Jornal Cruzeiro do Sul
Wilson Gonçalves Júnior
Wilson Gonçalves Júnior
e contrapõe com a diversidade de resíduos e entulhos despejados numa área da rua João Souto de Campos - ERICK PINHEIRO
A contradição está presente lado a lado numa mesma área pública localizada na rua João Souto de Campos, na Vila Nova Votorantim. De um lado, o lixo, o entulho e o pouco caso de quem utiliza o local - que inclusive possui um parquinho infantil - como bolsão para despejar materiais de qualquer natureza sem a destinação ambiental necessária. De outro, as flores coloridas, as árvores frutíferas, as plantas ornamentais e o cuidado de um morador que utiliza o mesmo terreno para cultivar um jardim.
Residente na rua Antônio Di Campo Di Lorto, nas proximidades da área pública da rua João Souto de Campos, Erivelto Salles acredita que o local virou ponto de acúmulo de lixo há um ano. Todos os dias, no período da manhã e da noite, caminhões e carros invadem o terreno para despejar lixo e entulho.
Segundo Salles, todo tipo de sujeira é jogada ali e no terreno é encontrado desde lixo eletrônico - como impressoras e até televisores -, como também resto de comida (produtos orgânicos), roupas usadas, produtos químicos, móveis quebrados e material de construção (pisos cerâmicos). "Você não tem controle do que é jogado aqui, até pela contaminação do solo, com parquinho aqui do lado e também por ser uma área residencial. Cada lixo tem uma destinação e aqui tá tudo misturado."
Salles citou ainda que diariamente também é colocado fogo no terreno e a situação do acúmulo de lixo é o argumento de quem deposita mais material no local. "É igual ao poema Argumento de Francisco Alvim: "Mas se todos fazem." Quer dizer, se outro faz, porque eu não posso fazer", criticou, ao resumir o pensamento de quem deposita material no local.
Outro morador, Miguel Cardoso Junior, também afirmou que todos os dias pessoas jogam lixo e entulho no terreno. "Olha só, tem garrafa pet, que é reciclável e não custava nada a pessoa separar e colocar para alguém vir pegar. Isso aqui é um absurdo e jogam até roupas."
O jardim e o lixo
Para Erivelto Salles, o jardim criado e cuidado por um morador do bairro, na mesma área do depósito de lixo, foi uma espécie de ato de protesto. Ele percebeu a existência do jardim, ao ver o morador descer a rua todos os dias com um regador para cuidar das flores, plantas e árvores. "É uma espécie de contraponto da história. É um belo contraste: a esperança que ainda existe." O morador que plantou e cuida do jardim estava trabalhando no momento em que a reportagem do Cruzeiro esteve no local, por isso, não pode ser entrevistado.
As avenidas Sebastiana Nunes e José Celeste, localizadas no bairro dos Morros, também estão tomadas pelo lixo e entulho em vários pontos. As duas áreas foram limpas pela prefeitura de Votorantim há quarenta dias e receberam novamente grande quantidade de resíduo sólido. Os endereços ficam próximos e dão acesso ao antigo aterro de inertes do Costa, que foi desativado por não ter mais capacidade e também funcionava sem licenciamento.
Na manhã de ontem, a reportagem reencontrou o local cheio de lixo de todas as naturezas. Havia material de construção (inertes), papéis de propaganda, lixo doméstico, resto de podas de árvores, lixo eletrônico (tubos de televisão), pneus de caminhão, para-brisa de veículos e sofás.


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