segunda-feira, 31 de março de 2014

Estudantes fazem ato por mudança de nome de avenida


Jornal Cruzeiro do Sul
Wilson Gonçalves Júnior


Avenida 31 de Março é a principal e mais conhecida via pública da cidade 


 Luciano do Carmo Garcia - ERICK PINHEIRO




O texto da lei que deu nome à avenida 31 de Março de Votorantim - a principal e mais conhecida da cidade - diz que toda placa indicativa deveria conter os seguintes dizeres: "Movimento Revolucionário de 1964". Ontem, a reportagem do jornal Cruzeiro do Sul percorreu toda extensão da avenida 31 de Março e não encontrou nenhuma placa da avenida com essas inscrições. Hoje, a partir das 15h, com concentração na praça de eventos Lecy de Campos, a Jornada de Lutas da Juventude por Memória, Verdade e Justiça, realizada por estudantes de entidades ligadas à União Nacional do Estudantes (UNE) e à União Estadual do Estudantes (UEE) da região, fazem um ato para pedir a mudança de nome da avenida 31 de Março - que é uma homenagem ao golpe militar. Comerciantes tradicionais da cidade não querem que a avenida tenha outro nome e falam nos custos e na burocracia que a mudança vai acarretar. Em nota, a prefeitura de Votorantim informou, na tarde de ontem, que desde a sua inauguração não se cogitou a mudança de nome da avenida 31 de Março.

A lei que alterou a denominação da rua do Comércio para avenida 31 de Março foi promulgada pelo prefeito Luiz do Patrocino Fernandes, no dia 25 de maio de 1971. O ex-vereador Thomaz Martins, da 2ª Legislatura 1969/1973, disse ontem que pela sua recordação a lei foi aprovada por unanimidade na Câmara de Vereadores de Votorantim. Ele informou que não foi dele o projeto para dar nome à 31 de Março, mas informou que a nomeação foi sim uma forma de homenagear a data. "Foi uma homenagem também ao Marechal Castelo Branco (primeiro presidente do governo militar)."

Para ele, será um retrocesso para Votorantim mudar o nome da avenida e a situação trará prejuízos para os comerciantes da cidade.

O comerciante Luciano do Carmo Garcia tem estabelecimento na avenida 31 de Março e concorda com o ex-vereador. Para ele, a mudança de nome será um complicador. "Imagina, teremos que mudar toda a documentação, além do que todos nossos fornecedores fazem entrega com este nome."

Ele indicou que tinha conhecimento que o nome da avenida era uma homenagem ao 31 de Março do golpe. "Já vieram com esta ideia de mudar outras vezes, mas não aconteceu."

Outro comerciante conhecido na avenida, Luiz Carlos de Góes Vieira, também não acha positivo a mudança de nome. Para ele, a mudança vai onerar o comércio local e vai trazer muita confusão. "Agora que a cidade está crescendo, eles querem mudar o nome. Isso só vai trazer transtorno."

Ele indicou ainda vários pontos comerciais que homenageiam a avenida. "Muitos colocam o 31 de Março no nome."

O estudante Gabriel Soares, da União da Juventude Socialista (UJS), que vai participar do evento, discorda que a mudança vai trazer problemas. "Isso é a desculpa de quem é contrário."

Segundo ele, o evento faz parte da 2º Jornada de Lutas da Juventude por Memória, Verdade e Justiça, que acontece em outras cidades do país e nesta segunda-feira vai ser realizada em marcos que lembrem a ditadura. "A avenida 31 de Março é uma delas e na região vai acontecer lá. Essa é a principal avenida de Votorantim e homenageia esta data. Ainda bem que as placas com a inscrição foram retiradas."


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