segunda-feira, 26 de setembro de 2011

Dia Internacional do Idoso


Manoel Peres Sobrinho*

O idoso goza de todos os direitos fundamentais inerentes à pessoa humana, sem prejuízo da proteção integral de que trata esta Lei, assegurando-se-lhe, por lei ou por outros meios, todas as oportunidades e facilidades, para preservação de sua saúde física e mental e seu aperfeiçoamento moral, intelectual, espiritual e social, em condições de liberdade e dignidade - Estatuto do Idoso, Art. 2º.

     Dia 27 de setembro é considerado o "Dia Internacional do Idoso", junto com o encanador, cantor, e bombeiro hidráulico. Oportunidade para uma reflexão sobre essa contingência humana, revestida de todas as intempéries existências, onde a pessoa com 60 anos ou mais tem à sua frente uma enorme avalanche de empecilhos a vencer; mas, que seja dito, sem as forças necessárias de que necessitaria.

Fui visitar um asilo e dentre os muitos moradores encontrei um senhorzinho muito simpático com quem entabulei conversa muito amigável. Depois de muitas informações pessoais sobre a sua vida pregressa e remédios que tomava, ele me disse com entusiasmo: "Tenho cinco filhos, e eles me visitam todo final de semana. Um de cada vez". Meu coração foi atravessado por uma dor, naquele instante, que quase me levou às lágrimas. Pensei, lá comigo mesmo: "Um homem que tem cinco filhos, que ele cuidou, alimentou, vestiu, socorreu, educou, e agora ninguém pode tê-lo em sua casa. Restando para o seu fim de vida este lugar, na solidão da falta de seus familiares". O velho tinha nos olhos, ainda, a alegria de estar vivo, por isso falou aquilo com uma grande inocência, como se fora uma rara vantagem. Talvez eu tivesse muita maldade para pensar coisas ruins dos filhos que o haviam deixado ali. Mas que fazer? Era o que lhe restava. Como uma sina e sinistra realidade. E a isso, por falta de opção melhor, havia se agarrado, como numa tábua de salvação, num tremendo naufrágio da vida.

Ouvi dizer que a idade acima dos 60 é a "Melhor Idade". Não sei, não. Acho até que quem disse isso ou é um sínico inveterado, ou um maldoso de carteirinha. Dizer que é a "melhor idade" quem tem mais de 60 anos é uma tremenda maldade sem precedentes. O que é isso, meu Deus! "Melhor idade"? Pra quem? Só se for pro fisioterapeuta, pra farmácia, pro geriatra, pros acompanhantes, pros planos de saúde que ganham muito com isso.

O Ocidente não compreendeu e nem quis absorver bem a idéia da honorabilidade do idoso. Em culturas orientais os idosos eram sinônimos de uma existência bem vivida. Pessoas de quem os mais novos podiam se inspirar, ver neles uma espécie de livro vivo pra sua caminha. Uma certa biblioteca ambulante para se socorrer nos momentos de indecisões. Mas no Ocidente, ser velho é sinônimo de empecilho. Aposentado, porque não pode mais render o que o sistema neocapitalista exige para aquilo que lhe paga. Nossa mídia está a serviço da juventude, e não do velho, que raramente aparece em seus programas. Até mulheres velhas da TV posam como mocinhas, com o ridículo comportamento de que estão na moda ou não envelheceram. Fazem plásticas até não mais poder esticar o coro. Mas nas laterais pode-se ver que o tempo lhes foi implacável.

Nossos velhos não são amados. São, no muito, tolerados. São evitados nas conversas, são aposentados dos seus empreegos, são rechaçados quando tomam ônibus sem pagar, são evitados, quando se aproximam da juventude. São esquecidos por aquilo que fizeram no passado.

Nossa sociedade é uma máquina que não pode suportar a presença do velho. Ele só é conveniente quando pode dar alguma coisa. A avó que cuida do neto pra que a filha, mãe solteira ou não possa trabalhar ou passear; é o rapaz ou a moça que não se resolvem na vida e insistem em ficar na casa dos velhos, como se direito tivessem, pra lhes sugar o que de melhor eles têm.

O excesso de aposentados infla a máquina das aposentadorias (???), por causa do seu  imenso salário. Pode? É um insulto. Os planos de saúde roem impiedosamente os velhos, cobrando exorbitâncias e dando um péssimo atendimento, além de reduzir ao máximo o direito aos atendimentos essenciais.

Parece que os velhos ocidentais vivem uma espécie de realidade kafkiana. Uma tremenda incerteza, junto com piores pesadelos.

Demais, resta-nos uma idéia muito própria que vem do Senhor: "Mas os que esperam no SENHOR renovam as suas forças, sobem com asas como águias, correm e não se cansam, caminham e não se fatigam" – Isaías 40:31.

(*querendo ver outros textos, notícias atuais e curiosidades de Israel acesse: http://mpfragmentos.blogspot.com).

 

 

 

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