sábado, 10 de agosto de 2013

Na prática, região metropolitana já existe


Notícia publicada na edição de 10/08/13 do Jornal Cruzeiro do Sul, na página 6 do caderno A 
Rosimeire Silva

Diariamente, 87 mil pessoas se deslocam entre os 22 municípios da região para trabalhar ou estudar
 
Movimento em rodovias importantes que cortam a região, como a Raposo Tavares, comprova o deslocamento cada vez maior entre os moradores das cidades vizinhas - Arquivo JCS/Pedro Negrão





A criação da Região Metropolitana de Sorocaba pode ainda não ser uma realidade no papel, mas, na prática, os moradores que residem nos 22 municípios que compõem esse conjunto geográfico já vivem essa realidade. A principal mostra dessa integração entre as cidades pode ser comprovada no chamado movimento pendular, que é o deslocamento feito pelos cidadãos que residem em determinada cidade, mas têm o seu trabalho ou estudo em outro município. Para se ter uma ideia, diariamente, cerca de 87 mil pessoas fazem esse deslocamento pendular intrametropolitano, ou seja, dentro da própria região.

O número faz parte de um trabalho elaborado pelo sociólogo Henrique Frey, mestre e doutor em Demografia, com base no Censo 2010, envolvendo os 22 municípios que integram a Região Metropolitana de Sorocaba, definidos em estudo do Núcleo de Planejamento Regional (Nuplan). Com uma população total de 1,665 milhão, sendo 1,298 milhão com idade a partir de 15 anos, as cidades que compõem a região metropolitana somam 126.309 moradores que diariamente saem de casa com destino a outras cidades para estudar ou trabalhar, ou seja, perto de 10% da população com idade acima de 15 anos. Em contrapartida, recebem outros 112.479 moradores de outras localidades com o mesmo fim.

De acordo com o sociólogo, do total dos deslocamentos pendulares, cerca de 72% se referem a trabalho e outros 28% para estudo.
Frey afirma que os sintomas desse grande volume de deslocamento entre as cidades já podem ser observados nas próprias demandas que têm surgido nas ligações intermunicipais, principalmente no que refere às melhorias das rodovias e também no sistema de transporte público. "A duplicação e implantação das marginais na Raposo Tavares e cobrança de benfeitorias nas principais rodovias que ligam Sorocaba-Itu, Sorocaba-Salto de Pirapora e Sorocaba-Iperó são reflexos do aumento progressivo desses deslocamentos", diz.

O sociólogo acredita que com a criação da Região Metropolitana de Sorocaba, que inclusive é o tema do seu projeto de doutorado, os municípios poderão se unir para resolver justamente questões que são comuns entre as cidades, entre elas o sistema de transporte, que a exemplo de outras regiões metropolitanas, acontecem de forma interligada. "Esse conceito favorece que as pessoas possam optar por morar numa cidade com menor custo de vida e ter acesso a grandes centros econômicos."

Intercâmbio populacional

Somente Sorocaba recepciona diariamente 54.648 pessoas de outras localidades que vêm à cidade para trabalhar ou estudar, o que corresponde a cerca de 48% do total de entradas do deslocamento pendular das 22 cidades da região metropolitana. O segundo maior fluxo de entrada ocorre em Itu (9.796), com 8,7% do total.

Já em relação ao movimento inverso, ou seja, moradores do município que se deslocam para outras cidades com o objetivo de trabalhar e estudar, Votorantim concentra o maior volume. O equivalente a 26 mil saídas são registradas na cidade, o que equivale a 31% do total de população com idade acima de 15 anos do município.

Em segundo lugar aparece Sorocaba, com o equivalente a 22.463 saídas de moradores que se deslocam para estudar e trabalhar em outros municípios. Em relação ao total de população na faixa etária acima de 15 anos (463.920), no entanto, esse volume representa um pouco menos de 5%.

Polo de trabalho

O diretor-presidente do Núcleo de Planejamento Regional (Nuplan), Flaviano Agostinho de Lima, informou que o órgão desenvolveu um estudo tendo como base apenas os municípios limítrofes de Sorocaba, no qual ficou demonstrado que 33.979 pessoas residentes nessas onze cidades trabalham em Sorocaba. O levantamento, que também tem como base o Censo de 2010, mostra que Votorantim tem a maior participação nesse movimento pendular referente ao trabalho, com 20.453 entradas diárias de pessoas provenientes desse município em Sorocaba, o que corresponde a 60% do total da região limítrofe. Salto de Pirapora, Araçoiaba da Serra e Iperó aparecem na sequência.

Na avaliação de Lima, esses números demonstram que a proximidade social e geográfica desses municípios com Sorocaba faz com que sejam ultrapassadas as barreiras relativas ao território de cada município. "Isto fica muito claro em relação a Votorantim, Araçoiaba da Serra, Salto de Pirapora e Iperó que, juntamente a outros municípios, precisam ser vistos de modo integrado." O presidente do Nuplan reconhece que esse movimento pendular exerce uma pressão sobre o transporte público intracidades, que precisa estar mais conectado, assim como a frota crescente em todas as cidades que demandam soluções compartilhadas para o enfrentamento da crise.

Ele afirma, no entanto, que esse intercâmbio de mão de obra é um fator positivo e faz parte do mercado de trabalho contemporâneo, em que a oferta e demanda de profissionais é global. Flaviano de Lima considera que a preocupação de um município hoje é se tornar uma cidade acolhedora, viva, moderna e que tenha boa oferta de empregos de nível qualificado. "Sorocaba, por possuir um perfil de produção globalizado, e por seu porte econômico e educativo, está ficando cada vez mais aberta, aumentando os seus termos de troca, o que considero positivo, pois melhora as condições de sustentabilidade."

Na avaliação do presidente do Nuplan, a região metropolitana poderá contribuir para que as cidades possam se desenvolver de forma integrada e compartilhada, pois iniciarão um processo institucionalizado de diálogo, diagnóstico, planejamento e busca de soluções para os problemas em comum.

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