Rev. Ms. Manoel Peres Sobrinho
Ele
se escondeu do seu povo, mas eu confio nele e nele ponho a minha esperança. Isaías 8.17; ntlh
Deus
é real, a despeito de como você se sinta. É fácil adorar a Deus quando
as coisas vão bem — quando ele provê comida, amigos, família, saúde e situações
felizes. Mas as circunstâncias não são sempre agradáveis. E como então você irá
adorar a Deus? O que você faz quando Deus parece estar a milhões de quilômetros?
A mais profunda adoração é louvar a Deus a despeito da dor, dar graças durante
a provação, manter a confiança nele em meio à tentação, render-se a ele durante
um sofrimento e amá-lo quando ele parece distante. Amizades são frequentemente
testadas por separação e silêncio; ou você é separado por uma distância física,
ou está impossibilitado de conversar. Na sua amizade
com Deus, não será sempre que você se sentirá próximo dele.
Philip Yancey observou sabiamente: “Todo relacionamento passa por períodos de proximidade
e distanciamento, e, no relacionamento com Deus, por mais íntimo que seja, o
pêndulo vai oscilar de um lado para o outro”. É aí que a adoração fica difícil.
Para amadurecer a amizade, Deus irá testá-la com períodos de aparente
separação — épocas em que se tem o sentimento de que Deus nos abandonou
ou esqueceu. Tem-se a impressão de que Deus está a quilômetros de distância.
João da Cruz se referiu a esses dias de seca espiritual, dúvida e
distanciamento de Deus como “a noite escura da alma”. Henri Nouwen chamou-os de
“o ministério da ausência”. A. W. Tozer chamou-os de “o ministério da
noite”. Outros o mencionam como “o inverno do coração”. Com exceção de Jesus,
Davi foi provavelmente quem teve uma amizade mais íntima com Deus do que qualquer
outra pessoa. Deus teve prazer em chamá-lo um homem segundo o meu
coração. Apesar disso, Davi frequentemente reclamava da aparente ausência
de Deus: Por que, Senhor, tu permaneces afastado na hora do
sofrimento? Por que te escondes de mim?; Por
que me abandonaste? Por que estás tão longe de salvar-me, tão longe
dos meus gritos de angústia?; Por
que me rejeitaste? É óbvio que Deus não abandonou realmente Davi,
assim como não abandona você. Ele prometeu várias vezes: Eu
jamais o abandonarei ou rejeitarei. Mas Deus não
prometeu: “Você sempre sentirá a
minha presença”. Aliás, Deus reconhece que algumas vezes esconde a sua face de
nós. Existem momentos em que ele parece ter desaparecido de nossa vida sem
deixar pistas. Floyd McClung descreve o que acontece: “Certo dia você acorda e
percebe que todas as suas sensações de comunhão espiritual se foram. Você ora,
mas nada acontece. Você repreende o Diabo, mas isso não muda nada. Você faz
exercícios espirituais [...] seus amigos oram por você [...] você confessa cada
pecado que consegue imaginar, e então sai por aí pedindo perdão a todos que
conhece. Você jejua [...] e nada ainda. Você começa a se perguntar quanto tempo
essa depressão espiritual irá durar. Dias? Semanas? Meses? Será que ela vai
acabar? [...] você tem a impressão de que suas orações simplesmente batem no
teto e voltam. Em absoluto desespero, você grita: “Qual é o meu problema?”. A
verdade é que não há nada de errado com você. Trata-se de uma parte normal da
provação e amadurecimento de sua amizade com Deus. Todo cristão
passa por isso ao menos uma vez, e normalmente várias vezes. É doloroso e
perturbador, mas absolutamente vital para o desenvolvimento da sua fé. Ter
conhecimento disso deu esperança a Jó quando não podia sentir a presença de
Deus em sua vida. Ele falou: Se vou para o Oriente,
lá ele não está; se vou para o Ocidente,
não o encontro. Quando ele está em ação no Norte,
não o enxergo; quando vai para o Sul, nem sombra dele
eu vejo! Mas ele conhece o caminho por onde ando; se
me puser à prova, aparecerei como o ouro. Quando Deus parece distante,
você pode pensar que ele está zangado ou o está punindo por algum pecado. E na
verdade o pecado realmente o desliga de uma amizade
íntima com Deus. Nós entristecemos o Espírito de Deus e sufocamos nossa amizade
com ele ao desobedecer, entrar em conflito com outras pessoas, nos ocupar ou
ter amizade com o mundo, além de outros pecados. Mas frequentemente esse
sentimento de abandono e afastamento de Deus não tem nenhuma relação com o pecado.
