Por Fernando Grecco
“Fazer a crítica a
esse perverso programa (BBB) deve ser obrigação de qualquer um que pensa o
país. O show da Globo é uma violência explícita, cruel, nefanda, sinistra e
miserável...” (Elaine Tavares)
Há poucos dias tratamos da escória da televisão brasileira, não havendo, portanto, qualquer necessidade de novamente abordar essa temática. No entanto, mais uma vez o fastígio da ignorância, o cume da excrescência e da boçalidade do País foi retomado. O supra-sumo da vulgarização da mulher ganha seus contornos mais significativos. É o Big Brother Brasil, programa que expõe o quanto imbecis ainda somos, já que o Reallity Show, atopetado de idiotices e banalidades, ajuda veementemente a retardar cada vez mais o processo, já vagaroso, de desenvolvimento mental da sociedade brasileira.
Conclui-se, em poucos
minutos frente à televisão, que o preceito fundamental para ser telespectador
do BBB é primar ininterruptamente pelo mau gosto extremo, demonstrando
inequivocamente que a alienação e a insanidade são tamanhas que já fugiram por
muito tempo do seu controle. Todavia, é de se constatar que a bronquice desse telespectador
foi concebida durante séculos através de uma política de opressão e exploração
das massas trabalhadoras. Ironicamente, esses atos tirânicos foram patrocinados
pela mesma emissora que hoje exibe essas imoralidades em horário nobre.
Assistimos a um
espetáculo de fofocas, intrigas forjadas, frivolidades e comentários da vida de
pessoas desocupadas que, 24 horas por dia, exibem seus corpos moldados em
academias. Corpos magníficos, irreprocháveis, inversamente proporcionais às
suas capacidades de raciocínio. Há, a cada versão, sempre uma nova gíria
infestando o ambiente. Pérolas da idiotice declarada.
Eles, os
participantes de vocabulário limitado, são os “heróis” de Pedro Bial. Por que
uma bando idiotas, trancafiados em uma mansão e vivendo de lubricidade,
ostentação e desperdício são considerados heróis? E o brasileiro que sobrevive
com um salário mínimo, que trabalha extenuantes 44 horas semanais, que enfrenta
o trânsito, as enchentes e a violência? Eles não são heróis?
Assim a Rede Globo contribui decisivamente para a nossa miséria intelectual, despolitizando-nos e tornando-nos tão acéfalos que a cada dia mais somos reféns da nossa própria estupidez. A emissora é especialista em programas e novelas de conteúdo intelectual nulo que ajudaram e continuam a contribuir, em muito, para adoecer o País e promover o emburrecimento a nível coletivo.
Assim a Rede Globo contribui decisivamente para a nossa miséria intelectual, despolitizando-nos e tornando-nos tão acéfalos que a cada dia mais somos reféns da nossa própria estupidez. A emissora é especialista em programas e novelas de conteúdo intelectual nulo que ajudaram e continuam a contribuir, em muito, para adoecer o País e promover o emburrecimento a nível coletivo.
Não nos restam
dúvidas que são essas aberrações da Rede Globo, bem como do SBT, Band, Record
etc., que promovem o "sucesso" do pagode, axé, funk e outras
imundícies que se ouvem em todos os bares, lanchonetes e lugares públicos do
nosso País. A implicação disso é inevitavelmente uma futura geração bem pior se
comparada a essa em que vivemos, onde os brasileiros estão enclausurados no seu
conservadorismo antiquado e prejudicial à evolução moral, espiritual e cultural
de nossa espécie. Não se enxerga que quanto mais se difunde a ignorância e a
aculturação, maior será o distanciamento de efetivos valores sociais e cívicos.
Não constatamos, até hoje, que esse programa é a morte da cultura, da ética, da
dignidade e da vergonha. É assim que explicamos as razões pelas quais somos um
País desigual, injusto e violento. A conquista de bens sociais só é concebível
a uma população politicamente madura, fator que está bem longe da nossa
realidade.
Lamentavelmente essa
praga importada, vulgarmente conhecida por BBB, dissemina-se como um câncer em
constante e eterna metástase, rechaçando a tese daqueles que ainda acreditam
que podemos ter uma população educada, politizada, conscienciosa de seus
direitos, deveres e da realidade cruel da péssima distribuição de renda que trava
o desenvolvimento do País e é responsável direta pela violência diária a que
assistimos.
*Artigo publicado orginalmente
em janeiro de 2011, ocasião em que se iniciava mais uma edição do BBB.
Considerando que o teor do programa é o mesmo, o conceito a ele atribuído
também não sofreu alterações.
Fernando
Grecco
é articulista político.
www.fergrecco.blogspot.com
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