segunda-feira, 7 de fevereiro de 2011

CAPELANIA PRISIONAL

Pr. Manoel Peres Sobrinho

 

Damiens fora condenado, a 2 de março de 1757, a pedir perdão publicamente diante da porta principal da Igreja de Paris aonde devia ser levado e acompanhado numa carroça, nu, de camisola, carregando uma tocha de cera acesa de duas libras; em seguida, na dita carroça, na praça de Grève, e sobre um patíbulo que aí será erguido, atenazado nos mamilos, braços, coxas e barrigas das pernas, sua mão direita segurando a faca com que cometeu o dito parricídio, queimada com fogo de enxofre, e às partes em que será atenazado se aplicarão chumbo derretido, óleo fervente, piche em fogo, cera e enxofre derretidos conjuntamente, e a seguir seu corpo será puxado e desmembrado por quatro cavalos e seus membros e corpo consumidos ao fogo, reduzidos a cinzas, e suas cinzas lançadas ao vento.

     Finalmente foi esquartejado. Essa última operação foi muito longa, porque os cavalos utilizados não estavam afeitos à tração; de modo que, em vez de quatro, foi preciso colocar seis; e como isso não bastasse, foi necessário, para desmembrar as coxas do infeliz, cortar-lhe os nervos e retalhar as juntas...

     Afirma-se que, embora ele sempre tivesse sido um grande praguejador, nenhuma blasfêmia lhe escapou dos lábios; apenas as dores excessivas faziam-no dar gritos horríveis, e muitas vezes repetia: "Meu Deus, tende piedade de mim; Jesus, socorrei-me".

     Para Damiens, era tarde demais!

     Seus rogos a Deus não encontraram eco que pudessem livrar-lhe daquele martírio. Por mais que gritasse, em meio às suas horríveis dores, nada poderia ser feito, mesmo que ele pedisse para Jesus. Seu tempo havia passado. Lamentavelmente estava perdido para sempre!

     Sua vida e horrível morte serviram, emblematicamente, no entanto, para demonstrar o quanto o homem precisa de Deus. O quanto o sociedade, como um todo, precisa ser invadida e envolvida com as Boas-Novas. E, o quanto há para ser feito pela Igreja, como Agência de Salvação.

     Quem foi Damiens? Quem eram seus pais? Quais as oportunidades que teve para se educar, trabalhar e constituir família? Quais foram as oportunidades que teve para saber de uma vida melhor com Deus e seu Reino? Como chegou a permitir que o reino das trevas pudesse fazê-lo tão violento que chegasse a tirar a vida do próprio pai?  Não o sabemos.

     Hoje os tempos são outros.

     Nada de tortura, esquartejamento, exposição em praça pública para vexame, opróbrio e vergonha. Nada de forca, de guilhotina, ou de fogueira.       Mas, de alguma forma, o tempo presente guarda, com o antigo, alguma semelhança. A de que muitos prisioneiros, criminosos ou elementos de baixa periculosidade são pessoas desconhecidas, limitadas econômica e culturalmente e, o que é pior, seriamente comprometidas com as forças do mal, determinando já o futuro de suas almas imortais. Nunca tiveram um sério encontro com Jesus, nem foram evangelizadas de forma eficiente, eficaz e prática para terem uma oportunidade para sua pessoal decisão por Cristo.

     Os presídios são lugares pouco freqüentados pelo movimento evangelístico das igrejas.

     A filosofia missionária de muitas comunidades, em seu plano anual, não contempla esse tipo de trabalho e, de alguma maneira nem se interessa em alcançar esse tipo de pecador. É custoso, perigoso e de pouca expectativa de bons resultados.

     Muitos crentes até se horrorizam quando são instados a esse ministério. Outros, quando convidados, peremptoriamente rejeitam e se esquivam, por não quererem se comprometer. Não os condenamos por isso. Nem os censuramos. É uma questão de ministérios e dons espirituais. De uma chamado específico do Senhor da Igreja.

     A prisão é, sem dúvida, um lugar sinistro onde tudo ali nos agride e incomoda, desde a nossa sensibilidade visual até mesmo nossos mais profundos sentimentos, por sabermos que ali as pessoas estão contra a sua vontade, de uma maneira opressiva e limitadora, por motivos, que quem sabe, hoje detestariam lembrar-se disso.

     Mas, por outro lado, pode ser uma grande oportunidade que Deus está nos dando em concentrar um grande número de pessoas carentes e sem Jesus para ser abençoado com o Evangelho do Senhor. Coisa que, em outras circunstâncias seria impossível. Isso se constitui num grande paradoxo: eles são presos por um tempo, para depois se verem livres para sempre, e agora de corpo e alma.

     É a maior oportunidade que a Igreja já recebeu. Um campo absolutamente à disposição e pronto para ser ceifado.

 

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