Notícia publicada na edição de 09/02/2013 do Jornal Cruzeiro do Sul, na página 007 do caderno A
Daniela Jacinto
O Carnaval da Inclusão aconteceu na Praça de Eventos, em Votorantim - Por: ALDO V. SILVA
Pacientes e internos de hospitais
psiquiátricos da região participaram ontem, no período da tarde, do
Carnaval da Inclusão, em uma tenda especial montada na Praça de Eventos
Lecy de Campos, em Votorantim. Com muita alegria, 394 pacientes de
clínicas e hospitais das cidades de Sorocaba, Salto de Pirapora,
Votorantim e Piedade dançaram animados por uma banda que interagiu
bastante com o público. Todos demonstraram gostar muito de Carnaval e
teve até mesmo quem subiu no palco para dançar e fazer coreografias, com
o incentivo do vocalista.
Durante o evento, foram oferecidos gratuitamente aos participantes
lanches, refrigerantes e máscaras de Carnaval. Alegres e simpáticos,
muitos foliões vieram cumprimentar a reportagem, entre eles Maria
Cecília Madalena, 53 anos, paciente do Hospital Psiquiátrico Santa Cruz,
de Salto de Pirapora, que fez questão de oferecer um poema, como disse,
"com muito amor e carinho": "O perfume da rosa branca / Espalhou pela
cidade / Eu ofereço à Daniela / Muita saúde e felicidade", recitou,
fazendo questão que fosse anotada cada palavra.
Maria Cecília, que aproveitou uma pausa da banda para lanchar, disse que
estava feliz por participar do Carnaval. "Mas minha vontade é sair do
hospital e trabalhar na casa de alguma família", confidenciou.
Já Jeancarlo estava tão ansioso para conversar que não conseguiu
informar seu sobrenome nem a idade, mas repetia o tempo todo para avisar
o seu amigo Zeca, que mora em São Paulo, que ele está internado no
hospital Santa Cruz.
Para Gilberto Carvalho, 51 anos, a festa também estava muito boa. "A
banda é ótima", elogiou. Ele contou que foi abandonado pela família
ainda pequeno, mas que formou outra família no Hospital Vera Cruz, de
Sorocaba, e que gosta muito de lá.
Mãe de três filhos, com 17, 16 e 14 anos, Daniela Cunha Fonseca, 34
anos, conta que há mais de 10 anos sofre de depressão pós-parto. "Meus
filhos moram com o pai porque sou internada direto, não saro. Já fui
internada no Teixeira Lima, no Mental, e agora faço tratamento no Caps
de Votorantim. Hoje estou melhor", disse ela, que aproveitou para
elogiar a festa. "Acho bom porque a gente quase não tem nada pra nós",
enfatizou.
Em um momento em que muito se fala em luta manicomial, que defende o
fechamento dos hospitais psiquiátricos, na opinião de Daniela tem gente
que precisa ficar internada. "Eu, por exemplo, comecei a tirar a roupa,
tentava me jogar no rio, falava com gente morta e cheguei a comer sete
pratos em um só dia. Se me deixassem eu comeria o dia inteiro. Estou
melhor, mas é por isso que penso que tem gente que não tem condições de
ficar em casa."
O evento, organizado pela Associação Cultura Votorantim, teve como
objetivo proporcionar o contato dos pacientes com a comunidade, em um
momento de lazer e diversão. "Este é o oitavo ano que fazemos o
"Carnaval da Inclusão", mas desta vez estamos contando com o apoio da
Prefeitura", ressalta o produtor Werinton Kermes, presidente da
Associação.
Estiveram presentes os hospitais psiquiátricos Teixeira Lima, Vera Cruz,
Mental Medicina Especializada e Jardim das Acácias, de Sorocaba; Santa
Cruz, de Salto de Pirapora; e Vale das Hortênsias, de Piedade. Também
marcaram presença pacientes do Centro de Atendimento Psicossocial (Caps)
de Votorantim; Caps Mental Medicina Especializada e Serviço de
Atendimento Pró-Saúde (Saps), ambos de Sorocaba; e Clínica Psiquiátrica
de Salto de Pirapora.

Nenhum comentário:
Postar um comentário
Observação: somente um membro deste blog pode postar um comentário.