domingo, 9 de outubro de 2011

RAPOSO TAVARES - Obras melhoraram o tráfego, mas pioraram a segurança

 Jornal Cruzeiro do Sul
Carlos Araújo
 "Trancaram a nossa saída", reclama Miguel Francisco Garcia, 
diretor de uma cooperativa de transportes - Por: Aldo V. Silva

 No acesso à Ceagesp, o engenheiro Adalberto Nascimento reage com espanto: ¿O que eles (Viaoeste) fizeram aqui é uma excrescência. O cara pode se perder. Está mal sinalizado. Olha só que gambiarra. Devia ser uma curva muito mais ampla - Por: Adival B. Pinto


 O serralheiro Paulo Cesar Kovalski, de 33 anos, que trabalha na altura do km 104, considera uma "porcaria" a entrada para a rua Tuffi Aidar - Por: Aldo V. Silva
 O motorista Célio Pedro dos Santos, de 39 anos, está incomodado com a movimentação das carretas - Por: Aldo V. Silva

 Os especialistas Adalberto Nascimento, Vanderlei Coffani e Luís Carlos de Oliveira percorreram o trecho urbano da Raposo Tavares, na manhã do dia 25 de setembro, a convite do Cruzeiro do Sul - Por: Adival B. Pinto


Após o término das obras do trecho urbano da rodovia Raposo Tavares no primeiro semestre deste ano, as condições de tráfego melhoraram em comparação com a situação anterior, mas novas "armadilhas" e "pontos críticos" testam a atenção dos motoristas a todo momento e colocam em risco a segurança do trânsito. Esta situação tem origem em falhas de geometria, estrangulamentos de pista e acessos às marginais a 90 graus, sem espaço de aceleração e redução da velocidade dos veículos. Há poucos radares. E a solução, agora que a obra está pronta, é corretiva em relação aos pontos problemáticos.
Esta é a conclusão geral de três especialistas em trânsito de Sorocaba: Adalberto Nascimento, engenheiro civil e consultor de transportes, foi secretário de Edificações e Urbanismo da Prefeitura de Sorocaba (1983-1988), secretário de Transportes e Presidente da Urbes - Trânsito e Transportes (1993-1996); Vanderlei Coffani, engenheiro civil e consultor na área de trânsito, trabalhou 15 anos na Prefeitura de Sorocaba na área de trânsito e transportes; Luís Carlos de Oliveira, coronel da reserva da Polícia Militar, foi comandante do Corpo de Bombeiros de Sorocaba e da Polícia Rodoviária na região, além de diretor de Finanças da Polícia Militar.
No dia 25 de setembro, pela manhã, a convite do Cruzeiro do Sul, Adalberto, Vanderlei e Luís Carlos percorreram o trecho urbano da Raposo Tavares. Com base nos conhecimentos técnicos e de perfil do trânsito da Raposo Tavares, além de indicarem os pontos críticos da rodovia, eles fizeram sugestões e comentários sobre as possíveis soluções. A CCR Viaoeste, concessionária responsável pela rodovia, manifestou-se por escrito (veja nesta página).
Para Adalberto, a origem dos problemas tem como causa a economia de custos com desapropriações. Na sua análise, o desenho do traçado da Raposo Tavares teve que comportar num espaço menor todos os acessos, retornos, viadutos, gerando uma configuração sinuosa e complexa que, muitas vezes, mais do que facilitar o tráfego, acaba confundindo os motoristas.
Eles destacam três pontos entre os piores: a rotatória sob o viaduto no antigo "trevo da morte", na estrada que liga Sorocaba a Votorantim; a conexão de trânsito urbano com tráfego da rodovia no entorno do viaduto que dá acesso ao Esplanada Shopping; o trecho que compõe os acessos à Ceagesp e à avenida Luiz Mendes de Almeida, no Jardim Capitão.
