Folha de Votorantim
Valdinei Queiroz
Aumento na passagem dos ônibus urbanos seria de 20 centavos; pauta de reivindicações tem outros itensValdinei Queiroz
Um pequeno grupo de manifestantes de Votorantim, a maioria estudantes, foram ontem à noite às ruas do Centro para protestar sobre um possível reajuste da tarifa do transporte público na cidade. A passagem, que atualmente custa R$ 2,90, seria reajustada para R$ 3,10 (aumento em 6,9 %), conforme informaram os manifestantes. Cerca de 15 pessoas participaram do protesto, que chamou mais a atenção porque o grupo decidiu fazer a passeata na contramão da avenida 31 de Março.
A mobilização popular foi decidida depois que o diretor da Auto Ônibus São João, Marco Antônio Franco, disse à imprensa local que, ainda neste ano, haverá um aumento de 20 centavos na tarifa do transporte coletivo urbano. Tal informação fez com moradores e estudantes criassem o terceiro protesto, com o intuito de frear mais um reajuste da passagem.
Segundo Franco, a empresa precisa ser reembolsada e, se não receber esse aumento, a condição ficará difícil para a empresa. Ele ainda conta que a prefeitura não tem recurso para subsidiar mais 20 centavos. Atualmente, quem utiliza o passe unitário ou vale-transporte paga R$ 2,90. Agora quem usa o cartão integração paga R$ 2,30 na tarifa social.
Quando aconteceu o decreto do subsídio, final de 2009, a administração chegou a pagar R$ 0,20, R$ 0,30, R$ 0,40, até chegar a R$ 0,60 – atualmente. O último reajuste na passagem ocorreu em novembro do ano passado, de 7,04%. Na ocasião, somente as tarifas do vale-transporte e passe unitário tiveram aumento, de R$ 0,20, e passaram de R$ 2,70 para R$ 2,90.
A concessão do transporte coletivo no município começou em 2000, na gestão de João Souto Neto (PSDB), que, aliás, colocou o nome do seu avô no terminal urbano, que fica na avenida Vereador Newton Vieira Soares, na região central de Votorantim. Até 2000, a passagem do transporte custava R$ 0,49. Em 13 anos, a tarifa aumentou em 491,84%. A duração do contrato da concessão é de 20 anos.
Outras reivindicações
De acordo com o estudante Peter Lucas, 18 anos, um dos organizadores da manifestação, além de protestar quanto ao aumento da tarifa, o grupo de estudantes põe outras cinco demandas à tona: integração com o bilhete unitário; reforma do banheiro; segurança; fechamento do terminal; e criação de mais postos para recarga do cartão.
Um dos pedidos, de reforma do banheiro do terminal, a própria empresa Auto Ônibus São João está disposta a atendê-lo. "Depois que consertar, a ideia é colocar uma catraca para que apenas os usuários do transporte utilize o espaço", explica Lucas.
Já a integração com o bilhete unitário, Franco orienta os passageiros a solicitarem o cartão unitário recarregável, que possui integração de 70 minutos. Em relação à segurança, Lucas diz que o grupo conversou com o prefeito Erinaldo Alves da Silva (PSDB) para melhorar a situação de segurança do terminal urbano. De acordo com o estudante, o prefeito disse que irá comunicar ao secretário de Segurança Comunitária, Trânsito e Transporte para que haja mais ronda da Guarda Civil Municipal (GCM) pelo local.
Além disso, o grupo de manifestantes colocou em pauta o fechamento do terminal, como acontece em Sorocaba. Franco alega que, se isso for feito, terá que aumentar o quadro de funcionários, o que implicaria num investimento alto, tal como contratar uma empresa para fazer a segurança do terminal e, também, ter funcionários para ficar na catraca de acesso (entrada e saída). "Com a arrecadação que temos, não há como fazer tudo isso", explica Franco.
Quanto à criação de novos pontos de recarga do cartão, o estudante conta que a empresa irá estudar a implantação. "Difícil o usuário ir até o terminal para recarregar o cartão. O correto é ter algum unidade perto de sua residência", sugere Lucas.
Em relação às conquistas, o estudante Gabriel Soares conta que o grupo, até o momento, conquistou o policiamento em torno do terminal e as reformas do banheiro e das três pistas de skate.
Trajeto
A concentração do protesto de ontem aconteceu no Complexo Urbanístico "José de Oliveira Souza" (praça Zeca Padeiro) às 17h. Por volta das 18h30, os manifestantes começaram a caminhar pela avenida 31 de Março, em sentido contrário, em direção ao Terminal de Ônibus Urbano João Souto, que é o ponto-chave da mobilização popular. A manifestação foi pacífica, sem necessidade de intervenção da Polícia Militar (PM) e da GCM, que acompanharam o trajeto sem precisar intervir.
Este é o terceiro protesto no município. O primeiro ocorreu em 21 de junho e contou com aproximadamente 2 mil pessoas, um número que representou uma das maiores mobilizações que já teve em Votorantim.
A segunda mobilização ocorreu em 10 de julho e contou com a presença de 30 manifestantes. No mesmo dia, já na Câmara Municipal, o número cresceu para 45 pessoas.
Próxima mobilização
O próximo passo, de acordo com Lucas, é reivindicar melhorias na saúde. Depois do protesto de ontem, o grupo de estudantes irá até o Pronto-Atendimento (PA) e, também, em algumas Unidades Básicas de Saúde (UBSs), para averiguar o que cada unidade necessita, principalmente o que o paciente mais reclama na saúde do município.
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