quinta-feira, 28 de junho de 2012

Santo Antônio 2 sofre com a falta d'água

Notícia publicada na edição de 28/06/2012 do Jornal Cruzeiro do Sul, na página 4 do caderno A
Rosimeire Silva




Prefeitura diz que a área pertence ao Grupo Votorantim e que situação irregular do bairro está na Justiça
 Nem o sistema precário improvisado pelos moradores na entrada do bairro está funcionando - Por: Erick Pinheiro

Há uma semana, os moradores do Jardim Santo Antônio 2, em Votorantim, sofrem com a escassez de água para as tarefas mais comuns do dia a dia, como cozinhar, tomar banho e lavar roupa. Sem contar com uma rede pública de abastecimento de água, eles dependem de carros pipa ou da liberação da água de reservatórios do Saae (Serviço Autônomo de Água e Esgoto) que fica próximo ao bairro para que as caixas d"água sejam cheias. Desde a semana passada, no entanto, nem mesmo esse precário sistema de abastecimento vem sendo oferecido para a comunidade.

A dona de casa Cíntia Elias Mesquita, 34 anos, conta que não consegue nem mesmo dar banho nos filhos para irem à escola. "A gente tem que improvisar, pois sem água tudo é muito difícil. Não dá nem para cozinhar", reclama. O pedreiro Antônio Martins, 41 anos, conta que tem ido de balde buscar água onde encontra para levar para casa e tem recorrido até mesmo ao córrego que fica próximo do bairro. "É impossível viver nessas condições".

Para tentar resolver o problema, a garçonete Elizângela da Silva, 28 anos, conta que os moradores procuraram a Prefeitura e conseguiram que o Saae mandasse na terça-feira três caminhões pipa para abastecer as famílias, mas que não foi suficiente para atender a todos e ontem a maioria das caixas d"água ainda permaneciam vazias. "Hoje (ontem) não veio mais nenhum caminhão e todo mundo está ficando desesperado. Estamos abandonados aqui".

A moradora Edileusa Aparecida Mesquita Ferreira, 50 anos, afirma que esse não é um problema novo para o bairro. Instalado há mais de trinta anos numa área de invasão, o Jardim Santo Antônio 2 não conta com nenhuma infraestrutura. Além da ausência da rede de distribuição de água, não há rede de esgoto e a iluminação só chega às casas por meio de "gatos" feitos no poste que fica instalado na avenida Santo Antônio.

A água chega às casas por meio de mangueiras instaladas precariamente pelos próprios moradores sob a terra. Algumas famílias optaram por colocar as caixas d"água na entrada principal do bairro para facilitar o abastecimento, mas quem não tem nem mesmo esse sistema improvisado sofre para ter acesso ao líquido. A dona de casa Ana Paula Lisboa Araújo, que mora na última casa do bairro, vive essa situação. "Há uma semana que não tenho água. Não sei o que vou fazer se continuar nessa situação".

Edileusa diz que teme que com a concessão do serviço de água e esgoto do município para uma empresa terceirizada a situação se agrave ainda mais. Ela afirma que os moradores concordariam em pagar pelo abastecimento, desde que tivessem água na torneira. "Ninguém quer ter nada de graça, mas queremos ter o direito de ter água em nossas casas". Segundo dados do IBGE, referentes ao Censo 2010, 878 residências de Votorantim não são abastecidas de água potável pela rede pública do município.

Área irregular

A Prefeitura de Votorantim informou, por meio da sua assessoria de imprensa, que a área onde está instalado o bairro Santo Antônio 2 pertence ao Grupo Votorantim, sendo motivo de ação por parte da empresa na Justiça. Por se tratar de área irregular, o município não pode fazer a ligação das redes de água e esgoto, sendo que caminhões pipa do Saae abastecem essa área por meio de caixas individuais que os moradores instalaram na parte alta da avenida, sem cobrar pelo abastecimento.

Segundo a Prefeitura, o problema ocorrido nos últimos dias não guarda relação com a concessão do serviço para empresa terceirizada, sendo que já está previsto que a concessionária resolva a questão com a implantação de rede de abastecimento no local. Não foi estabelecido, no entanto, prazo para a realização do projeto. Ainda de acordo com a administração municipal, é necessário que se faça preliminarmente o cadastro de casas e dos moradores do local. Enquanto isso, o abastecimento continuará a ser feito por carros pipa.

O Saae informou que com exceção deste bairro, toda a zona urbana do município é abastecida pela rede pública, com total de 104.659 habitantes atendidos. Na zona rural, apenas uma parte do bairro Capoavinha ainda recebe o abastecimento de água por meio de caminhão pipa, o que deverá ser solucionado em breve.

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