É um teste de fé que todos devemos enfrentar. Será que você continuará a amar,
confiar, obedecer e adorar a Deus, mesmo quando não sente a sua presença nem há
evidência visível da ação divina em sua vida? Nos dias de
hoje, o erro mais comum que os cristãos cometem ao adorar é buscar uma experiência em vez de
buscar a Deus. Eles buscam sensações e, se elas ocorrerem, concluem que foram
bem-sucedidos em adorar. Errado! Na realidade, Deus em geral afasta as nossas
sensações para não dependermos delas. Buscar uma sensação — mesmo uma sensação
de proximidade com Cristo — não é adoração. Quando você é um cristão novo, Deus
lhe dá muitas emoções comprobatórias e frequentemente responde às orações mais
imaturas e egoístas, tudo para que você saiba que ele existe. Mas, à medida que
você crescer na fé, ele irá emancipá-lo dessa dependência. A onipresença de
Deus e a manifestação de sua presença são coisas diferentes. Uma é um fato; a
outra é frequentemente uma sensação. Deus está sempre presente, mesmo que você
não perceba sua presença, e sua presença é muito profunda para ser medida por uma
mera emoção. Sim, ele quer que você sinta a sua presença, porém ele está mais
interessado que você confie, e não tanto que o sinta. Fé, e não
sentimentos, agrada a Deus. As situações que mais põem à prova a sua fé são aquelas
em que a vida desanda e Deus não pode ser achado. Isso aconteceu com Jó. Em um
único dia, ele perdeu tudo — sua família, seus negócios, sua saúde e tudo o que possuía. E, o
que é pior, ao longo de capítulos, Deus não disse nada! Como louvar a Deus
quando você não compreende o que está acontecendo na sua vida e Deus está em silêncio?
Como permanecer em comunhão em meio a uma crise e sem nenhum contato? Como
manter os olhos em Jesus quando eles estão cheios de lágrimas? Você faz o que
fez Jó: Então prostrou-se, rosto em terra, em adoração, e disse: Saí nu do
ventre da minha mãe, e nu partirei. O Senhor o deu, o Senhor o levou; louvado
seja o nome do Senhor.
Diga
a Deus exatamente como você se sente. Derrame seu coração perante
ele. Descarregue todos os seus sentimentos. Jó fez isso quando disse: Por isso,
não posso ficar calado. Estou aflito, tenho de falar, preciso me queixar, pois
o meu coração está cheio de amargura. Quando Deus lhe pareceu distante, ele clamou:
Como tenho saudade dos dias do meu vigor, quando a amizade de Deus abençoava a
minha casa. Deus pode lidar com suas incertezas, sua raiva, seu sofrimento, sua
confusão e suas indagações. Você sabia que admitir seu desespero para Deus pode
ser uma declaração de fé? Confiando em Deus e sentindo desespero ao mesmo
tempo, Davi escreveu: Cri, por isso falei: Estou completamente arruinado. Isto parece
uma contradição: confiar em Deus, mas se sentir destruído! A franqueza de Davi
na verdade revela uma profunda fé. Primeiro, ele acreditava em Deus. Segundo, ele
acreditava que Deus ouviria sua oração. E, terceiro, ele acreditava que Deus o
deixaria dizer como se sentia, e ainda assim o amaria.
Concentre-se
em quem Deus é — sua natureza imutável. Independentemente das
circunstâncias e de como você se sente, apegue-se ao caráter imutável de Deus.
