Notícia publicada na edição de 11/12/2012 do Jornal Cruzeiro do Sul, na página 3 do caderno A
A arrecadação proporcionada pelo Grupo Votorantim foi o motor econômico da virada histórica, que viria corrigir aquilo que os votorantinenses acreditavam ser uma grande injustiça
A alegria com que centenas de
pessoas festejaram os 49 anos de emancipação político-administrativa de
Votorantim debaixo de um sol de rachar mamona, no sábado pela manhã,
revela o espírito peculiar de um povo que é mais do que habitante - é
fundador da cidade onde vive.
Diferentemente de outras cidades que se desenvolveram a partir de
povoações, o município de Votorantim é resultado da soma de um processo
histórico, iniciado ainda no século 17 com a vinda do bandeirante
Pascoal Moreira Cabral, com um projeto político, econômico e
administrativo, gestado na segunda metade do século 20, fruto de
insatisfações acumuladas e da certeza de que o desenvolvimento do antigo
bairro e distrito de Sorocaba passaria, obrigatoriamente, por uma
separação.
Decorridos 49 anos, os votorantinenses ainda se emocionam com as
histórias contadas pelos vanguardeiros, como são chamados os moradores
do antigo distrito que levaram adiante a campanha emancipatória. O marco
dessa memorável epopeia política foi o plebiscito realizado em 1º de
dezembro de 1963, em que o "sim" à emancipação venceu o "não",
escancarando o caminho para o início de uma existência administrativa
autônoma - embora umbilicalmente ligada a Sorocaba por aspectos
geográficos, humanos, econômicos e culturais.
A arrecadação proporcionada pelo Grupo Votorantim, com suas fábricas de
tecidos, cimento e papel, foi o motor econômico da virada histórica, que
viria corrigir aquilo que os votorantinenses acreditavam ser uma grande
injustiça: afinal, Sorocaba retirava do distrito quase a metade de sua
arrecadação, mas retornava muito pouco em investimentos para melhorar as
condições de vida de seus moradores.
Hoje, a arrecadação continua sendo o ponto central das discussões em
Votorantim, como ficou evidente durante os debates da campanha eleitoral
deste ano. De acordo com informação do prefeito Carlos Augusto Pivetta
(PT), em sabatina realizada por este jornal no começo de setembro, a
arrecadação de ICMS, que sempre foi o carro-chefe das finanças
municipais devido à pujança do Grupo Votorantim, caiu de 0,27% da
arrecadação estadual para cerca de 0,14%, desde o ano 2000.
"Em dinheiro de hoje, nós podemos dizer que significa algo em torno de
R$ 17 milhões que o município vem perdendo ano a ano desde 2000,
justamente porque no passado não se fez uma política de visão de
crescimento industrial. Apostou-se no Grupo Votorantim e o resultado
esta aí: diminuiu a produção", afirmou Pivetta.
O declínio das atividades do Grupo Votorantim na cidade que o viu nascer
colocou os votorantinenses diante de um enorme desafio, que consiste em
responder às demandas crescentes de uma população de 110,9 mil
habitantes (segundo dados do IBGE e Fundação Seade) num cenário de
reorganização econômica. Carências profundas nas áreas da habitação,
saúde e saneamento, que Pivetta começou a enfrentar no final de seu
governo com o programa Votorantim sem Favelas e a municipalização dos
serviços de água e esgoto, estão entre os desafios que o prefeito eleito
Erinaldo Alves da Silva (PSDB) precisará encarar a partir de 2013.
Nada disso, porém, é suficiente para ofuscar a festa dos
votorantinenses, que veem com orgulho a economia de sua cidade se
diversificar, com a vinda de Alphaville e do Shopping Iguatemi, entre
inúmeros investimentos nos setores imobiliário, comercial e de serviços.
Votorantim, nos 49 anos da emancipação, é ainda a terra do sim, e o
sentido de união e confiança da população em torno da superação das
dificuldades não é diferente daquele que, em 1963, levou uma geração de
sonhadores a fazer história.
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