Jornal Cruzeiro do Sul
André Moraes
O aprendizado pode ser oferecido ainda na infância e em sala de aula
Saber administrar bem as finanças pode
ajudar bastante a ter uma situação financeira estável e controlada. Mas
não é preciso ter esses conhecimentos somente na fase adulta. É possível
começar a falar sobre isso desde a infância, fazendo com que essa
noções econômicas já fiquem guardadas na memória desde cedo, ficando
mais fácil de praticá-las posteriormente. Por isso, especialistas
defendem que é preciso tornar o assunto "Educação Financeira" uma
disciplina fixa nas escolas de ensino fundamental e médio.
Em Sorocaba, o vereador Rodrigo Manga (PP) protocolou requerimento na
Prefeitura, no início deste mês, questionando o Poder Executivo sobre a
possibilidade de integrar, no currículo básico de disciplinas das
escolas municipais, uma matéria que aborde essa questão. O documento
ainda não teve resposta, porém, em Votorantim já há um caso em que, por
atitude das próprias professoras, as crianças de uma escola municipal
começaram a aprender sobre a importância de administrar melhor os
gastos, para não sofrerem com problemas financeiros mais para a frente.
A atitude de Manga se deu por ele considerar que orientar as
crianças e jovens sobre educação financeira pode fazer com que elas
tenham noção sobre os gastos do dia a dia, principalmente o doméstico.
"O motivo é que na escola se forma o cidadão, então, se as escolas
tiverem essa matéria, essas crianças já crescem sabendo como controlar
suas despesas. O intuito é fazer dessas crianças homens responsáveis,
para evitar que elas passem por dificuldades financeiras no futuro",
relata.
Segundo o parlamentar, a disciplina poderia
proporcionar aos jovens ensinamento como uma melhor forma de administrar
as despesas pessoais e da importância de se iniciar uma poupança, que
poderia ser um ótimo meio de se antecipar a eventuais imprevistos
financeiros. "Se conseguirmos fazer isso, vamos ter uma cidade mais
próspera e organizada, porque a administração dos gastos começaria a ser
feita já nas casas dos cidadãos", considera.
Manga informa
que o seu requerimento, protocolado no último dia 5, ainda não teve uma
resposta da Prefeitura. "A Prefeitura ainda tem mais 15 dias para dar
esse retorno, mas eu tenho expectativas de que seja acatada minha
sugestão", afirma.
Conselho de Economia
O presidente do Conselho Regional de Economia em Sorocaba, que é também
professor da Universidade de Sorocaba (Uniso), Sidney Benedito de
Oliveira, concorda com os dizeres do vereador e ainda ressalta que
aplicar a disciplina de educação financeira é uma de suas bandeiras no
Conselho, desde que assumiu a presidência há três anos. "Hoje em dia, as
pessoas têm que administrar vários fatores financeiros, como as contas
bancárias, as linhas de crédito e os gastos, portanto, sempre defendi
que essa educação tem que ser feita desde cedo", relata.
Oliveira revela que algumas escolas particulares da cidade já adotam
esse conceito em sua grade curricular. "Sei de escolas que já falam
sobre o que são os juros, os juros compostos, mas nas escolas do Estado e
do município isso não existe", informa.
Sobre a atitude do
vereador, ele diz que outros parlamentares já questionaram a Prefeitura
no passado sobre a possibilidade de incluir a educação financeira como
disciplina, porém, não obtiveram sucesso. "Falar sobre isso nas escolas é
muito importante, mas acho que carece de uma mobilização, por parte de
todos, para fazer pressão para que isso seja incluído na grade
curricular do ensino fundamental e médio", conclui.
Alunos aprendem na prática em Votorantim
Em Votorantim, por iniciativa própria de professoras que trabalham no
projeto de ensino integral, crianças de entre 9 e 11 anos já começaram a
ter noções de economia. Elas fazem parte do 4º e 5º ano da Escola
Municipal Edith Maganini, localizada no Vossoroca, e irão trabalhar o
assunto nas disciplinas de informática e matemática. Na última
quinta-feira, sob organização da pedagoga responsável pela disciplina de
Informática, Camila Doray de Paula, 21 crianças foram até um
supermercado do bairro, pesquisar sobre preços de produtos. Os dados
serão colocados posteriormente em uma planilha, que servirá para que os
estudantes vejam quanto gastariam para fazer uma compra de itens básicos
de alimentação e limpeza. "A gente tinha que trabalhar sobre planilha,
então, a gente teve a ideia de trabalhar com o supermercado dentro da
sala de aula. Primeiro eles vieram ao mercado, para fazer a pesquisa, e
depois vão anotar na planilha os produtos e os valores", explica Camila.
Todas as informações coletadas serão trabalhadas ao longo desse final
de ano letivo, culminando na representação de um supermercado real
dentro da sala de aula. "Eles vão ter uma ideia de quanto os pais gastam
em casa por mês, por exemplo", relata. "É importante essa ação, porque
assim eles estão sendo lapidados desde pequenos e agora é o momento de
educá-los a esse respeito", complementa.
As estudantes do 5º
ano Rafaela da Silva Abate e Ana Laura Oliveira Santos, ambas de 10
anos, estavam animadas com a atividade. Com os cadernos em mãos, estavam
atentas aos preços praticados no mercado para a venda de biscoitos
doces e salgados. Elas dizem que já estão acostumadas a reparar nos
preços, já que fazem compras com os pais. "Às vezes, eu até compro
algumas coisas sozinha", diz Ana Laura.
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