domingo, 29 de setembro de 2013

Educação financeira ajuda a ter vida econômica estável

 Jornal Cruzeiro do Sul
André Moraes

O aprendizado pode ser oferecido ainda na infância e em sala de aula

Saber administrar bem as finanças pode ajudar bastante a ter uma situação financeira estável e controlada. Mas não é preciso ter esses conhecimentos somente na fase adulta. É possível começar a falar sobre isso desde a infância, fazendo com que essa noções econômicas já fiquem guardadas na memória desde cedo, ficando mais fácil de praticá-las posteriormente. Por isso, especialistas defendem que é preciso tornar o assunto "Educação Financeira" uma disciplina fixa nas escolas de ensino fundamental e médio.

Em Sorocaba, o vereador Rodrigo Manga (PP) protocolou requerimento na Prefeitura, no início deste mês, questionando o Poder Executivo sobre a possibilidade de integrar, no currículo básico de disciplinas das escolas municipais, uma matéria que aborde essa questão. O documento ainda não teve resposta, porém, em Votorantim já há um caso em que, por atitude das próprias professoras, as crianças de uma escola municipal começaram a aprender sobre a importância de administrar melhor os gastos, para não sofrerem com problemas financeiros mais para a frente.

A atitude de Manga se deu por ele considerar que orientar as crianças e jovens sobre educação financeira pode fazer com que elas tenham noção sobre os gastos do dia a dia, principalmente o doméstico. "O motivo é que na escola se forma o cidadão, então, se as escolas tiverem essa matéria, essas crianças já crescem sabendo como controlar suas despesas. O intuito é fazer dessas crianças homens responsáveis, para evitar que elas passem por dificuldades financeiras no futuro", relata.

Segundo o parlamentar, a disciplina poderia proporcionar aos jovens ensinamento como uma melhor forma de administrar as despesas pessoais e da importância de se iniciar uma poupança, que poderia ser um ótimo meio de se antecipar a eventuais imprevistos financeiros. "Se conseguirmos fazer isso, vamos ter uma cidade mais próspera e organizada, porque a administração dos gastos começaria a ser feita já nas casas dos cidadãos", considera.

Manga informa que o seu requerimento, protocolado no último dia 5, ainda não teve uma resposta da Prefeitura. "A Prefeitura ainda tem mais 15 dias para dar esse retorno, mas eu tenho expectativas de que seja acatada minha sugestão", afirma.

Conselho de Economia

O presidente do Conselho Regional de Economia em Sorocaba, que é também professor da Universidade de Sorocaba (Uniso), Sidney Benedito de Oliveira, concorda com os dizeres do vereador e ainda ressalta que aplicar a disciplina de educação financeira é uma de suas bandeiras no Conselho, desde que assumiu a presidência há três anos. "Hoje em dia, as pessoas têm que administrar vários fatores financeiros, como as contas bancárias, as linhas de crédito e os gastos, portanto, sempre defendi que essa educação tem que ser feita desde cedo", relata.

Oliveira revela que algumas escolas particulares da cidade já adotam esse conceito em sua grade curricular. "Sei de escolas que já falam sobre o que são os juros, os juros compostos, mas nas escolas do Estado e do município isso não existe", informa.

Sobre a atitude do vereador, ele diz que outros parlamentares já questionaram a Prefeitura no passado sobre a possibilidade de incluir a educação financeira como disciplina, porém, não obtiveram sucesso. "Falar sobre isso nas escolas é muito importante, mas acho que carece de uma mobilização, por parte de todos, para fazer pressão para que isso seja incluído na grade curricular do ensino fundamental e médio", conclui.

Alunos aprendem na prática em Votorantim

Em Votorantim, por iniciativa própria de professoras que trabalham no projeto de ensino integral, crianças de entre 9 e 11 anos já começaram a ter noções de economia. Elas fazem parte do 4º e 5º ano da Escola Municipal Edith Maganini, localizada no Vossoroca, e irão trabalhar o assunto nas disciplinas de informática e matemática. Na última quinta-feira, sob organização da pedagoga responsável pela disciplina de Informática, Camila Doray de Paula, 21 crianças foram até um supermercado do bairro, pesquisar sobre preços de produtos. Os dados serão colocados posteriormente em uma planilha, que servirá para que os estudantes vejam quanto gastariam para fazer uma compra de itens básicos de alimentação e limpeza. "A gente tinha que trabalhar sobre planilha, então, a gente teve a ideia de trabalhar com o supermercado dentro da sala de aula. Primeiro eles vieram ao mercado, para fazer a pesquisa, e depois vão anotar na planilha os produtos e os valores", explica Camila.

Todas as informações coletadas serão trabalhadas ao longo desse final de ano letivo, culminando na representação de um supermercado real dentro da sala de aula. "Eles vão ter uma ideia de quanto os pais gastam em casa por mês, por exemplo", relata. "É importante essa ação, porque assim eles estão sendo lapidados desde pequenos e agora é o momento de educá-los a esse respeito", complementa.

As estudantes do 5º ano Rafaela da Silva Abate e Ana Laura Oliveira Santos, ambas de 10 anos, estavam animadas com a atividade. Com os cadernos em mãos, estavam atentas aos preços praticados no mercado para a venda de biscoitos doces e salgados. Elas dizem que já estão acostumadas a reparar nos preços, já que fazem compras com os pais. "Às vezes, eu até compro algumas coisas sozinha", diz Ana Laura.

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