Geração de renda - Alunas do Cras Novo Mundo idealizam cooperativa para vender artesanato

 Os cursos do Cras são gratuitos, atraem cerca de vinte alunas por turma e acontecem de segunda a sexta-feira, nos períodos da manhã e da tarde. A maior parte das alunas é beneficiária do Bolsa Família ou frequenta outros serviços oferecidos no Cras.

 

Entre linhas, lãs, agulhas, tecidos, cola e materiais recicláveis, mulheres residentes na região do Jardim Novo Mundo, em Votorantim, resgatam a autoestima, esquecem os problemas do dia-a-dia, desenvolvem talentos e habilidades, aprendem a trabalhar em equipe e, depois deste caminho percorrido, começam a vislumbrar uma fonte alternativa de renda. O grupo de alunas do Centro de Referência da Assistência Social (Cras) Novo Mundo se organizou e está preparando um estoque de peças de artesanato para vender em sistema de cooperativa.

As aulas de crochê, tapeçaria, artesanato, biscuit, pintura em tecido e costura atraem mulheres de todas as idades. Adolescentes, filhas, mães e avós têm em comum a vontade de aprender algo novo para enfeitar a casa, para presentear uma amiga e também para melhorar a renda doméstica. "Algumas aprendem e já começam a vender para as vizinhas e família, mas os materiais produzidos aqui estavam acumulando, então sugerimos a criação da cooperativa o que deu uma nova motivação para todas", contou a secretária do Cras, Regina Oliveira Alquati.

Com o estoque aumentando, o Cras Novo Mundo busca apoio para a realização de pequenas feiras para vender tapetes, passadeiras, guardanapos, suportes para papel higiênico, quadros, porta-retratos, sacolas, sabonetes, aromatizadores de ambiente e uma grande variedade de outros produtos preparados com muito carinho por alunas e professoras voluntárias.

Inês Olegário Silva de Almeida é professora de crochê há três anos e fala com satisfação sobre a experiência de ensinar o que sabe. "Vim para as reuniões e logo comecei a passar o que sei para as outras, hoje fico muito satisfeita com esse resultado", comemora olhando a mesa quase lotada de artesanatos.  Ela explica que o tempo de aprendizado varia mas, em geral, na primeira aula é possível aprender a fazer crochê em guardanapos.

Foi assim com Adrieli Monique Ribeiro de Moura, de 12 anos. Quando a vizinha contou que o Cras oferecia aulas gratuitas de crochê, ela logo se interessou. "Já faz um ano que eu venho, faço guardanapos e toalhas", contou Adrieli que no período da tarde frequenta o sexto ano escolar.

Há, ainda, quem começou como aluna e hoje é professora, como Maria Marlene Alves que ensina costura e patchwork. "Faço aula de crochê e artesanato e agora comecei a dar aulas de costura", explicou Marlene mostrando a colcha de casal que está preparando para vender na cooperativa: "Já vendia algumas coisas, mas dizem que a união faz a força e eu estou animada com a cooperativa", concluiu. Cheia de criatividade, Tatiana de Carvalho Silva, também está satisfeita com a proposta e diversificando sua produção e as aulas que ministra utilizando EVA, vidro, madeira e material reciclado.

Lição de vida

As aulas no Cras também proporcionam uma boa conversa e companhia para quem precisa. Há dois anos, Maria Aparecida da Paz nem poderia imaginar que conseguiria se recuperar de uma depressão severa. Ela era acompanhada pelo psicólogo do Cras e foi estimulada a participar das aulas de artes, mas em algumas fases difíceis não conseguia sair de casa. Quando isso acontecia, Regina Alquati, a secretária do Cras ia buscá-la. "Várias vezes, ela e outras amigas me tiraram da cama, porque eu não tinha vontade de sair. Sozinha eu não teria conseguido", explica Aparecida.  

Hoje, ela conta essa história de superação com tranquilidade e afirma com certeza que as aulas e a companhia que têm no Cras ajudaram na recuperação. "Gosto de vir aqui, aprendo coisas novas e agora vou poder ganhar um dinheirinho também", concluiu a dona de casa que agora também é artesã. 

 

Serviço: Quem quiser conhecer o trabalho do Cras Novo Mundo, comprar os produtos feitos pelas alunas ou participar das aulas pode comparecer de segunda a sexta-feira, das 8h às 17h, na rua Padre Luiz Scrosoppi, 260. O telefone para mais informações é o 3247-6062

 

SECOM (PMV)