José Antonio Rosa
Caso aconteceu na UBS da Vila Nova Votorantim, na 2ª feira - Por: Erick Pinheiro
O furto de um rolo de esparadrapo avaliado em R$ 10 levou o vidraceiro F.B.S., 35 anos, à prisão. O caso aconteceu na segunda-feira. Sem dinheiro para pagar a fiança arbitrada em R$ 622 (valor do salário mínimo) pela delegada Maria Silvia Fonseca Joly, ele foi recolhido ao Centro de Detenção Provisória (CDP) de Sorocaba. A família do acusado foi avisada do ocorrido, mas recusou-se a arcar com o pagamento.
F.B.S. buscou por atendimento na Unidade Básica de Saúde (UBS) da Vila Nova Votorantim. Ele estava ferido em razão de uma queda, e foi até a unidade. Indignado com a demora, F.B.S. exigia uma tipoia para enfaixar o braço, invadiu uma das salas da UBS, onde outra pessoa era medicada e, de lá, retirou o esparadrapo. O segurança o deteve e chamou a polícia. Levado ao plantão local, o acusado, que já tem passagem por furto, foi autuado em flagrante. Ele deverá ficar preso por pelo menos 30 dias, caso não efetue o pagamento da fiança.
A Secretaria de Comunicação da Prefeitura informou que não teve outra alternativa, se não a de comunicar o fato à polícia. "A pessoa que procurou socorro na UBS estava embriagada, e se portou de maneira inconveniente. Não fosse por isso, ainda invadiu uma sala onde outro paciente recebia cuidados e se apropriou de bem público. Essa conduta não pode ser aceita. Agimos dentro do que a lei determina", disse o secretário César Silva.
O vidraceiro mora sozinho num cômodo nos fundos de propriedade de seus pais. Os vizinhos ficaram surpresos ao saber que ele havia sido preso. "É um coitado, não faz mal a ninguém. O problema dele é com a bebida, infelizmente. Vive largado e recebe ajuda de muita gente aqui que fica com pena. Eu mesma levo comida sempre e, de vez em quando, ajudo a arrumar a casa. O que ele precisa é ser internado, mas até de hospital ele já fugiu", contou Cecília Santos Alves.
Dirceu Laureano contou que o vizinho "está solto no mundo". "Foi essa a vida que ele escolheu. Todo mundo aqui aconselha, pede para ele ter cuidado, andar direito, mas parece que não adianta. Quem sabe, na cadeia, ele receba mais atenção do que aqui fora. Às vezes tem de acontecer alguma coisa mais séria na vida, para o sujeito se encontrar, tomar rumo. Vai ver que como ele será assim também".
Especialistas ouvidos pela reportagem disseram que a prisão pode ser revogada. F.B.S. pode requerer o benefício da liberdade provisória, ou até mesmo de um habeas corpus. Advogados consultados entendem que a desproporção entre o valor do objeto furtado (no caso, o rolo de esparadrapo) e o da fiança arbitrada não justificaria a detenção. Não fosse por isso, o indiciado também não oferece risco.

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