até 2012, por exemplo, toda a frota estará equipada com elevadores para transporte de cadeirantes. Operar esse sistema não pode ser uma função do motorista, que deve ficar atento exclusivamente ao trânsito, disse Estausia.

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