Folha de Votorantim
Valdinei Queiroz
Dos
48 anos de instalação do município, Erinaldo Alves da Silva (PSDB)
esteve como prefeito em 15 oportunidades, já contando com a comemoração
que será feita nesta quarta-feira (27). O tucano entrou no universo
político por etapas. Na adolescência, ajudou indiretamente na campanha
de Juscelino Kubitschek (1956 e 1961) para a presidência do Brasil. No
mesmo período, fez um curso que ensinava o funcionamento de uma Câmara
Municipal, num instituto de ensino.
Porém, o início como homem público foi quando Luiz do Patrocíino
Fernandes o chamou para ser vice-prefeito da cidade. Erinaldo estava num
ponto de ônibus, quando o segundo prefeito da história de Votorantim
lhe ofereceu uma carona. Durante o trajeto, Luizinho (como era chamado o
falecido prefeito), ao perceber que Erinaldo fazia parte do MDB –
partido de oposição a Arena -, o convidou para fazer chapa conjunta.
“Quando recebi o convite, tive que decidir em poucas horas”, relembra.
Erinaldo chegou à sua residência à noite e comunicou aos seus pais que
recebeu uma proposta para ser candidato. “A princípio, meus pais não
quiseram. Mas depois de uma longa conversa, eles aceitaram”, comenta.
Assim que recebeu aval favorável, o tucano foi logo comunicar a Luiz do
Patrocino.
Para fazer presença na sua décima quinta comemoração de instalação do
município, ele teve que vencer dois adversários na urna eletrônica:
Carlos Augusto Pivetta (PT) e Fernando de Oliveira Souza (DEM). O
candidato que vencesse esta disputa iria entrar na história de
Votorantim, por um simples detalhe, ou melhor, por três: 50 anos de
emancipação da cidade, que serão celebrados em dezembro; 50 anos de
instalação do município, em 2015; e 100 anos da Festa Junina
Beneficente, também em 2015.
Numa das histórias contadas à reportagem, Erinaldo lembra que, durante a
apuração dos votos, nas eleições de 1982, voltava da cidade de Jandira,
interior de São Paulo, onde dava aulas, quando ligou o rádio do
automóvel e ouviu o locutor dizer que estava bem atrás de seus
concorrentes. Àquela altura, só um milagre para o tucano se recuperar e
vencer o pleito. Durante o trajeto, o rádio começou a falhar,
perdendo-se a sintonia. Já na rodovia Castelo Branco, a sintonia voltou e
aí ele ficou sabendo que havia ganho a eleição e sido eleito prefeito.
“Foi uma surpresa, pois quando liguei o rádio, eu estava praticamente
derrotado.”
Obras na instalaçãoNo primeiro mandato, entre 1972 e
1975, Erinaldo fez um planejamento e execução de todo o sistema de água e
esgoto do município. Elaborou um projeto para adequar as vias públicas
para que não houvesse mais enchentes. Desapropriou áreas, como, por
exemplo, na região do Curtume. Ampliou o trajeto das avenidas 31 de
Março e Gisele Constantino. Trouxe a Escola Estadual Daniel Verano para a
cidade.
Já no segundo mandato (1983 a 1988), trouxe a Escola Estadual Comendador
Pereira Inácio e construiu cinco creches. Erinaldo ainda municipalizou a
saúde, construindo quatro unidades na área, nos bairros Rio Acima,
Parque Bela Vista, Itapeva e Vila Nova. Construiu a Estação de
Tratamento de Água Central, que fica no bairro da Chave e, também, a
Estação de Tratamento de Esgoto (ETE) do Jardim Novo Mundo. Construiu a
praça de eventos “Lecy de Campos”, que hoje é um dos cartões postais
mais importantes da cidade. Trouxe para Votorantim núcleos
habitacionais. como o Conjunto Habitacional Deputado Juvenal De Campos;
Conjunto Habitacional “Delegado Eliseu Rodrigues Vieira”; e no caso do
Conjunto Habitacional Mário Augusto Ribeiro - Promorar, Erinaldo
praticamente construiu novamente, pois o espaço necessitava de vários
reparos.
No terceiro mandato, entre 1993 e 1996, o atual prefeito construiu o PA
(Pronto Atendimento), que fica na região central da cidade. Duplicou a
via pública, com a ajuda do então governador Mário Covas (PSDB), que
liga Votorantim a Santa Helana. Construiu o Centro de Saúde, no Jardim
Serrano. Desapropriou áreas nos bairros São Lucas, São Mateus e
Primavera para que os locais desenvolvessem.
Na atual gestão, Erinaldo comenta que, aos poucos, está ajustando vários
parâmetros da cidade, com a intenção de (re)colocá-la no rumo do
desenvolvimento das demais regiões. Antes de entrar no quarto mandato, o
tucano sempre dizia em entrevistas que, caso fosse eleito, iria
racionalizar a administração municipal. “Quando entrei, aqui, achei
inadequada a Secretaria de Cidadania ser a responsável pelo programa de
desfavelamento. O correto é a Cohap administrá-la, pois é da competência
dela estar no processo habitacional do município”, explica.
Outro ponto que Erinaldo irá realizar é uma reforma administrativa. Ele
dá exemplo das secretarias de Educação e Saúde, que não estão no Paço
Municipal, e que há uma desorganização, que deve ser modificada. “O
carro, que pertence à prefeitura, está nessas secretarias. O correto é
ter um local próprio para ter um controle maior da ida e vinda desse
veículo. E outra: haverá um profissional com a responsabilidade de
averiguar o funcionamento de cada um”, esclarece.
Além disso, o prefeito comenta que está organizando as secretarias e, o
mais importante, segundo ele, trabalhar para que todos saibam “quem é
quem em cada processo administrativo”.
ReflexãoRefletir
sobre todo o processo de emancipação, dos ônibus que iam até São Paulo
para fazer pressão nas assembleias em prol do então distrito Votorantim
ser desmembrado, é uma reflexão que Erinaldo faz quando a data de
instalação ou emancipação chega perto.
Para o prefeito, é preciso olhar de fora – não como prefeito – para
refletir cada momento marcante para que Votorantim se tornasse
independente. Ele, durante o bate-papo descontraído com a Folha, contou
vários detalhes daquela época.
Um deles foi o porquê que o município foi instalado quase dois anos
depois. Ele explica que, em dezembro de 1963, houve a emancipação, de
fato, e os moradores ainda estavam em clima eufórico, pois não dependia
mais de Sorocaba para se desenvolver. O ano de 1964 foi o momento de
regularizar cada espaço físico, saber qual parte ficaria com Votorantim e
Sorocaba. Por isso, a instalação aconteceu em março de 1965, o ano que
nenhum vanguardeiro – como eram chamadas as pessoas em favor da
emancipação - irá esquecer.