Outras 14 pessoas foram identificadas no tráfico de drogas; seis seguem foragidas
Júlio Popts, o socorrista do Samu-192, é o terceiro à esquerda (Foto: Fernando Rezende)
OPERAÇÃO MALIBU
A denúncia de que um socorrista do Serviço de Atendimento Móvel de
Urgência (Samu-192) de Votorantim estaria comercializando maconha
utilizando o carro de emergência médica, levou a Polícia Civil de
Sorocaba a iniciar uma investigação, há cerca de três meses. Nesse
período, os agentes identificaram Júlio Marcos Popts, 43 anos, como o
denunciado e, por intermédio dele, descobriram uma ramificação de
pessoas envolvidas numa quadrilha de traficantes, onde a maioria tinha
passagens pela polícia. Conforme a polícia, esses indivíduos atuavam no
comércio interestadual de drogas em cidades do Mato Grosso do Sul, e nas
paulistas Limeira, Votorantim e Sorocaba.
Na manhã de ontem, os delegados Alexandre Cassola (titular da Delegacia
de Investigações Sobre Entorpecentes – Dise), Júlio Guebert (diretor do
Departamento de Polícia Judiciária do Interior – Deinter-7), Marcelo
Carriel (Seccional de Sorocaba), e Basílio César de Sá Cassar
(assistente de Cassola na Dise), apresentaram os detidos em Sorocaba e
Votorantim e explicaram o funcionamento do esquema praticado pelo grupo.
As prisões são resultados da operação, que recebeu esse nome em alusão
ao seriado norte-americano “S.O.S. Malibu”, que mostrava o trabalho de
salva-vidas. Como o líder da quadrilha desmantelada era um salva-vidas,
os policiais nomearam assim a ação criminal deles.
Conforme os delegados, Popts fazia uso da ambulância do Samu-192 para
entregas e distribuição de drogas, evitando, assim, suspeitas e
possíveis abordagens policiais. As autoridades ressaltaram que o
Samu-192 desconhecia a prática ilícita do funcionário. Com a
identificação do denunciado, os investigadores conseguiram chegar a
Marcos Antônio Rodrigues, 38 anos. Esse foi apontado como sócio de Popts
e como conhecido nos meios policiais pela extensa ficha criminal que
possui. O braço direito dessa dupla era Leonardo Augusto Rosa, que seria
uma espécie de gerente responsável pela administração dos pontos de
vendas do grupo.
Popts foi preso em sua casa, no Jardim Serrano, em Votorantim, na manhã
da última segunda-feira, em cumprimento ao mandado de prisão temporária e
de busca domiciliar, expedidos pela Justiça de Votorantim. Na casa
dele, foram encontrados extratos bancários e comprovantes de viagens
para o Mato Grosso do Sul, tudo indicando seu envolvimento com a
quadrilha. Aos outros, a polícia conseguiu chegar através de escutas
telefônicas, onde, além de drogas, negociavam armas de fogo e munições
de calibre restrito. Esses armamentos, após adquiridos, eram
distribuídos aos demais integrantes da quadrilha.
DROGAS VINHAM DE FORA – Durante os três meses de
investigações, foi constatado que as drogas comercializadas pelo bando
em Sorocaba e Votorantim vinham da cidade paulista Limeira - em maior
parte maconha - e de Dourados e Ponta Porã, no Mato Grosso do Sul,
devido à divisa com o Paraguai - de lá vinha mais cocaína. Por semana, o
grupo chegava a transportar de 40 a 50 kg de drogas.
No entanto, durante o cumprimento dos mandados de buscas domiciliares
dos indivíduos, os policiais civis apreenderam 5,5 kg de maconha e 1,5
kg de pasta base para cocaína, em Ponta Porã; e em Sorocaba, Votorantim e
Limeira, 200g de pasta base para cocaína, 94 microtubos de cocaína, 54
pedras de crack e centenas de frasconetes vazios.
Para o diretor do Deinter-7, Júlio Guebert, a quantidade de droga
apreendida foi pequena diante da logística do grupo, mas o objetivo da
Polícia Civil foi cumprido: retirar traficantes das ruas.
Também foram apreendidas armas de fogo, munições diversas, maquinarias
usadas para a recarga das armas e dois veículos: uma Mercedes A 160 e um
VW Gol, usados para o crime.
FUNCIONAMENTO DO ESQUEMA – Dos 15 identificados como
integrantes dessa quadrilha, um é adolescente de 17 anos. Sete foram
apresentados ontem na Dise, outros já estão presos no Mato Grosso do Sul
e seis continuam foragidos. Entre os que conseguiram fugir da polícia
está o braço direito, Leonardo, que na fronteira do País com o Paraguai
conseguiu fugir levando com ele certa quantidade de drogas, avaliada em
aproximados 50 kg de maconha.
Conforme a polícia, além de descobrir a ação do líder Popts e de seu
sócio, o “Dig”, também foi verificado o papel de outros traficantes
nessa organização. Ivo Gomes Ribeiro Junior e Edson Aparecido Adão, 34
anos, seriam administradores de pontos de venda de drogas em Votorantim.
Rafael da Silva Buriguel e Robson Henrique de Souza Forte foram
apontados como responsáveis pelo transporte dos entorpecentes, feito
pelas rodovias em carros ou ônibus interestaduais.
Já Delni de Souza Forte Medeiros, mãe de Robson, constou como a pessoa
que recebia as drogas de Popts para posterior distribuição. Outra mulher
detida, Cindy Moriel de Oliveira, 25 anos, é de Limeira e foi presa na
última segunda-feira. Conforme as investigações, ela movimentava a conta
bancária do grupo, fazendo depósitos e saques.
O local que servia para armazenar a droga vinda de fora era uma chácara
situada no bairro Caputera, em Sorocaba; o proprietário, Jorge Camilo
Martins, 60 anos, também foi preso. O armamento era fornecido por
Marcelo Soares Franco, 41 anos, que foi detido em sua casa, no bairro
Vossoroca, Votorantim. Como principais fornecedores de drogas para a
quadrilha, a polícia identificou Achiles Gonçalves Braz, Fábio Henrique
Vicente Firmino e José Carlos da Rocha.
Até o encerramento do inquérito, os policiais pretendem solicitar à
Justiça a apreensão dos veículos e imóveis identificados como fruto do
lucro adquirido pelos traficantes. Os presos foram autuados por tráfico
de drogas (reclusão de 5 a 15 anos com aumento de um sexto a dois
terços, em razão de o tráfico ser interestadual); associação para o
tráfico (de 3 a 6 anos); posse irregular de arma de fogo de uso
permitido (de 1 a 3 anos), porte irregular de munição de uso restrito
(de 3 a 6 anos); e comércio ilegal de arma de fogo (de 4 a 8 anos).

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