Notícia publicada na edição de 31/03/2011 do Jornal Cruzeiro do Sul, na página 004 do caderno C
José Antônio Rosa
Bailarino, que fez parte do grupo Quadra, apresenta,
no sábado em Veneza, espetáculo criado por Kenji Takagi
E lá se vão três meses desde que o bailarino Felipe Vian, do Quadra - Pessoas & Ideias, de Votorantim, seguiu para Veneza para estudar com o brasileiro Ismael Ivo, um dos nomes mais conhecidos da dança contemporânea.
Vian foi contemplado, no final de 2010, junto com outros quatro candidatos de todo Brasil, com uma bolsa para aprimorar o conhecimento sob a supervisão daquele que considera ser um de seus mestres.
De lá, da Itália, portanto, chegam (boas) novidades sobre a trajetória do artista. Entre outros progressos, Felipe, conforme contou ao Mais Cruzeiro, estreia, no próximo sábado, um espetáculo criado pelo coreógrafo Kenji Takagi.
A produção é totalmente voltada à pesquisa da expressão corporal, técnica que Takagi aprendeu com Pina Bausch, de quem foi aluno, e será levada à cena no "Teatro Piccolo Arsenale". "Estou perto de realizar o sonho de todo profissional, que é estudar Pina. Acho, mesmo, que este é o ápice da minha carreira", comentou.
Cumprindo uma maratona de oito horas diárias de estudos e trabalho, Felipe Vian já conviveu com importantes figuras, entre as quais Marion Ballester, da França, que desenvolve a técnica de Anne Teresa De Keersmaeker; Niels "Storm" Robitzky, dos Estados Unidos, que ensina Hip-Hop e Funkstyles; Plínio Ferreira dos Santos, do Brasil, que ensina Capoeira voltada à Dança, e Othella Dallas, também dos Estados Unidos, que segue os ensinamentos de Katherine Dunham.
Essa profusão de estilos e tendências e o contato com tantas referências resultam no amadurecimento do trabalho de Felipe. Ele disse ter superado todas as expectativas em relação ao que esperava encontrar. "O trabalho é difícil, puxado, os intervalos para descanso são curtos, e as cobranças maiores ainda. Mas, tudo isso se justifica e faz valer a pena. Quando se tem um treinamento de alta qualidade, facilmente vê-se o resultado nas primeiras semanas de trabalho. É incrível!".
O bailarino reconhece, mais, a oportunidade de trabalhar com Ismael Ivo no coletivo "Asernale Della Danza". "Ele é exigente e muito coerente. Sem dúvida, uma das pessoas mais influentes da dança no mundo. Não tinha ideia do quanto ele representava, do seu reconhecimento. Estar ao lado dele é algo fenomenal".
Dentro da proposta de trabalho, Ismael Ivo estabeleceu um cronograma para os bailarinos do Arsenale, e convidou diversos artistas de diferentes partes do mundo para ensinar suas técnicas. Desde janeiro, o grupo aprende com um novo convidado, com quem tem aulas pelo período de dezoito dias.
Ao fim desse treinamento, os participantes montam espetáculos que são apresentados ao público, dentro do "Open Doors" (Portas Abertas). Kengi Takagi foi um dos professores que participou da atividade e que orientou Felipe na coreografia que será mostrada no sábado.
Felipe conseguiu detectar uma diferença expressiva na produção artística europeia. Aponta, entre outros exemplos, a maior autonomia dos grupos. "Aqui, o artista não depende do dinheiro público para produzir. As companhias dispõem de recursos porque contam com o apoio de instituições importantes. Estar na Europa é muito interessante principalmente pelo acesso imediato às informações, pelas distâncias menores. Em uma hora e meia, pode-se chegar a outro país. O contato empírico com a produção artística de outros lugares é maravilhoso."
Felipe retorna ao Brasil em junho, e tão logo se restabeleça, apresenta um espetáculo solo que construiu a partir das vivências no continente europeu. Os detalhes da produção ele prefere não revelar por enquanto.
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