ESTRADA DE FERRO ELÉTRICA VOTORANTIM - História nos mínimos detalhes

  Notícia publicada na edição de 23/03/2012 do Jornal Cruzeiro do Sul, na página 1 do caderno C -
Maíra Fernandes

 Tarcitani, que começou a fazer miniaturas despretensiosamente há cerca de 30 anos, conta que as 244 venezianas que fazem parte da locomotiva original, foram colocadas uma a uma na maquete, com o auxílio de uma pinça - Por: Emídio Marques

 

Registo da década de 1930 - Por: Arquivo pessoal

Exposição conta com maquetes e miniaturas primorosas - Por: Emídio Marques

Maleta de refeição de madeira original, que era utilizada pelos funcionários da Votorantim - Por: Emídio Marques

 

Uma exposição que conta a história da Estrada de Ferro Elétrica Votorantim (EFEV) será aberta hoje, na Biblioteca Infantil de Sorocaba, e segue até o dia 16 de abril. Com fotos e objetos de época, a exposição conta ainda com maquetes primorosas que retratam os bondes utilizados no transporte de passageiros comuns, operários e cargas da Votorantim, produzidas pelos pesquisador e artesão Aparício Tarcitani. "Sou filho de ferroviário e para que a história não se perca, é que eu resolvi resgatá-la", fala ele.

O evento, que abre hoje, às 15h, com uma explanação de Tarcitani sobre o assunto, contará com nove painéis com duas fotos cada, datadas dos anos de 1910 até 2000, que fazem parte do acervo pessoal do pesquisador. Além de quatro peças, entre elas, uma maleta de refeição de madeira original, que era utilizada pelos funcionários da Votorantim. Já as miniaturas produzidas por Tarcitani, retratam fielmente os bondes utilizados na época, com direito até a réplica de um carro fúnebre, que era acoplado ao bonde e utilizado no transporte dos mortos até Sorocaba, pois Votorantim ainda não contava com cemitério, que foi inaugurado apenas em 1949.

Tarcitani, que começou a fazer miniaturas despretensiosamente há cerca de 30 anos, conta que as peças menores demoraram cerca de duas semanas enquanto o bonde maior levou aproximadamente seis meses para ser concluído. Mas é só aproximar-se um pouco mais da peça para entender o tempo demandado. "Minucioso" como se autodeclara, o artesão explica que as 244 venezianas que fazem parte do original, foram colocadas uma a uma, com o auxílio de uma pinça. Sem contar outros detalhes como o banco do motorneiro, ou mesmo os trilhos para dar mais realismo à maquete. "A ferrovia passava bem no quintal de onde eu morava e, além de ser filho de ferroviário, usava muito o bonde. Tenho uma boa memória", reconhece ele, que se dispõe a ensinar não apenas um tanto de história como também da fabricação de maquetes aos interessados. "É só me procurar", oferece.

História

Como explica Tarcitani, para facilitar o recebimento e escoamento da produção, a Fábrica de Tecidos Votorantim conseguiu concessão para construção de uma ferrovia ligando Sorocaba e a Fazenda Votorantim, em 1890. Em 1894, ela foi prolongada até Santa Helena (Itupararanga/Nova Baltar). Entre os anos de 1922 e 1923, esse trecho passou a ser eletrificado e adotou o nome de Estrada de Ferro Elétrica Votorantim. Com a construção de fábricas como a de cimento Votoran e a de papel Votocel, foram adquiridas mais locomotivas para atender a demanda ampliada.

Transportando operários das fábricas, passageiros comuns e cargas, as locomotivas partiam de Sorocaba (Paula Souza), passando por Vila Assis, Barcelona, Parada do Alto, Angelo Vial, Votorantim, Votocel e Chisto e Fábrica de Cimento Santa Helena até o dia 22 de agosto de 1966, quando os bondes deixaram de circular e os operários passaram a usar os ônibus para fazer o itinerário. "Atualmente, não existe mais tráfego nesta ferrovia, os trilhos ao longo de sua extensão estão cobertos pelo mato", lamenta.

Serviço

A exposição sobre a Estrada de Ferro Elétrica Votorantim será aberta hoje, às 15h, e ficará em cartaz até o dia 16 de abril. A Biblioteca Infantil fica na rua da Penha, 673, Centro. A biblioteca é aberta de segunda-feira à sexta-feira, das 8h às 17h. Outras informações: (15) 3231-5723.