Jornal Cruzeiro do Sul
Carolina Santana
O avanço na ocupação irregular de uma área pública no Jardim Primavera, em Votorantim, foi evitada pela Prefeitura no último fim de semana. Moradores de três barracos, dos mais de 30 que estavam sendo construídos, vão por enquanto continuar ali e não tiveram suas casas derrubadas, ao contrário das demais, cujos responsáveis estão impedidos de reerguê-las. O alerta foi feito sábado, durante ação da Prefeitura e Polícia Militar. Os moradores dos três barracos, os primeiros construídos ali, tinham recebido notificação e visitas de fiscais do município. Agora, aguardam pelo serviço de assistência social da cidade. Diante da indefinição, relatam a sensação de medo e insegurança.
Livina Dias Marinho, 38, é a moradora mais antiga da área invadida. Ela conta que está no local há duas semanas com os três filhos, entre 4 e 16 anos de idade. Junto com a vizinha, a costureira, Sônia Maria Celere da Costa, 54, ela espera a chegada de assistentes sociais da Prefeitura. No último dia 25 as duas receberam a visita de fiscais do município. As duas foram notificadas para deixar o local em 24 horas, prazo que teria se encerrado na terça-feira.
Apesar da notificação, segundo elas, o fiscal teria prometido a visita de assistentes sociais. "Ele disse que não vão mexer comigo até a assistente social vir conversar com a gente", afirmou Livina. Com três filhos e desempregada, ela conta que morava na casa da irmã, mas teve problemas com o cunhado e teve de deixar a casa.
A mesma situação é relatada por Sônia. Sozinha, ela diz que não tem aposentadoria e não pode mais morar com o filho, a nora e os netos. "A gente quer o cantinho da gente, já tenho idade e não posso ficar morando de favor. É muito difícil", lamenta a costureira que, por conta da precariedade de sua nova moradia, não tem energia elétrica para costurar e conseguir seu sustento.
Mesmo com as dificuldades relatadas de falta de água e luz, tanto Sônia como a Livina aceitariam pagar pela área que elas afirmam ser da Cohab, em referência a um plano habitacional do governo do Estado. "Essa área aqui estava largada, abandonada. A gente quer cuidar, a gente limpou e queremos pagar para ficar aqui", disse Sônia. Caso elas sejam obrigadas a deixar a área pedem para que tenham atendimento social por parte do município. "Somos pobres mas temos dignidade, não podemos ficar na rua", diz a costureira.
Quanto à ação realizada pela Prefeitura e Polícia Militar no sábado, amiga das famílias, a dona de casa Débora Cristina da Silva, 34, compara a cena a enredo de filme policial. "Parecia que estavam caçando bandido. Tinha muita polícia e até um helicóptero ficou sobrevoando aqui. Ninguém tá roubando nada de ninguém. Essa área aqui é pública e eles têm o direito de ter um lugar para morar." O filho de Sônia, Ronaldo Celere, 35, contou que a operação só parou depois da chegada da imprensa ao local. A Prefeitura de Votorantim alegou que, por ser final de semana, não poderia comentar o assunto e hoje deve se manifestar.

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