Ao passar pela rotatória, Adalberto descreve: "É uma porcaria: pequena, não tem capacidade de armazenamento e já é uma coisa superada; a rotatória só funciona para volume de tráfego baixo, locais residenciais etc. (O motorista) não consegue uma chance de entrar, tem que entrar na base da coragem." Na sua avaliação, retornos como esse deveriam ser afastados do espaço da rodovia. Sua proposta, em nome da segurança: "Reformular, eliminar a rotatória e fazer sistemas de retornos mais distantes."
Ainda sobre essa rotatória, Luís Carlos acrescenta: "Aqui, se você for no final de tarde ou começo da manhã (no sentido de quem cruza a estrada Sorocaba/Votorantim a partir do acesso vindo da Raposo) ou você atravessa na raça ou fica e a turma te buzinando e xingando. Isso aí é estrada, isso aí não é avenida. Ela é catalogada como acesso 103 da SP-79."
"De tarde aqui é um balaio de gato", continua a descrever Adalberto. "O certo seria fechar aqui e fazer uma meia lua lá adiante. Aliás, esse trevo da morte era o trevo da morte e continua sendo. Se não é tão da morte mais é porque é tão embananado, que não dá para desenvolver velocidade; quando o negócio é muito embananado, ele perde a fluidez."
No acesso à Ceagesp, Adalberto reage com espanto: "O que eles (Viaoeste) fizeram aqui é uma excrescência. O cara pode se perder. Está mal sinalizado. Olha só que gambiarra. Devia ser uma curva muito mais ampla."
O acesso à avenida Luiz Mendes de Almeida, pela rua Tuffi Aidar, não tem faixa de desaceleração e os motoristas reduzem a velocidade para virar à direita, no sentido Sorocaba/Araçoiaba da Serra, com risco para quem vem atrás. Menos de 200 metros adiante, a pista fica estrangulada para uma faixa de trânsito. "É um absurdo", critica Adalberto. "Não usaram o quadrante que está lá (o Posto Ikeda) e tinha área disponível. Tudo bem que é caro, mas e daí? Quanto custa uma vida?"
O serralheiro Paulo Cesar Kovalski, de 33 anos, que trabalha na altura do km 104, considera uma "porcaria" a entrada para a rua Tuffi Aidar. Sobre o estrangulamento de pista, ele se pergunta: Dá para melhorar isso aí, não dá?
Para Coffani, haverá desproporção de faixas de tráfego entre o viaduto que liga a avenida Armando Pannunzio à rodovia João Leme dos Santos (SP-264). Ele lembra que a rodovia terá duas faixas de trânsito em cada sentido, em contraste com o viaduto, que tem duas faixas mas uma delas estará sendo usada para aceleração e desaceleração. Ele também se preocupa com o futuro: "Qual a vida útil (da obra)? Se hoje com esse tráfego já está com esses problemas, imagina isso aqui daqui a 10 anos."
Outros pontos
Outros pontos críticos, na visão de Luís Carlos: "Apesar do traçado sinuoso e do perfil acidentado, a velocidade permitida é maior que a de estradas modernas, muito melhores (110 km/h para automóveis na expressa e 90 para caminhões, e 60 nas marginais). Dezenas de acessos oficiais e não oficiais, geradores de perigo, sendo nove deles só no km 109, um dos quais em 90 graus, utilizado por carretas que precisam ocupar as duas faixas para entrar na rodovia."
Na avaliação de Luís Carlos, a Viaoeste ignorou a "imperiosa necessidade" de viaduto ligando a rua João Wagner Wey à rua Augusto Lippel. Ele critica o uso de faixas zebradas logo nas entradas da via expressa, dificultando o uso do acostamento como faixa de aceleração. E aponta como problemas as entradas e saídas em 90 graus do Macro e da rua Antonio Aparecido Ferraz. Nesta rua, Luís Carlos, Adalberto e Coffani consideraram "absurdo" a existência de um poste na extensão ampliada de uma calçada, um complicador para o movimento de entrada e saída de veículos.
Na comparação entre a situação atual da rodovia e a situação anterior, Adalberto acrescenta: "Você ganha fluidez, mas em função das deficiências você perde na segurança."

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