sexta-feira, 13 de agosto de 2010

ANTES QUE SEU FILHO CHEGUE ÀS DROGAS – Parte 1*

*Este texto é o primeiro de uma série de 10
 com tema relacionado à prevenção às drogas

Manoel Peres Sobrinho**

Antes que seu filho chegue às drogas, ajude-o a superar a pressão do grupo de amigos, sem, contudo, fazê-lo perder o gosto pelas amizades.

     Disse o monge trapista Thomas Merton que homem algum é ilha. E é preciso que seja entendido por todos nós que necessitamos nos associar com aqueles que melhor nos identificamos, com quem nos sentimos bem e gostamos das mesmas coisas. Faz parte da vida contribuindo para que desenvolvamos nossas potencialidades e cresçamos no aprendizado da vida e para a vida. Ninguém mais precisa disso que nossos filhos. Mas que fazer quando esse mesmo grupo torna-se uma ameaça para ele e uma situação de risco? Queiramos ou não, o grupo exerce uma profunda influência no que somos, no que queremos e até no que pretendemos realizar. Somos todos produto do meio em que vivemos. Os jovens que se dizem livres de influências, e por isso mesmo em condições absolutas para optar por aquilo que desejam, são na verdade, os mais influenciados pelo meio. Observe que sua maneira de ser revela sempre um tipo padrão de comportamento: usam calças blue-jeans, calçam tênis de marca ou não, vestem camisetas, boné de maneira característica, comem os mesmos lanches, além de consumirem as mesmas novidades da praça. Afinal, dizem eles, queremos ser diferentes como todo mundo! Como podemos perceber é uma liberdade vigiada e conduzida. Uma conduta massificada. Por isso, nunca perca seu filho de vista. Nunca dê de ombros e diga: Está tudo bem; com meu filho é diferente; isso nunca vai acontecer com ele. Você está enganado. Nunca nada estará bem até que tenhamos certeza disso! Procure saber com quem ele anda. Quem são seus amigos. Sem se intrometer em demasia procure saber que lugares ele freqüenta. Lembre-se sempre: para muitos jovens a droga é um caminho sem volta. E seu filho pode ser uma dessas vítimas. Não existe garantia, cem por cento, que nosso filho não cairá nessa armadilha. Todos os jovens correm potencialmente esse perigo. Procure desenvolver uma profunda amizade com ele. Converse sobre as suas amizades. Não tenha medo de sentir-se um intruso. É melhor fazê-lo agora, do que ter que chorar depois. Procure saber o que seus amigos pensam sobre a família, o amor, o trabalho, a escola, vencer na vida e outros temas de relevância para uma vida equilibrada responsável e feliz. Quando seu filho assumir uma atitude evasiva, desviando-se do assunto ou dos encontros de família, procure não emitir nenhum conceito ou postura autoritária, mas descubra um meio de fazê-lo falar de forma natural, responsável e interessada. Os caminhos do coração de uma pessoa são sinuosos e cheios de surpresas. Nunca estamos devidamente preparados para trilhá-los sem que tenhamos necessidade de uma reaprendizagem. Nesse caso, os nossos melhores guias são o amor, a paciência e o respeito. O coração humano é feito de matéria extremamente frágil e não suporta nenhum tipo de violência, arrogância ou imposição. Sente-se e espere a oportunidade. Aprenda a cativar mais do que exigir. Deixe seu filho livre para escolher a hora em que quer conversar. Diga a ele que você estará sempre à disposição quando ele tiver alguma coisa pra dizer. Há coisas na vida que não conseguimos com imposições e o derramar o coração à outra pessoa é uma delas. Mesmo que seja para os pais. Sabemos que isso é uma empreitada difícil e trabalhosa que requer muita paciência, tato e muita força de vontade. Mas poderá ser a única maneira de você salvar seu filho. Vale à pena pagar o preço. A salvação de um jovem do mundo das drogas, acredito, pode começa com a reeducação dos pais. É isso mesmo! Crianças felizes, lares ajustados com liberdade e respeito têm mais chance de vencer a batalha contra esse sinistro inimigo. Se tivermos um bom conhecimento de nosso filho, logo percebemos que tipo de pessoa ele é. Se é do tipo que influencia as pessoas ou se é de fácil condução. Tudo o que precisamos ser é uma boa opção para que ele na hora da dúvida entre o certo e o errado, o desejável e o possível, o correto e o fraudulento, o posso fazer agora ou devo deixar para depois, possa nos procurar. Dúvidas surgem na cabeça de qualquer pessoa. Resta saber onde irá aconselhar-se, onde procurará a solução e o socorro. Procure ser a primeira pessoa que procurará para conversar, dialogar, trocar impressões, deixando a ela a última palavra. Nenhum grupo será bastante forte a ponto de influenciá-lo e dominá-lo perigosamente se ele puder contar com um forte amparo em sua casa, em seu lar. Aquele que se deixa levar em demasia pelo grupo é porque seu antecedente social aponta para uma vida familiar sem nenhuma influência sobre a sua conduta. Não se sente amado e respeitado o suficiente pelos de casa, a ponto de preferir a opinião do seu grupo de amizade, a do seus pais. Os pais devem conquistar um lugar de referencial seguro e amistoso no coração de seus filhos, para que assim eles possam descansar sabendo que seus filhos os procurarão quando dúvidas e situações de risco surgirem. Não podemos esperar que nossos filhos nos procurem todas às vezes que tenham um problema. Às vezes se faz necessário que antecipemos algumas soluções ou mesmo abordagens. Poderá isso parecer antipedagógico e intrometido. Mas penso que é uma profunda demonstração de amor e interesse. Uma abordagem mais incisiva na vida de seu filho, agora será um mal menor. Não impeça que ele faça amizades. Isso não funciona como você quer. Só procure saber com quem ele anda. Não deixe que seus próprios valores pessoais se interponham aos de seu filho. Só se assegure que na idade dele o que você quer é só o melhor pra ele. Não diga com quem ele deve ter amizades. Só incentive os valores que ele deve encontrar em seus amigos. Não conduza a vida dele. Só oriente-o como tomar decisões. Deixando-o livre para a última palavra. Afinal, seja pai, mãe de verdade. O resto é pura conseqüência!

(** O autor é  mestre em Educação, Arte e História da Cultura pela Universidade Presbiteriana Mackenzie)

 

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