Adriane Souza
Colaboração para o BOM DIA
Repleta de mato alto, área verde da Vila Gali, em Votorantim torna-se abrigo de marginais e uma pedra no sapato de gente que usa o local como atalho
O casal Alexandre de Jesus Soares e Erica Madeira Ruiz enfrentam o medo e atravessam o temido local da Vila Gali junto com os filhos
Foto: Gilson Hanashiro/Agência BOM DIA
Cansados do perigo que uma área verde da Vila Gali oferece, alguns moradores de Votorantim decidiram contar ao BOM DIA as histórias que motivam seu temor. Isso porque no imenso terreno há mato alto e um imóvel abandonado que estaria servindo de abrigo para usuários de drogas e traficantes.
O local serve de atalho diário para trabalhadores e crianças e interliga com trilhas de terra as ruas Ana Marina do Espírito Santo, João Serrano e Frei Zeno Röhr. Pela manhã, pessoas como a aposentada Joana Francisca do Carmo Santos enfrentam o lixo e o mato alto para chegarem a seus destinos. “Certa vez cai aqui e quebrei meu nariz”, conta.
Na parte da tarde, moradores como uma jovem de 18 anos - que optou por não se identificar - atravessam o terreno para buscar crianças na Escola Municipal Maria do Rosário Arcuri Oliveira Campos. Ela conta que teria sofrido uma tentativa de estupro em plena luz do dia, enquanto passava próximo da construção abandonada, que dá acesso ao terreno. “Um rapaz saiu de lá, me agarrou por trás. Eu gritei, um homem veio me socorrer e ele fugiu”, relata. Durante a noite, a situação seria ainda mais crítica, principalmente próximo do imóvel abandonado.
A casa seria uma instalação do Gafas (Grupo de Apoio a Familiares e Adictos), especializado no tratamento para dependentes de álcool e drogas. Ironicamente, hoje o local estaria servindo para abrigar o vício todo o tipo de violência. “Todos têm medo de passar por aqui. Já viram adulto e menor tendo relações sexuais aí dentro, além do uso constante de drogas. Há o medo que temos de sermos assaltados a qualquer momento”, afirma Maria Madalena Martins Machado Pires.
O fundador do Gafas, Dorival Lucas Flausino, esclarece que o prédio, que estaria em construção há oito anos, é motivo de vergonha para entidade. Ele relata que existe uma propostas da Prefeitura de Votorantim, que quer fornecer todo o material para a construção, enquanto o Gafas arcaria com a mão de obra. “O engenheiro que projetou o prédio e o mestre de obras já faleceram e ainda esperamos pelo resto do material”, desabafa. Para ele, ver o local ser usado para o oposto de sua proposta é revoltante. “Votorantim está infectada pela droga.”
Poder público
A prefeitura de Votorantim esclarece que a limpeza da área foi solicitada ao setor competente, por esta razão, a Secretaria de Serviços Públicos já estaria agendando a execução da manutenção no local.
Sobre o Gafas, a prefeitura informa que já foi encaminhado ao departamento de licitação um projeto de R$ 65 mil para a conclusão da obra, que funcionará de forma compartilhada com um Centro de Assistência Social.
Já a Polícia Militar afirma que os índices de violência da região são baixos em comparação aos demais bairros.
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