Marcelo Roma
Fundação Seade apontou também maior crescimento, na região, de empregos em administração e indústria
Operadores de comércio em lojas e mercados formam o contingente de 29.901 na região - Arquivo JCS/Luiz Setti
Em Sorocaba, as ocupações que mais se expandiram em seis anos foram alimentadores de linhas de produção, com 6.825 vagas no período; agentes e auxiliares administrativos (5.404); trabalhadores de coleta de resíduos, limpeza e conservação de áreas públicas (3.378); operadores de comércio (2.730) e porteiros e vigias (2.296). Os dados constam no Painel das Profissões, estudo da Fundação Sistema Estadual de Análise de Dados (Seade) que tabulou dados da Relação Anual de Informações Sociais (Rais), do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), para o período de 2006 a 2011. Foi divulgado este mês.
Na geração de postos de empregos na região, entre 2006 e 2011, as ocupações que mais cresceram foram de agentes e auxiliares administrativos (criação de 11.747 vagas), alimentadores de linha de produção (10.610), operadores de comércio em lojas e mercados (8.261), trabalhadores em coleta de resíduos, de limpeza e conservação de áreas públicas (3.923) e almoxarifes e armazenistas (3.265). Em contrapartida, os piores desempenhos na geração de postos de trabalho na região entre 2006 e 2011 foram de operadores de equipamentos de laminação (-2.104), trabalhadores no serviço de manutenção de edificações (-1.231), operadores de máquinas de costura de peças de vestuário (-629), instaladores ou reparadores de linhas e equipamentos de telecomunicações (-589) e ceramistas (-388).
A ocupação de operador de equipamentos de laminação também teve o pior desempenho no município de Sorocaba, conforme a Fundação Seade. Foram menos 2.108, seguido por instaladores e reparadores de linhas e equipamentos de telecomunicações, com menos 469, e trabalhadores de pintura em equipamentos, veículos e estruturas metálicas, com menos 429. Segundo o Painel das Profissões, os setores do comércio e administração são os que mais empregam no município de Sorocaba, seguidos pela indústria. Conforme o levantamento, o mesmo ocorre na região de Sorocaba. Foram contabilizados 31.926 agentes, assistentes e auxiliares administrativos na região e 14.991 em Sorocaba.
Operadores de comércio em lojas e mercados formam o contingente de 29.901 na região e 12.836 no município. Quanto aos alimentadores de linha de produção (indústria), foram 23.909 na região e 11.195 em Sorocaba.
Perfil
Os dados da Fundação Seade mostram que a maioria de agentes, assistentes e auxiliares administrativos da região de Sorocaba tem ensino médio completo (56%). As mulheres são 66,5% e os jovens de 16 a 24 anos, 34%. A remuneração média passou de R$ 1.040 em 2007 para R$ 1.399 em 2011. A região de Sorocaba analisada é formada por 18 municípios: Alumínio, Araçariguama, Araçoiaba da Serra, Ibiúna, Iperó, Itu, Jumirim, Mairinque, Piedade, Pilar do Sul, Porto Feliz, Salto de Pirapora, Salto, São Roque, Sorocaba, Tapiraí, Tietê e Votorantim.
Análise
Na opinião do economista e professor da Faculdade de Administração, Propaganda e Marketing (Esamc) de Sorocaba, João Silva Moura Neto, a região de Sorocaba segue "o mesmo movimento nacional, de fortalecimento do setor de serviços, que é refletido no expressivo crescimento de vagas para este setor (áreas administrativas, comércio, etc)."
Quanto aos postos de trabalho que tiveram variação negativa no período de seis anos da pesquisa, mostram a "reestruturação do parque produtivo local no período, onde por falta de competitividade alguns segmentos da indústria foram perdendo sua capacidade de gerar empregos na região, nos equipamentos de laminação e têxtil e costura por exemplo", considera o economista.
A média salarial dos agentes e auxiliares administrativos na região, conforme consta da pesquisa da Fundação Seade, registrou elevação acima da inflação acumulada no período, segundo Moura Neto. "O mercado de trabalho mais aquecido no período proporcionou ganhos reais de remuneração, representando assim aumento no poder de compra da categoria.
Laminadores
Os dados sobre a redução de operadores de equipamentos de laminação na região e em Sorocaba, no setor metalúrgico, apresentam um problema que é a análise de um período muito grande, segundo o economista Fernando Lima, da subseção do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) no Sindicato dos Metalúrgicos de Sorocaba. Normalmente, um levantamento com muitas informações tem que ser simplificado, sem detalhar itens mais complexos.
A planilha da Rais de Sorocaba abrange uma série de funções englobada como operador de equipamento de laminação e, entre 2006 e 2011, houve grandes oscilações em geração e redução de vagas, cita Lima. De 2006 a 2007, a fabricação de artigos de vidro eliminou 1.686 vagas, conforme a planilha, o que deve ter contribuído para o índice que considerou os seis anos, observa o economista. Além disso, houve redução de vagas nas empresas Alcoa e Gerdau (antiga Villares).
O setor de fabricação de máquinas e equipamentos para uso industrial não especificado também teve grande variação. De 164 em 2006 chegou a 2.337 no ano seguinte e a 18 em 2010, de acordo com a planilha da Rais. Lima lembra ainda que denominações são alteradas pelas empresas sem que necessariamente o trabalhador passe a ocupar nova função e isso também embaralha as estatísticas.
Na indústria de autopeças, que teve crescimento em Sorocaba nos últimos anos, geralmente não há a ocupação de operador de equipamento de laminação, por isso não tem representatividade nessa redução, observa o economista. "A partir da análise da Rais não é possível verificar uma mudança de padrão tecnológico na indústria metalúrgica de Sorocaba", diz Lima.

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