Caminhada da Penha mobiliza 3 mil pessoas

Jornal Cruzeiro do Sul
Maíra Fernandes

Forte chuva no período da manhã, que transformou a estrada em lama, não desanimou os caminhantes

- Por: Aldo V. Silva

 O percurso foi tomado por neblina na maior parte da manhã. São percorridos 20 quilômetros - Por: Aldo V. Silva

 "Nesse ano, as pessoas que participaram estavam com uma proposta mais religiosa", frisou Beto, o idealizador - Por: Aldo V. Silva

Cerca de 3 mil pessoas percorreram ontem os 20 quilômetros entre a cidade de Votorantim (Vila Dominguinho) e o bairro do Carafá, na Serra de São Francisco, para acompanhar a 15ª edição da Caminhada da Penha. O número superou a expectativa do idealizador e organizador Paulo Roberto Ferreira Camargo, mais conhecido como Beto, que destacou ainda outra particularidade do evento: "Nesse ano, as pessoas que participaram estavam com uma proposta mais religiosa. A maioria fez o percurso em oração, muitos descalços ou com chinelos de dedo por alguma intenção."

A caminhada longa de cerca de 5 horas foi ainda dificultada pela forte chuva no período da manhã, que transformou a estrada em lama. "O barro torna a caminhada pesada, mais difícil, mas não houve nenhum incidente", contou Beto, emocionado com a proporção que o evento, criado por ele em um bar, tomou, a ponto de mobilizar não apenas pessoas de Votorantim, mas de outras cidades da região e até fora do Estado de São Paulo. "Veio gente até do Rio de Janeiro, eu fico muito emocionado. Durante a caminhada, parei algumas vezes para refletir sobre a proporção que isso tudo chegou."

O padre Fábio Ferreira, que celebrou a missa em frente à Capela da Penha, reforçou a importância dessa caminhada. "Ela tem uma importância singular dentro da comunidade e um vínculo de ordem cultural." Para ele, as demonstrações de fé ao longo do percurso são um exemplo disso, e que supera a questão institucional da Igreja Católica, já que agrega pessoas independente da crença ou da prática religiosa.
Com fé ou com vontade, os caminhantes que saíram da Paróquia de São José, na Vila Dominguinho, às 4h30, enfrentaram o cansaço e as dificuldades ocasionadas pela chuva para concluir o percurso tomado por neblina na maior parte da manhã. A lama nas roupas de crianças, jovens e idosos denunciava os percalços do caminho. Mesmo assim, nenhum entrevistado disse ter se arrependido da empreitada, pelo contrário, a ideia é retornar na próxima edição.

"Eu morava em Ubatuba e sempre quis participar, mas nunca deu certo. Quando soube que aconteceria a caminhada não pensei duas vezes e vim", falou o ajudante geral, Eduardo Martins de Barros, 40, cuja intenção foi agradecer e pedir bênçãos para a sua família. Mas ele não foi sozinho. "Quando disse que vinha, minha filha já me disse: vou junto, pai!" Barros estava acompanhado da filha Pollyana Trigueiro de Barros, 10 anos. A menina aprovou o passeio, "mas é cansativo, escorreguei algumas vezes", alertou.
Participando também pela primeira vez, a estudante Ísis Roque Vieira, 18, também gostou da caminhada, e pretende refazê-la outras vezes. "É divertido, vem bastante gente, e quando começou a chover, paramos em um local para esperar melhorar e seguir em frente", contou.

Para os católicos, a caminhada terminou com a queima de fogos anunciando a chegada da imagem de Nossa Senhora da Penha e o início da missa, por volta das 10h. Depois de terminada a celebração, um ônibus levou os caminhantes até Votorantim. "Preciso agradecer a todos que nos ajudaram, principalmente a Prefeitura, que fez reparos na estrada e no entorno da Capela, instalou banheiros químicos, cedeu ambulância, caminhão para a alimentação, além do trabalho da Polícia Militar e da Guarda Municipal", comemorou o organizador do evento.