Vereadores batem boca, mas aprovam vale-combustível

Wilson Gonçalves Júnior

Notícia publicada na edição de 28/09/2010 do Jornal Cruzeiro do Sul, na página 6 do caderno A

   O projeto foi aprovado por 8 votos a 1

Foto:Fábio Rogério

 

Resta apenas a sanção do prefeito Carlos Augusto Pivetta (PT) para que os 44 diretores da rede municipal de ensino de Votorantim passem a receber, mensalmente, R$ 500 de gratificação-combustível. O projeto de lei do Executivo foi aprovado na sessão ordinária de ontem, por 8 votos a 1, e a discussão da matéria gerou um bate-boca entre os vereadores Heber de Almeida Martins (PDT), defensor da iniciativa, e a vereadora Fabíola Alves Silva Pedrico (PSDB), única a votar contra o vale-combustível. O valor, R$ 500, rendeu inúmeros comentários no site do Jornal Cruzeiro do Sul e entre algumas pessoas que procuraram a redação para opor-se ao benefício cedido.

 

O vereador Heber de Almeida Martins (PDT) foi o primeiro a subir no plenário e colocar-se favorável à gratificação-combustível. Para ele, o diretor interage com todos os problemas da escola e acaba usando seu veículo próprio para resolvê-los, gastando assim dinheiro do bolso com combustível. Seja uma criança que se machuca ou ter que ir na Secretaria de Educação, entre outros envolvimentos da escola, ela usa o próprio veículo.

 

Sobre o valor dos R$ 500, Heber indicou que muitas pessoas acham que o valor é alto, mas precisa ser levado em conta também que o dinheiro serve ainda para a manutenção do veículo.

 

A vereadora Marilene Newman Oliveira (PT) também votou favorável à gratificação, já que, na opinião dela, a lei é uma vantagem a mais que os diretores vão receber pela dedicação ofertada à escola. O diretor de escola atende realmente todas as questões da escola, desde uma melhora na pintura da escola, como a troca de lâmpada ou de uma torneira.

O vereador Bruno Almeida Martins (PSDB) também subiu ao plenário para dar seu apoio ao projeto de lei.

Contrária ao pagamento

 

Única a votar contra, a vereadora Fabíola Alves da Silva Pedrico (PSDB) citou que seu posicionamento não é para tirar o mérito de qualquer diretor ou educador de Votorantim, tendo em vista que votaria favorável se o projeto de lei tratasse de aumento salarial. Para ela, está havendo uma inversão de valores e não é função de diretor de escola usar seu veículo para levar alunos ao médico ou comprar material escolar para os alunos. Se tem esta problemática do veículo da diretora ficar à disposição, acho que está na hora da Secretaria da Educação rever e, se fosse o caso, colocar veículos à disposição para que pudessem fazer essas coisas. Não o diretor ficar correndo atrás dessas coisas.

O vereador Heber Almeida Martins voltou ao plenário para criticar a vereadora Fabíola Alves da Silva Pedrico, dizendo que a mesma ficou em cima do muro e não informou se iria votar favoravelmente ou contrariamente à gratificação-combustível. Temos que ter posicionamento. Se o prefeito jogou isso aqui pra Câmara votar, nós temos que ser sim, não ou se abster do plenário. Eu entendo que o projeto é bom, lógico que não vou discordar da opinião dela. Ficar meio chove e não molha; temos que chegar e discutir.

A tucana engrossou a voz: Vereador fale por você. Eu vim aqui e dei a minha opinião. Se o senhor respeita ou não, aí é outra história. Mas fale por você, se você é a favor, parabéns, muito bem e tem sua opinião. Não vou deixar ninguém vir aqui e dizer uma coisa que não saiu da minha boca, o senhor tá tentando deturpar sim. Não estou desmerecendo o trabalho de nenhuma diretora.

Valores

O morador da Vila Nova Votorantim, Fábio Henrique Caetano, foi uma das pessoas que criticou o projeto, aprovado ontem. Para ele, um diretor pode rodar até 2 mil quilômetros com R$ 500 de combustível por mês. Tive que entrar na Justiça contra a prefeitura para conseguir um aparelho pra minha filha. Agora vem essa de R$ 500 para combustível, acho que tá sobrando dinheiro.

No site do Cruzeiro do Sul, outras quatro pessoas criticaram o projeto. Não havia nenhum comentário favorável ao projeto. O munícipe José Marcelo de Oliveira e Silva disse que o assunto estava estranho, tendo em vista que a principal atividade de um diretor de ensino é permanecer na escola. Outro é, em caso de adoecimento de aluno, o que não deve ocorrer com frequência , existem carros da Prefeitura e do Estado e até mesmo ambulâncias para isso.