Samira Galli
Número de casos foi quase o dobro do registrado na Baixada Santista no mesmo período, aponta estatística
Em 2010, a região de Sorocaba teve 86 mortes por afogamento -- quase o dobro de toda Baixada Santista, que registrou 47 óbitos. A região é a terceira do Estado em maior número de mortes desse tipo. Ficou atrás apenas do Litoral Norte e Vale do Paraíba, que juntos contabilizaram 91 afogamentos, e da capital e região metropolitana, que teve 360. Os dados, levantados pela Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo, apontam que, por mês, 77 pessoas morrem afogadas no Estado. Em 2010 (último dado consolidado disponível), foram 931 óbitos -- nove a mais que em 2009. Já a média de internações por afogamento foi de apenas sete por mês em todo o Estado, alcançando um total de 91 pacientes no ano de 2010, o que indica alto índice de vítimas fatais nessas ocorrências.
Embora a região de Sorocaba reúna 48 municípios, as 86 mortes foram registradas apenas em três: 13 em Itapetininga; 22 em Itapeva; e 51 em Sorocaba. Na cidade e nos municípios mais próximos, os pontos principais de afogamentos, segundo o Corpo de Bombeiros, são a lagoa no Parque Vitória Régia, em Sorocaba; as cachoeiras de Votorantim (da Fumaça, da Penha e principalmente a da Chave); a pedreira desativada de Salto de Pirapora; e a represa de Itupararanga.
Em 2011, somente os casos noticiados pelo jornal Cruzeiro do Sul somavam quase 20 pessoas mortas por afogamentos na região. As idades variam de 5 a 47 anos, mas a maioria é jovem e tem entre 16 e 19 anos de idade. A mais recente vítima foi um menino de 5 anos, que se afogou em uma piscina, na noite de domingo em Sorocaba. Apesar de contar com vários locais de risco, o principal motivo das mortes na região é a imprudência, de acordo com o o tenente Marcos Novaes, do 15º Grupamento de Bombeiros de Sorocaba e região. "Os piores problemas acontecem com as pessoas que acham que sabem nadar e vão além da própria capacidade", afirma o tenente.
Entre as principais instruções do tenente Novaes, não nadar sozinho e não ingerir bebidas alcóolicas ou quaisquer outras drogas antes de nadar são imprescindíveis. "Além de não deixar crianças nadarem desacompanhadas, não mergulhar de cabeça em hipótese alguma e não nadar em local que não conhece", ressalta. O médico gerente operacional do Grupo de Resgate e Atendimento a Urgências (Grau), da Secretaria Estadual, Jorge Michel Ribera, chama a atenção para os afogamentos específicos de crianças. Segundo ele, é um tipo de acidente comum especialmente em churrascos à beira de piscina.
Para o médico, os pais costumam relaxar acreditando que todos ao redor estão observando as crianças e não se atentam ao fato de que as festas trazem naturalmente muita distração. "Quando fazemos o atendimento de crianças que se afogam, percebemos que é sempre algo muito doloroso para os pais e amigos, pois é um acidente que poderia ser evitado apenas com um pouco mais de atenção e observação", diz. "A piscina normalmente traz uma falsa impressão de segurança", alerta Ribera.
Já para os adultos, o maior perigo está na combinação de excesso de confiança e consumo de bebidas alcoólicas. "O óbito por afogamento é extremamente evitável. É uma questão de conscientização", afirma o médico.
Algumas dicas para segurança
A Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo alerta para os cuidados que banhistas devem ter no mar, piscinas, rios, lagos e cachoeiras. Veja abaixo algumas dicas para evitar afogamentos:
- Não entre na água caso esteja alcoolizado. A bebida alcoólica faz com que o banhista perca seu senso crítico relação ao mergulho.
- Procure evitar mergulhos solitários. Sempre tenha uma companhia, que possa ajudá-lo no caso de imprevistos.
- Não mergulhe de cabeça em depósitos naturais de água, pois o fundo está em constantes transformações. O choque com o fundo pode causar de desmaios a sérios danos à coluna vertebral, expondo à vítima ao agravante de afogamentos.
- Caso se sinta em perigo, evite gritar e não nade contra a correnteza para poupar o fôlego e evitar o cansaço físico. Sinalize pedido de ajuda com os braços e procure boiar.
- No mar, em rios e outros locais com correnteza, o ideal é que o nível da água não ultrapasse a cintura do banhista para que ele não seja surpreendido por depressões no solo ou ondas e correntes inesperadas.
- No caso de perder o controle do corpo em rio, nade no mesmo sentido da correnteza e procure avançar lentamente pelas laterais até alcançar as margens.
- Em locais de correnteza, jamais desobedeça a sinalização do Corpo de Bombeiros.
- Designe uma pessoa específica para tomar conta de crianças. Essa pessoa deve, por exemplo, reduzir o consumo bebida alcoólica e se concentrar exclusivamente nas crianças.
- Não confie na falsa impressão de segurança que comumente os pais têm com o uso de boias e com a presença de outros banhistas conhecidos em torno da piscina.
- Se for para o fundo usando uma boia, jamais a abandone, mesmo que perca o controle da situação.
- Socorro: Tão importante quanto saber evitar o afogamento, é saber como prestar socorro. O ideal é que pessoas sem treinamento apropriado não tentem fazer salvamentos sozinhas com o próprio corpo, colocando a própria vida em risco. O mais adequado é fornecer para a vítima objetos que flutuem ou que sirvam como uma corda.
* Fonte: Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo
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