sexta-feira, 19 de agosto de 2011

Pacientes reclamam

 Notícia publicada na edição de 19/08/2011 do Jornal Cruzeiro do Sul, na página 006 do caderno A

Parte dos pacientes prejudicados com a falta da distribuição dos medicamentos de alto risco conta que reduz a ingestão de alimentos para comprar o remédio ou diminuem a dose ingerida de medicamento para aumentar a duração dos mesmos. O aposentado Salvador Ipólito Filho, 66 anos, sofre da doença de parkinson e reduz os gastos com frutas e no açougue nos meses que precisa comprar o remédio. Já Noêmio Aparecido Pinto, 66 anos, que tem glaucoma, diz que ao invés de tomar as doses diárias, ingere um dia sim e outro não para não precisar interromper o tratamento.


Salvador Filho recebe o remédio Entacapone há mais de seis anos e diz que no início de 2011 houve falta, voltou a ser fornecido e há três meses não recebe regularmente. Em julho conseguiu retirar no Estado apenas uma das duas caixas do medicamento que consome em 30 dias. Afirma ter gasto R$ 160,00 apenas com a compra o Entacapone e para isso teve que cortar o básico. "Reduzimos a feira e o supermercado porque precisamos guardar (dinheiro) para comprar o remédio. Deixamos de comprar frutas que ele gosta e precisa comer bastante e encurtamos as compras no açougue", conta a esposa de Salvador, Maria Aparecida Guerreiro Ipólito. O casal afirma que o remédio vai acabar no início da próxima semana e teria retirado o medicamento pela última vez em 19 de julho.
Noêmio Pinto é objetivo, quando declara que "ou fico sem o remédio ou deixo de comprar um gás de pagar uma (conta de) água, luz, uma coisa ou outra, se não tem o dinheiro, de uma coisa ou outra tem que tirar". Ele raciona o medicamento Latanoprost que afirma custar mais de R$ 100,00. Reduz as doses ingeridas para não acabar antes de receber nova remessa. Afirma ter ficado dois meses sem receber, e só conseguiu um remédio substituto depois de fazer repetidas viagens entre o ponto de distribuição em Votorantim, Hospital Regional e DRS.
O casal formado pelo aposentado Ivan Frates, 72 anos, que tem problemas no coração e pulmão, e Maria José Monari Frates, 70 anos, do lar, com problemas nos ossos e que busca diagnóstico para um problema digestivo reclamam gastar uma média maior de R$ 200 ao mês apenas com os medicamentos que não conseguem retirar, excluindo os exames. Dizem já ter pago mais de R$ 1 mil em um exame porque acreditam que se ficassem aguardando a fila do Sistema Único de Saúde já teriam falecido. Ivan e Maria declaram que recorrem ao filho e abandonaram a reforma da residência para conseguir custear os tratamentos.

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