sexta-feira, 15 de novembro de 2013

20% dos pacientes não comparecem às consultas

Jornal Cruzeiro do Sul
Wilson Gonçalves Júnior

Apenas em setembro, 650 consultas que foram agendadas na unidade, deixaram de ser realizadas devido às faltas


A Prefeitura quer conscientizar as pessoas, para evitar desperdício dos recursos públicos - Adival B. Pinto

Vinte por cento dos pacientes do Ambulatório de Especialidades Médicas de Votorantim não comparecem às consultas agendadas e prejudicam o atendimento na rede pública de saúde. A informação é da Secretaria da Saúde do município, que quer fazer um trabalho de conscientização junto ao usuário, com a intenção de evitar o desperdício dos recursos públicos. Apenas no mês de setembro, 650 consultas, das 3.500 que foram agendadas na unidade, deixaram de ser realizadas devido à falta dos pacientes. Quem precisa do ambulatório diz que a demora para o agendamento, que leva de quatro meses até um ano, é o maior responsável pela ausência nas consultas e exames. Devido a esse fato, muitas pessoas se socorrem na rede particular, para evitar o longo tempo de espera na rede pública. A Prefeitura de Votorantim não informou o número da demanda reprimida - pacientes que aguardam por atendimento - na rede pública municipal.

Para Carina Munhoz Venâncio, de 30 anos, moradora da Barra Funda, a demora é o maior responsável pela ausência de pacientes. "Demora muito tempo e daí a pessoa prefere fazer a consulta no médico particular", explicou.
Ela acrescentou ainda que o município não procura saber o motivo da ausência do paciente e as faltas prejudicam ainda mais o atendimento. "Muitas vezes demorou tanto tempo que o paciente até faleceu. Só que ninguém da prefeitura liga ou entra em contato para saber."

Carina Munhoz acompanhava a mãe, Cleusa Maria Nunes Munhoz, de 58 anos, que espera por atendimento no ortopedista há um ano. "Sempre dizem a mesma coisa: não tem vaga", lembra Cleusa.
A moradora da Barra Funda, Maria Nilza de Souza, de 65 anos, é uma das que se socorre na rede particular, por intermédio do convênio da Associação dos Aposentados e Pensionistas de Votorantim (Apevo), quando espera muito tempo para realização de exames e consultas na rede pública municipal de saúde. Ela informou que a demora ocorre mais quando é feita a primeira consulta, através de encaminhamento por intermédio da Unidade Básica de Saúde do bairro. "Daí demora de seis a sete meses."
Na quinta-feira, ela tentou em vão agendar um retorno de consulta no cardiologista pessoalmente no Ambulatório de Especialidades de Votorantim. A informação que obteve é que neste ano já não seria mais possível. "Pedem que a gente venha no início do mês. A gente vem e pedem para gente voltar no dia 15. A gente volta no dia 15 e pedem pra voltar no dia 25."
Outro que desistiu de esperar, desta vez por atendimento odontológico na UBS do Itapeva, foi o morador do Jardim São Lucas, Carlos Alberto dos Santos, de 46 anos. Ele explicou que na ocasião teve que ir em Sorocaba, na Unidade Pré-Hospitalar (UPH) da Zona Oeste, para ser atendido. "Pago imposto aqui, mas fui atendido em Sorocaba. Minha ficha tá no posto há mais de um ano e nada", criticou. Ele informou ainda que existe demora de até quatro meses para realização de exames, como a tomografia.

Falta de médicos

Em resposta encaminhada ao jornal <BF>Cruzeiro do Sul<XB>, por meio de nota da assessoria de imprensa, a Prefeitura de Votorantim disse que a média de espera por consulta com especialista é de 60 dias. Porém, em algumas especialidades, o período pode ser maior devido ao desligamento de algum médico do serviço público, período de férias ou dificuldade para substituição. Em relação ao ortopedista, o município esclareceu que existe uma dificuldade desde o ano passado, já que havia um único médico atendendo, o que gerou um acúmulo nos pedidos de consulta. Neste ano de 2013, frisou a nota, foi feito um concurso público para ampliar o atendimento, porém o médico que entrou está há quatro meses de licença médica. Um novo concurso foi solicitado para contratação de outro profissional.

No caso de cardiologia, até o final do ano passado, havia um único especialista atendendo. Neste ano, com o concurso público, o número foi ampliado para três médicos e a expectativa é de reduzir o tempo de espera. Sobre os exames, tomografia por exemplo, a Prefeitura informou que esse não faz parte da competência do município e é referenciado para a Central de Vagas Regional, com a realização em Itu.

A Prefeitura de Votorantim informou também que as consultas são marcadas uma vez por mês e a média entre o agendamento e a data da consulta é de 15 a 20 dias. Assim que tem a consulta marcada, afirma a Prefeitura, o paciente é chamado a comparecer na Unidade Básica de Saúde (UBS) e recebe a informação da data e um protocolo impresso, contendo o dia, o horário, o nome do médico e o endereço do ambulatório. Esse papel é levado para casa justamente para orientar o usuário e auxiliar que não esqueça. O município alertou que há ainda a dificuldade em relação ao contato telefônico, já que muitas pessoas só fornecem o número do celular e trocam esse número com frequência, sem alterar dados nos cadastros das Unidades. "Diante disso, também acontece de chegar a vez da pessoa e por falta de condições para avisá-la, ela acaba perdendo a vez, já que a vaga é destinada a outra pessoa."

Deve avisar

A Prefeitura informou que a pessoa que não tiver mais interesse no atendimento ou não puder comparecer no dia da consulta marcada pode comunicar com antecedência, permitindo que outro paciente seja agendado. Segundo a gerente do Ambulatório, Rosele Polido Pires, em média, uma vez a cada dois meses um paciente entra em contato para comunicar que não poderá comparecer e menciona que está avisando para que outra pessoa possa ser atendida em seu lugar. "Sem que os pacientes compreendam que também precisam fazer a parte deles, o sistema fica sobrecarregado e prejudicado com essas faltas", reflete a diretora médica.

Demanda reprimida

No dia 31 de outubro, a reportagem encaminhou alguns questionamentos para Prefeitura de Votorantim. Foram feitas as seguintes perguntas: Qual a demanda reprimida em cada uma das 14 áreas atendidas pelo Ambulatório de Especialidades? Qual a demanda reprimida em relação aos exames de análises clínicas realizados em laboratório, como exames de sangue diversos e urina? Qual a demanda reprimida geral da saúde, em relação também às unidades básicas de saúde? E a demanda reprimida de casos mais graves, em que há o encaminhamento para outros locais? A Prefeitura de Votorantim informou que não iria responder as questões.

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