Lembre-se daquilo que é eternamente verdadeiro a respeito de
Deus: ele é bom, ele me ama, está comigo, sabe por que
coisas estou passando, ele se importa e tem um bom
plano para minha vida. V. Raymond Edman disse:
“Nunca duvide na escuridão do que Deus lhe disse na
luz”. Quando a vida de Jó se desfez e Deus permaneceu em silêncio,
Jó ainda achou os seguintes motivos para louvar a
Deus:
• ele é bom e
amoroso;
• ele é
todo-poderoso;
• ele repara em
cada detalhe da minha vida;
• ele está no
controle;
• ele tem um
plano para minha vida;
• ele vai me
salvar.
Confie
que Deus cumprirá as promessas. Em tempos de seca espiritual,
você deve confiar pacientemente nas promessas de Deus, e não nas emoções. Deve
perceber que ele o está levando a um nível mais profundo de maturidade. Uma
amizade baseada em emoções é na verdade frívola. Então, não fique preocupado
com os problemas. As circunstâncias não podem mudar o caráter de Deus. A graça
de Deus ainda está a plena força; ele ainda é a seu favor, mesmo que você não
possa senti-lo. Na ausência de circunstâncias confirmativas, Jó se apegou à
Palavra de Deus. Ele disse: Não me afastei dos
mandamentos dos seus lábios; dei mais valor às palavras de sua boca do que
ao meu pão de cada dia. Essa confiança na palavra de Deus fez que Jó permanecesse
fiel, ainda que nada fizesse sentido. Sua fé foi forte em meio à dor: Embora
ele me mate, ainda assim esperarei nele Quando você se sente
abandonado por Deus e mesmo assim mantém sua confiança nele, a despeito de seus
sentimentos, você o está adorando da forma mais profunda.
Lembre-se
do que Deus já fez por você. Se Deus nunca tivesse feito
nada mais por você, ele ainda mereceria seu louvor ininterrupto pelo resto de
sua vida, por causa do que Jesus fez por você na cruz. O
Filho de Deus morreu por você! Este é o maior de todos os
motivos para adorar. Infelizmente, esquecemos os detalhes cruéis do torturante
sacrifício que Deus fez a nosso favor. A familiaridade traz a complacência.
Mesmo antes de sua crucificação, o Filho de Deus foi desnudado, espancado até
ficar quase irreconhecível, açoitado, ridicularizado e escarnecido, coroado com
espinhos e cuspido de for ma humilhante. Ultrajado e ridicularizado por homens desalmados,
ele foi tratado pior do que um animal. Então, quase inconsciente pela perda de
sangue, ele foi força do a arrastar uma cruz colina acima, foi pregado nela e
deixado para morrer com a lenta e excruciante tortura da morte por crucificação.
Enquanto seu sangue escorria, escarnecedores ficavam ao seu redor e gritavam
insultos, desafiando sua afirmação de que era Deus. Em seguida, como Jesus
assumiu em si mesmo a culpa pelos pecados de toda a humanidade, Deus desviou os
olhos daquela horrível visão, e Jesus gritou em total desespero: “Meu Deus! Meu
Deus! Por que me abandonaste?”. Jesus poderia ter se salvado — mas então não
poderia salvar você. Palavras não podem descrever as trevas daquele momento.
Por que Deus permitiu e suportou tão medonho e perverso ato de crueldade? Por
quê? Para que você pudesse ser poupado da eternidade no inferno e para que você
pudesse partilhar de sua glória para sempre! A Bíblia diz: Em
Cristo não havia pecado. Mas Deus
colocou sobre Cristo a culpa dos nossos pecados para
que nós, em união com ele, vivamos de acordo com a vontade
de Deus. Jesus desistiu de todas as coisas para que você pudesse ter todas
as coisas. Ele morreu para que você pudesse viver para sempre. Somente isso já
vale seu agradecimento e louvor contínuo. Você nunca mais deveria se perguntar
por que motivo deveria ser grato.
Um
tema para reflexão: Deus é real, a despeito de como você se sente.
Um
versículo para memorizar: Deus mesmo disse: Nunca
os deixarei e jamais os abandonarei (Hebreus
13.5; ntlh).
Uma
pergunta para meditar: Como me concentrar na presença de Deus,
especialmente quando ele parece distante?
Rev. Ms. Manoel Peres Sobrinho
O Senhor é o meu pastor e nada me
faltará - Salmo 23:1.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Observação: somente um membro deste blog pode postar um comentário.