AGRESSÃO EM VOTORANTIM - Outros cinco estudantes são transferidos de escola

Notícia publicada na edição de 18/05/2011 do Jornal Cruzeiro do Sul, na página 011 do caderno A

Pais reclamam da expulsão de seus filhos sem direito à defesa - Por: FÁBIO ROGÉRIO

O Conselho de Pais e Mestres da Escola Estadual "Professor Daniel Verano", em Votorantim, transferiu ontem mais cinco alunos para outra unidade de ensino, após a deliberação de que não seriam mais aceitos na escola. Ao todo, 10 alunos da 7ª série do Ensino Fundamental foram transferidos por terem sido identificados como participantes da agressão a diversos estudantes de 11 anos no último dia 5. Durante a confusão, quem estava no caminho apanhou, inclusive professores.

Até o momento, o Conselho Tutelar de Votorantim não tomou nenhuma atitude com relação ao ocorrido, apesar de ter participado de uma reunião com pais e mestres na quinta-feira passada e do assunto ter sido amplamente divulgado pela imprensa. "O Conselho, até o presente momento, não recebeu nenhuma notificação oficial, nem por parte da escola e nem por parte dos pais", afirmou o presidente do Conselho, Sérgio Cruz.

Ele defende que a situação de indisciplina tem de ser tratada dentro do ambiente escolar. "O que precisa ser entendido é que tem de se tratar a causa e não o efeito. É preciso entender o que está acontecendo na escola", disse, aproveitando o momento para esclarecer sobre a atuação do Conselho. "O Conselho não é um órgão repressor, é de defesa dos direitos. Se existe algum pai que se sente prejudicado, ele deve imediatamente se dirigir a nós."

 

A maioria dos pais, das vítimas e dos acusados, reclamou da falta de apoio do Conselho Tutelar. Do lado das vítimas, a queixa é que se os pais não levarem seus filhos para a escola, o Conselho aparece na casa para cobrá-los, mas se eles levam na escola e os filhos são agredidos, o Conselho não faz nada para acabar com a violência. Já os outros pais gostariam de apoio para a transferência para uma escola mais perto ou mesmo que o problema fosse resolvido de outra forma, mas também ficaram sem ajuda do Conselho.

Transferência gera problemas

Alguns pais estão tristes com a situação, principalmente porque acreditam que seus filhos foram apontados injustamente entre os agressores. M.J.A., pai de um dos aluno transferido, afirma que não concorda com a decisão do Conselho. "Eles trataram nossos filhos como marginais, mas são apenas crianças. No caso do meu filho, ele tem 13 anos, estava apenas andando no corredor e recebeu uma ameaça, que se ele não fosse junto com aquele pessoal, iria apanhar também. Então teve de acompanhar o grupo, mas não agrediu ninguém. Não sou a favor da violência, acho que os agressores têm de ser punidos, mas o Conselho Escolar deveria ter criado um projeto para resolver esse tipo de problema dentro da escola mesmo".

 

Decepcionada com a transferência do filho, R.C.C. está preocupada com a locomoção do estudante para a nova escola, que antes ficava a apenas cinco minutos de sua casa e agora serão 14 km de distância. "Meu filho acabou de completar 14 anos e nem sabe andar de ônibus". Indignada com a situação, afirma que além de seu filho não ter participado da agressão, ele também apanhou. Diz não ter condições financeiras para pagar o transporte. "Queria que ele continuasse no Daniel Verano mesmo ou fosse transferido para uma escola mais perto. O fato é que cheguei hoje para a reunião e fiquei sabendo que ele tinha sido transferido, sem que eu pudesse fazer nada a respeito. Tudo já estava decidido. Meu filho foi expulso mas a gente não pode usar a palavra expulso, tem de falar transferência obrigatória, né? Eu só gostaria que isso fosse resolvido de maneira mais justa".

Outra preocupação é que seu filho irá para outra escola numa situação de aluno expulso e teme que ele sofra preconceito. "Ele sempre teve bom comportamento e é a primeira vez que assina uma suspensão", observa.