Jornal Cruzeiro do Sul
Leandro Nogueira
Bruno de Almeida (PSDB) disse que assessor atendeu à ordem dele
Adilson Houlenes Mora faz a defesa do assessor parlamentar do vereador - Por: Fábio Rogério
O vereador Bruno Martins de Almeida (PSDB) será ouvido na terça-feira, pelo processo administrativo da Câmara de Votorantim que apura possíveis irregularidades no fato do carro oficial de responsabilidade dele ter sido usado no transporte de um munícipe em tratamento fisioterápico. Bruno de Almeida será ouvido na Sala de Reuniões/Biblioteca da Câmara, às 10 horas. O uso do bem público para atender aos interesses do enfermo foi mostrado com exclusividade pelo Cruzeiro do Sul na edição do dia 12 de abril. A Câmara de Votorantim instaurou um processo administrativo no dia 18 de maio e até o momento ouviu o assessor do vereador, Thiago da Silva Schiming, que dirigia o veículo. O assessor confirmou que fez o transporte atendendo à determinação do vereador. Na tarde de ontem o vereador Bruno Martins de Almeida disse à reportagem que confirmará a versão do seu assessor na terça-feira. O presidente da Câmara, Marcos Antonio Alves, não foi encontrado pela reportagem para comentar o caso.
Questionado se teme responder por ter transportado um morador para atendimento de fisioterapia, o vereador Bruno Martins de Almeida, declarou que transportar munícipes é prática normal na Câmara. Segundo ele isso sempre é feito com moradores que desejam mostrar algum problema no bairro "e não fazer exatamente o que a gente fez, de transportar o cara de muleta, mas entre levar um munícipe pra ver um bairro... eles não podem fazer nada porque não existe lei para isso, então pegaram o meu assessor", falou sobre o procedimento administrativo. Para Bruno de Almeida, como não existe lei impedindo que seja dada carona com o veículo oficial, a mesa diretora da Câmara resolveu apurar se o assessor dele descumpriu o Estatuto dos Funcionários ao conceder a carona.
O vereador ainda declarou que permitiu a carona por um ato de humanidade. "Já que a ambulância não ia fazer o transporte do cara então a gente acabou fazendo", disse. Sobre a possível intenção de ter agido para conquistar votos, respondeu que o trabalho dele é o de ajudar as pessoas, mas diferentemente do que costumeiramente faz, naquela ocasião não poderia ir com o próprio carro e por isso o assessor levou o paciente com o carro da Câmara. "Não, não, isso eu não faço mais para não me encherem o saco mais, porque vocês só enchem o saco", foi a resposta sobre se continua usando o carro oficial para transportar os moradores de Votorantim.
Bruno de Almeida afirmou que essa seria uma prática normal desde quando foi instituído o município de Votorantim, mas depois do flagrante do Cruzeiro do Sul os outros vereadores também pararam de dar carona. "Lá não tem nenhum santo não, lá todo mundo é diabo, todo mundo faz as coisas erradas, e não é só Votorantim, vocês fuçam tanto Votorantim, tanta coisa para verem em Sorocaba e vêm fuçar em Votorantim, dá licença, por favor", reclamou o vereador do interesse da reportagem pelo caso.
O advogado Adilson Houlenes Mora faz a defesa do assessor parlamentar do vereador, Thiago da Silva Schiming. Segundo o advogado, o vereador Bruno de Almeida foi procurado por representante da mesa diretora da Câmara propondo que o assessor Thiago assinasse uma advertência e o caso seria arquivado. Na opinião do advogado, o processo administrativo só foi instaurado para apurar a responsabilidade do assessor porque não há lei restringindo o vereador de autorizar a carona. "Por que não disciplina o uso do carro proibindo o munícipe de entrar no carro?", questiona o advogado sobre as decisões da mesa diretora. Adilson Mora enfatiza que não houve responsabilidade do assessor, uma vez que ele cumpriu determinação superior e cuja determinação entende-se perfeitamente legal e adequada à habitualidade dos trabalhos dos vereadores. Acrescentou que se houver alguma penalidade ao assessor ele recorrerá à Justiça.
O advogado solicitou à Câmara um relatório discriminando o uso dos veículos de todos os vereadores no período do último ano. Também pediu a convocação de três ex-presidentes do Legislativo de Votorantim para explicar se existe a previsão legal sobre a permissão ou proibição da carona. Mas lamentou que a presidente do processo administrativo, a assessora jurídica da Casa de Leis, Laudicéia Nogueira Soares, tenha negado o relatório dos veículos. A justificativa da advogada Laudicéia Soares por ofício ao advogado, foi que essa sindicância não é o meio adequado para a apuração das condutas dos outros vereadores e questionou o advogado a respeito da pertinência e relevância das informações que solicita. O advogado respondeu que a lei da "transparência pública" determina dar conhecimento de todas as informações detalhadas ao cidadão comum.
O caso
No dia 12 de abril deste ano, o Cruzeiro noticiou que um assessor do vereador Bruno ofereceu uma carona a um munícipe de Votorantim, utilizando o carro oficial com placas 005 pertencente à Câmara. O veículo foi flagrado parado em frente a um centro de fisioterapia próximo à Estação Rodoviária de Sorocaba, por volta das 17h45 do dia 10. Quinze minutos depois, o assessor, identificado apenas como Tiago, abriu a porta do veículo para dar entrada a um paciente, que estava acompanhado de uma senhora. Eles foram deixados no Jardim Araújo, Votorantim, onde moram.

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