Maíra Fernandes
O espetáculo "Clake" não tem fala e os atores exploram a palhaçaria cômica física e musical - Divulgação / Paulo Barbuto
"No nosso espetáculo não tem fala, a única coisa que falamos é: gente, acabou o espetáculo", brinca Marcelo sobre a linguagem adotada.
Clake é um espetáculo cômico que acentua o trabalho da dupla como palhaços excêntricos musicais. Sequências clássicas são combinadas com a linguagem contemporânea da dupla e resultam num espetáculo de palhaçaria cômica física e musical.
No espetáculo que o público irá assistir hoje os artistas utilizam um piano transformado em uma bicicleta, que roda para todos os lados. Também tem muita música, mas nada convencional e sim buzina de carro, moto, campainha, além de um sistema digital que grava os sons em cima dos outros e depois repete. "A parte musical também é retrofuturista, além de fazer sons não convencionais, trabalhamos com bicicletas excêntricas que desmontam, se dividem em cinco partes, e transformam em outras coisas", adianta Marcelo.
Os argentinos, que chegaram ao Brasil por conta de um projeto que tinham de excursionar pela América do Sul, acabaram estendendo a estada e nunca mais foram embora. "Nos apaixonamos pelo Brasil, conhecemos o palhaço popular que é muito forte por aqui, e misturamos com o nosso estilo. Estivemos no nordeste onde fizemos um trabalho mais social, e depois fomos convidados para vir a São Paulo e nunca mais saímos. Conhecemos o grupo La Mínima, começamos a trabalhar com eles e, há dez anos, criamos o circo Zanni", recorda Marcelo.
Reinvenção da arte
Vindos de uma região na Argentina onde a arte de rua é muito forte, Marcelo Luján e Pablo Nordio foram incentivados, inicialmente, por esse vertente. Lá, desempenhavam mais números com malabares, acrobacias e músicas. Foi com o envolvimento com o trabalho no Brasil, conta Marcelo, que o circo e o palhaço ficaram mais próximos de suas artes. "Nesses encontros que tínhamos, principalmente com o Domingos (Montagner), discutíamos e analisávamos as histórias do palhaço. Essa proximidade foi natural, pois somos de Córdoba, que tem como característica muito forte os cômicos." De acordo com Marcelo, com esses estudos passaram a compreender que o palhaço de circo precisa conhecer todas as técnicas, e que há vários tipos de palhaços, mas que a comicidade estava sempre presente. Como são acrobatas, trapezistas, malabaristas, compreenderam que estavam muito próximos desse palhaço de circo, e não de teatro. "Não trabalhamos com o palhaço de nariz vermelho, somos cômicos, trabalhamos mais a ideia do cômico do que desse personagem."
No espetáculo de hoje, a inspiração são bonecos e também o cinema mudo. Como um espetáculo de rua, sem fala, só com ações e música, os personagens têm que ter mais força para conquistar o público, do que um espetáculo falado, exemplifica o artista, que comemora a realização de um festival desse porte, em uma cidade do interior, que pode ajudar a minimizar o preconceito com eventos circenses. "Acho bacana um evento como esse, pois cria um público para esse tipo de espetáculo. Estamos vivendo um tempo de reinveção dessa arte, não que estejamos fazendo algo novo, não é, pois tudo isso já foi feito, mas tem um público que não conhece e acha que não se trata de arte ver um palhaço. Por isso, acho o festival ousado, atual e tem que ser uma referência", elogia.
Serviço
A entrada é gratuita e a distribuição dos ingressos começa uma hora antes do início de cada espetáculo. A Praça de Eventos Lecy de Campos fica na avenida 31 de março, Centro de Votorantim. A programação completa do festival está disponível na página do evento na rede social Facebook.

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