Maíra Fernandes
Grupo de Votorantim apresentará "Game cênico" no respeitado centro de arte contemporânea
Com Game cênico, os artistas do coletivo de dança contemporânea de Votorantim visam promover uma estreita interação com a plateia - Divulgação
Considerado um dos maiores museus do mundo e o maior centro de arte ao ar livre da América Latina, o Inhotim, em Brumadinho, recebe, na próxima semana, o coletivo de dança contemporânea O12 de Votorantim. Os artistas seguem, na próxima terça-feira, para desenvolverem o projeto Game cênico com os monitores do local e comunidade, no que chamam de um teste piloto. Depois, no segundo semestre, eles devem voltar para desenvolver o mesmo projeto em proporção maior, atingindo as escolas de ensino médio de Brumadinho.
O convite, reforçam os artistas, coroa as festividades de seis anos do coletivo, comemorado este mês. "O reconhecimento e o prestígio de integrar a programação de um museu desta importância é o presente que o coletivo comemora nestes seis anos de história", destacam em material enviado à imprensa.
O convite de um dos mais importantes museus é uma das boas notícias do ano. Como adiantaram, ganharam, também, um edital do Proac para espetáculos, que garante a realização da terceira edição do Dança na pedreira, no próximo mês, e também estão em fase de produção de um novo espetáculo, ainda sem data para estreia. De acordo com Preta Ribeiro, a programadora do Inhotim viu, no Game cênico, uma oportunidade de colaboração, já que o projeto desenvolvido há três anos pelos votorantinenses trabalha com formação de plateia, uma necessidade do espaço que promove a arte contemporânea. Como explica, se Inhotim recebe muitos turistas, a comunidade, no entanto, ainda não participa do local como gostariam. Assim, trabalhando a formação dessa plateia para o consumo da arte contemporânea, acreditam diminuir essa distância entre o museu e a cidade que o acolhe.
"Passamos o segundo semestre do ano passado negociando essa parceria. A vontade da programadora de Inhotim é que desenvolvamos o game nas escolas do ensino médio de Brumadinho, mas, por conta da Copa, isso deve ficar para o segundo semestre."
Sediados no Parque do Matão, em Votorantim, os artistas comemoram a semelhança entre um ambiente e outro. "O Inhotim vira referência internacional porque escapa das lógicas dos museus observacionais, lá a experiência faz parte da relação com espectador e obra. Quando se pensou que num museu de artes o público recebe roupas de banho para mergulhar numa piscina? Essas e outras experiências incríveis são possíveis só lá", destacam.
Neste primeiro momento, o coletivo de dança contemporânea votorantinense também passará pela novidade de trabalhar com outro público, no caso, os monitores que passam por treinamento. "É uma experiência nova para nós, pois é um programa de formação de monitores. Faremos o game para esses monitores e também é aberto à comunidade. Serão duas aulas preparatórias e depois o espetáculo", conta Preta.
Contato com a arte contemporânea
O projeto Game cênico nasceu em 2011, na primeira edição do Dança na pedreira. "Pensamos no trabalho pois sentimos uma carência muito grande de aproximação do público com a arte contemporânea e, por conta disso, as pessoas não conhecem e acabam criando um distanciamento. O projeto tem a proposta pedagógica de aproximação, pois as pessoas precisam se relacionar com essa arte. O Game é como uma preparação", resume Preta. De acordo com ela, não foi pensado apenas para fazer esse elo entre o público e a dança contemporânea, mas todas as artes de um modo geral.
Para tanto, utilizam um termo que chamam de "questões combinadas", ou seja, quando a pessoa vai assistir televisão, ela senta na frente da TV e é um receptor passivo daquelas informações; já quando vai para o computador, senta em frente ao monitor mas busca pelas informações, ou seja, é ativa. "Buscamos essa chave seletora que não sabemos como ela é ativada, mas ela é natural. E dizemos para o jovem que é interessante que eles estejam no formato de quando estão no computador, ativos, buscando uma tradução, criando conexões, algum sentido naquilo que estão vendo, no caso, a arte contemporânea", explica.
Desde que lançaram o Game cênico, há três anos, os resultados obtidos têm sido satisfatórios. "Estamos fazendo ele constantemente, várias vezes no Sesc, no colégio Objetivo... Temos um bom retorno", garante Preta.
Para saber mais sobre o coletivo: www. coletivoo12.com.br.

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