quinta-feira, 25 de agosto de 2011

Bairro Itapeva convive com invasões

Notícia publicada na edição de 25/08/2011 do Jornal Cruzeiro do Sul, na página 12 do caderno A


Núcleo Palmeirinha ocupa até área de lazer e tem 147 famílias morando de forma irregular




Foto mostra que ocupação tomou conta de todo o entorno do campo de futebol que existe no bairro - Por: Erick Pinheiro



O bairro Itapeva, em Votorantim, está com 147 famílias morando de forma irregular. As ocupações da área verde, conhecida como "Núcleo Palmeirinha", invadiram inclusive uma área de lazer, quadra e todo o entorno do campo de futebol do bairro. A Prefeitura confirma os problemas causados pela ocupação, mas não tem previsão de início do projeto de desfavelização do local. Além da área verde do Itapeva, áreas dos bairros Vila Garcia e Votocel também serão contempladas com 900 unidades habitacionais ao todo, que estão em fase final de contratação junto à Caixa Econômica Federal, no programa Minha Casa, Minha Vida.
Entretanto, o prefeito Carlos Augusto Pivetta (PT) enfatiza que apenas as famílias cadastradas até 2009 participarão do projeto. O motivo é o aumento da ocupação depois de anunciada a desfavelização do bairro. "O local será totalmente desocupado. As novas ocupações, que não forem contempladas pelo programa, serão retiradas de lá", afirma. Segundo Pivetta, a Prefeitura tenta impedir as novas invasões com a ação de trabalhos sociais. Há cerca de sete meses, a Prefeitura interveio socialmente no local e fez um acordo com os moradores, a fim de resgatar uma das áreas. "A intenção era que os moradores desocupassem o campo de futebol, que também havia sido ocupado", destaca o secretário de Cultura, Clayton Leme.
O "pacto" funcionou e a Prefeitura ofereceu à comunidade os serviços integrados das secretarias de Cultura, Esporte e Lazer, Cidadania e Geração de Renda, além da Comissão Municipal de Assistência Social (Comas). Entre as ações de cultura, esporte e capacitação profissional, o projeto "Reconstruindo seu bairro" levou ao Núcleo Palmeirinha alguns cursos como culinária, futebol, desenho, teatro e Educação para Jovens e Adultos não Alfabetizados (EJA). "Foi bem interessante e participativo", enfatiza Leme.

Problemas

Os moradores, no entanto, reclamam que as ações sociais não resolvem as dificuldades enfrentadas no bairro. Eles afirmam que sofrem com a falta de infraestrutura trazida pelo aumento populacional desordenado. Entre os principais problemas, a falta dos serviços básicos, como saneamento, energia elétrica e coleta de lixo estão no topo das reivindicações. Há seis anos no Itapeva, a auxiliar de limpeza K.F.T., de 33 anos, que não quis se identificar, afirma que a maioria dos moradores não tem saneamento e a energia é irregular. "A população aumentou e a Prefeitura não fez nada. Não tem água e esgoto para todo mundo. Energia a gente tem, mas sempre dá problema porque é "gato" e isso não é bom para a gente. Queríamos regularizar, mas ninguém mais nos informou sobre a situação dos apartamentos do programa habitacional", diz.

Ela também reclama a respeito da sujeira no Núcleo, com as áreas livres repletas de entulhos, inclusive o campo de futebol, que foi resgatado pela Prefeitura. "O caminhão de lixo vem, mas o entulho não é retirado sempre. O problema de tudo é o abandono", enfatiza. Questionado, o Serviço Autônomo de Água e Esgoto (Saae) afirmou, em nota, que no ano passado foram instalados 450 metros de rede de esgoto no local, além das interligações para as moradias. Segundo o Saae, a rede é suficiente para atender a demanda cadastrada no local. Em relação ao lixo, a Prefeitura afirma que foram instaladas lixeiras em cada uma das entradas do Núcleo, e que a coleta é feita no local três vezes por semana. A assessoria de imprensa enfatiza que os moradores depositam entulho nas lixeiras, como pedaços de madeira e móveis, o que não é recolhido pelo serviço.

 
Dados

De acordo com dados municipais do Censo Habitacional realizado em 2009, 1.400 famílias vivem em áreas verdes em Votorantim. Há registros de famílias nessas áreas desde 1986. Até hoje, 183 famílias do Jardim Morumbi, Conjunto Mário Augusto Ribeiro (Promorar) e Jardim Archila foram retiradas de áreas de risco. A Prefeitura informa que realiza um trabalho social e de fiscalização para evitar novas ocupações. Sem anunciar previsão, a Prefeitura diz ainda que está elaborando um Plano Municipal de acordo com as orientações do Sistema Nacional de Habitação de Interesse Social para viabilizar os recursos financeiros do governo federal destinados à habitação.

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