sexta-feira, 15 de outubro de 2010

DIA DO PROFESSOR - "A sociedade nos respeita, mas não nos valoriza"

Regina Helena Santos

Notícia publicada na edição de 15/10/2010 do Jornal Cruzeiro do Sul, na página 3 do caderno E
 
 
"Não basta apenas gostar de crianças. Só isso não é suficiente.
 É preciso técnica... O aluno tem que sair daqui
melhor, com conhecimentos adquiridos"
Foto: Luiz Setti



Foto: Luiz Setti




A entrada no magistério foi por acaso. Mas nove anos depois de seu primeiro contato com a sala de aula, Graziele Cristina Poveda Navarro, de 29 anos, tem a certeza que é isso que pretende fazer por toda a vida. O ambiente da escola é muito agradável, diz, com um sorriso no rosto, depois de envolver um grupo de 30 crianças numa história sobre os habitantes do fundo do mar. A jovem professora dá aulas nas redes municipais de Sorocaba e Votorantim: de manhã, para a faixa de 2 e 3 anos de idade na creche e, à tarde, para as crianças de 10 anos da 4ª série.
 
Assim que saiu do último ano do ensino fundamental, Graziele foi convencida pela mãe a ingressar no então curso de ensino médio de magistério - uma oportunidade de terminar os estudos e já ter, com 18 anos, uma profissão. Mas foi só estudando que eu tomei gosto. Logo começou a atuar na área mas, em determinado momento, resolveu conhecer outros tipos de trabalho. Fui para uma empresa e senti muito a falta das crianças. Foi aí que a vocação falou mais alto. Desta percepção para as faculdades de Letras e Pedagogia - já finalizadas - e os cursos de pós-graduação foi um pulo. Para mim, o mais gratificante desta profissão é ver a criança aprender. Além dos resultados, a jovem também se emociona ao lembrar casos em que os alunos sentem falta da escola. Outro dia uma das auxiliares encontrou a mãe de um aluno que já saiu daqui há dois anos. Ela falou: nossa, o Léo sente muitas saudades de vocês. Ele não lembra das professoras dos últimos anos, mas lembra de vocês. É um sinal que a gente marcou de forma positiva a vida desta criança. Ela considera que situações como esta superam qualquer dificuldade na carreira. Nosso desafio hoje é a valorização profissional, principalmente em relação à sociedade, que nos respeita, mas não nos valoriza.

O vínculo afetivo é algo que marca a vida dos docente, principalmente daqueles que lidam com menores faixas etárias, mas a experiência de sala de aula faz Graziele dar um conselho. Acho que os professores não podem nunca se esquecer que sua função é ensinar. Não basta apenas gostar de crianças. Só isso não é suficiente. É preciso técnica. É importante desenvolver valores, mas o aluno tem que sair daqui melhor, com conhecimentos adquiridos, disse, com a precisão de quem já terminou duas faculdades na área. A dica para quem pretende seguir a carreira é conhecer. Venha para a escola, conheça as faixas etárias, as atribuições dos professor, faça estágio, estude. De repente você não vai agir diretamente em sala de aula, mais vai trabalhar com educação. É o que Graziele espera do futuro. Ainda darei aula por muito tempo. Mas o magistério é bom exatamente porque tem plano de carreira, possibilidade de fazer concursos.

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