quarta-feira, 3 de julho de 2013

Pedreiro assassina cunhada e esfaquea mulher

 Rede Bom Dia
Adriane Souza 

 Homem de 44 anos é encontrado pela PM tentando embarcar para o Estado do Paraná, na Rodoviária de Itu

“Cansei de ser traído e decidi matá-la”. Foi esta a explicação que o pedreiro Cláudio Esprícigo de Faria, 44 anos, deu para tentar matar a mulher, uma dona de casa de 20 anos, na noite de sábado. Ele foi detido por policiais militares da Força Tática de Votorantim tentando fugir do Estado de São Paulo.

“Ele [Cláudio] já estava com a passagem comprada para o Paraná”, conta o sargento da PM Faria, que foi até a Rodoviária de Itu, na noite de anteontem, junto com os soldados Lopes e Carriel, para deter o acusado.

Aos militares, ele confessou o crime, sem demonstrar nenhum arrependimento. Naquela noite, o pedreiro tentou matar a mulher a golpes de faca e acabou atingindo a cunhada, Indaia Ramos Sanches, 30, que não resistiu aos ferimentos e morreu.

Tentativa de fuga/ Logo após o crime, na rua Ilerione Ceretta, no Parque Bela Vista, o pedreiro fugiu a pé. Duas ruas depois, ele enterrou a faca embaixo de uma árvore e desapareceu.

A Polícia Militar recebeu informações de que Cláudio tinha se refugiado em Sorocaba, no bairro Brigadeiro Tobias. Naquela ocasião, ele já falava em deixar o Estado de São Paulo e  ir para sua terra natal, que é Nova Olímpia, no Paraná.

Na segunda-feira ele voltou a Votorantim para reunir pertences pessoais e documentos. “Soubemos que o acusado estava perambulando pela cidade e que tinha a intenção de embarcar no Terminal Rodoviário de Itu”, destaca o sargento.

Os militares encontraram o pedreiro, que não tentou resistir a prisão, com a passagem em mãos. No caminho, ele contou que a faca usada no assassinato estava enterrada em frente a uma casa próxima da rua do crime.

Indiciado/ Com a arma do crime em mãos, os militares levaram Cláudio até a Delegacia Central. O BOM DIA perguntou o que o levou a esfaquear a cunhada e tentar matar a mulher, mas ele optou por não responder. “Não vai me ajudar em nada te contar alguma coisa, então eu já falei para os policiais e não tenho mais nada a dizer, me desculpe.”

Durante toda a madrugada, a Polícia Civil colheu o depoimento do acusado que confessou com detalhes o crime. Enquanto isso, novas buscas foram feitas na tentativa de reunir mais elementos para o inquérito. A prisão temporária do pedreiro foi decretada na manhã de ontem. Ele foi transferido para Cadeia Pública de São Roque.
Projeto de lei recomenda alterações na ‘Maria da Penha’A Comissão Parlamentar Mista de Inquérito que foi criada para  investigar a violência contra as mulheres apresentou, no fim de junho, um relatório com 68 contundentes recomendações gerais aos governos federal, estadual e municipal e a todo sistema judiciário, além de sugestões específicas aos 27 estados brasileiros, com o intuito de tornar mais dura a punição contra os que praticam crimes contra mulheres. A votação do relatório final será amanhã. A CPMI é presidida pela deputada Jô Moraes (PCdoB) e tem como vice-presidente a deputada Keiko Ota (PSB-SP). No documento, a relatora, senadora Ana Rita (PT-ES), recomenda mudanças pontuais na Lei Maria da Penha (11340/2006), a tipificação do feminicídio (assassinato de mulheres pelo fato de serem mulheres) como agravante do crime de homicídio e alterações na Lei dos Crimes e da Tortura (9.455/1997). Os projetos visam fortalecer o enfrentamento e o combate à violência contra mulheres no país. Também foram apresentados projetos aumentando a possibilidade de as vítimas obterem benefícios públicos, como auxílio transitório. Outro projeto altera a lei que dispõe sobre a organização da assistência social para instituir um benefício assistencial de um salário-mínimo mensal à mulher vítima ou em situação de violência doméstica que não possuir renda.
entrevista: Maristela Monteiro - AdvogadaAs mudanças devem melhorar a aplicação da lei
O BOM DIA procurou a advogada Maristela Monteiro, que milita contra a violência que vitima as mulheres. Ela falou sobre as possíveis mudanças na Lei Maria da Penha, que rege o âmbito doméstico.

BOM DIA: Se o assassinato contra mulheres for tipificado como feminicídio, sendo um qualificador do homicídio, acredita que irá reduzir este tipo de crime?
Maristela Monteiro: Acredito que sim. Mas não devemos adotar apenas o recrudescimento da pena como um fator de intimidação deste tipo de crime, acredito que a educação de gênero deva estar conjugada como ingredientes na pena, para que este homem realmente entenda o crime que cometeu e porque foi condenado.

BOM DIA: Avalia de forma positiva estas alterações? Por qual razão?
Maristela Monteiro: Sim, pois elas tendem a cada vez mais proteger a mulher da violência que é corrente em nosso país, apesar de já termos vários mecanismos para esta proteção o seu aprimoramento é essencial para demonstrar que a sociedade quer que este tipo de violência seja extinta e quem o pratica punido com severidade.

BOM DIA: Na sua opinião, qual a principal mudança que precisa ocorrer na Lei Maria da Penha?
Maristela Monteiro: Entendo que a mudança que precisa ocorrer são aquelas que visem a melhor aplicação do espírito da lei, ou seja, que não haja tergiversação sobre a punição e sua aplicabilidade sem o consentimento da vítima, ou seja, que se reafirme que os juízes não podem arbitrar fiança para os casos de violência contra mulher e nem facilitar a desistência feita pela vítima nesses procedimentos judiciais através de audiências que não  constam da lei .
MAIS
Investigação segueO delegado José Manoel Martins, do Setor de Investigações Gerais, é o responsável pelo inquérito. “Iremos concluir a investigação nesta semana e vou relatar o inquérito, pedindo a prisão preventiva do acusado”, explica.
3 dias é o período que Cláudio permaneceu fugindo da polícia
Entenda o crimeA dona de casa se desentendeu com o marido no sábado. Ela ligou 190 e foi orientada a registrar um boletim de ocorrência posteriormente e ir para casa de algum parente. Ela foi ao encontro da irmã e as duas saíram. Por volta das 20h, elas voltaram para casa e Cláudio apareceu segurando uma faca nova, de cabo avermelhado. A mulher carregava o filho do casal, de 2 anos, e mesmo assim ele atacou a dona de casa.

Sua irmã tentou impedir e levou cinco facadas, morrendo no local. A mulher recebeu cuidados médicos, mas passa bem. O filho de Cláudio e da dona de casa não foi ferido.

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