Wilson Gonçalves Júnior
Moradores reclamam da demora para o reabastecimento do bairro
A moradora Suelen Campos: louça suja da pia e sem água para lavar roupas dos filhos - ALDO V. SILVA
O filho de seis anos da dona de casa Suelen Campos foi à escola com o uniforme sujo no dia de ontem. Na companhia do filho Gabriel, de 10 anos, Sandra Regina pegou balde, garrafa pet e seguiu caminhando pela estrada de terra por mais de um quilômetro para chegar até uma mina de água. O comerciante Sérgio Donizeti Canduzin não fez almoço e pediu marmitex num restaurante. Já Viviane Frutuoso teve que tomar banho de canequinha. Essa tem sido a rotina de moradores do bairro Moranguinho, localizado na zona rural de Votorantim. Isso porque cerca de 50 casas do local estão sem água há cinco dias.
Na casa da moradora Suelen Campos, a louça estava toda suja sob a pia. Desde segunda-feira sem água, a moradora encheu baldes com água para se socorrer do total desabastecimento. Sua maior dificuldade, entretanto, é o filho, Guilherme, de apenas 5 meses. O último estoque de água está armazenado num balde e serve para o banho e limpar o filho. "Só tem isso, depois não sei o que vamos fazer."
Já o outro filho, que estuda na Escola Municipal de Ensino Fundamental (Emef) Maria Luiza Jacowicz, no bairro Fornazari, teve que ir à aula com o uniforme sujo. "Ele foi com a roupa suja, fazer o quê né? Não dá para lavar e avisei a professora os motivos", revoltou-se a mãe. Ela acrescentou que o bairro sofria desabastecimento na época do Serviço Autônomo de Água e Esgoto (Saae), porém o problema era resolvido com mais rapidez.
Na casa em frente, de Viviane Frutuoso, os problemas diante da falta de água são os mesmos. As crianças de 2 anos e 6 meses já estão quase sem roupas para usar. Na hora do banho, não tem jeito, tanto crianças como adultos, precisam recorrer a canequinha. Quando a água acaba, alega ela, o único jeito é pegar o carrinho de mão e andar até uma mina para tentar remediar o problema. "É longe, mais de um quilômetro e cansa demais com o peso."
Na casa do comerciante Sérgio Donizeti Canduzin o almoço de ontem não foi feito na casa devido a falta de água. Com as torneiras secas, a refeição caseira foi trocada pelo marmitex. Ele informou que entrou em contato com a concessionária Águas de Votorantim e que duas respostas foram dadas para justificar o desabastecimento. "Disseram que era devido à baixa dos reservatórios e também manutenção do sistema. Pô, mas conserto de cinco dias?", criticou.
Ele disse que o bairro já ficou sem água em outras oportunidades, no máximo de 3 dias, só que nunca chegou a ficar quase uma semana. Canduzin reclamou que ainda tem que pagar a conta de água. "Pior ainda que não tem previsão", inconformou-se.
Com o estoque de água quase no fim - guardado em garrafas pet - Sandra Regina e o filho Gabriel, de 10 anos, que estava com braço imobilizado, pegaram balde e garrafas para ir a pé até a bica. Subiram o caminho de terra a pé e a dona de casa ainda levou roupas e lençóis para lavar. "Tenho que lavar a louça e vou aproveitar para lavar essa roupa", explicou.
Águas de Votorantim
A concessionária Águas de Votorantim informou que tomou conhecimento do caso anteontem e que uma equipe técnica foi enviada até o local. Os profissionais verificaram que o problema está na adutora e providências estão sendo tomadas para solucionar a questão. A empresa alegou que um caminhão-pipa foi encaminhado ao bairro anteontem. A Águas de Votorantim informou ainda que já consta no cronograma de obras de 2014 da empresa a substituição das redes antigas do bairro para regularizar o abastecimento no local.

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