Carolina Santana
Fernando Guimarães
Liminar determinou transferência da bebê para Sorocaba. Menina nasceu com Síndrome de Berdon e mobilizou ajuda pela internet
Estamos esperançosos e temos fé em Deus de que conseguiremos-, afirma a mãe Patrícia - Divulgação/Campanha Ajude a Sofia
A pequena Sofia completa hoje três meses de vida e, para a alegria da família, ela está mais perto de casa desde sábado, quando foi transferida, por força de liminar, do Hospital da Unicamp, em Campinas, para o Hospital Samaritano, em Sorocaba. Ela deixou o hospital daquela cidade às 16h30 em uma ambulância e acompanhada da mãe, a auxiliar administrativo Patrícia de Lacerda da Silva, de 27 anos. A família mora em Votorantim, e, agora, a mãe não precisará mais viajar todos os dias para ficar ao lado da filha. "Ela saiu de lá sorrindo, chegou aqui e estranhou um pouco, chorou, mas logo que percebeu que eu estava com ela, ficou feliz de novo", relata a mãe, que está mais esperançosa, com essa decisão judicial, de conseguir a cirurgia para Sofia nos Estados Unidos paga, inclusive, pelo Sistema Único de Saúde (SUS). Além dos custos da viagem, a cirurgia e tratamento podem chegar a R$ 1 milhão, valor que poucas famílias brasileiras teriam para salvar a vida de um filho.
Sofia tem a síndrome de Berdon, uma doença rara que prejudica o funcionamento adequado do intestino e bexiga. A menina é alimentada por via endovenosa (parental). "O sofrimento é grande, principalmente quando você vê sua filha com fome, querendo comer até o dedo, mas não pode comer nada, pois tudo volta", comenta a mãe. A bebê está com 5,590 kg, mas precisará ganhar peso e chegar a 10 kg para ser submetida à cirurgia. E, além da batalha na Justiça para conseguir que o SUS pague a cirurgia, os pais da garota ainda têm de encontrar um doador compatível com Sofia e que pese, no mínimo, 8 kg.
Paralelamente à ação na Justiça movida pelo advogado Miguel Navarro, que comemorou a primeira vitória judicial do caso, a família mantém uma fan page no facebook Ajude a Sofia e, também, na página Vakinha, com o objetivo de conseguir o dinheiro para pagar a cirurgia e a estadia deles nos EUA. Conseguiram até sábado passado R$ 58 mil. A campanha começou em 13 de fevereiro. O dinheiro arrecadado é bom, mas está longe do R$ 1 milhão previsto. No entanto, se conseguir que a Justiça obrigue o SUS a pagar a cirurgia da menina, o valor arrecadado ajudará para as custas de viagem e estadia no país estrangeiro. "Estamos esperançosos e temos fé em Deus de que conseguiremos", afirma Patrícia, que, há três anos, já enfrentou a perda de um filho que nasceu prematuro e com má-formação congênita, vivendo apenas 29 dias.
O advogado Miguel Navarro afirma que a família estava encontrando dificuldades para que a menina fosse aceita pelo convênio médico da operadora Mediplan Assistencial Ltda. Em liminar assinada pela juíza da 1ª Vara Cível de Votorantim, Luciana Carone Nucci Eugênio Mahuad, na sexta-feira passada, a operadora é obrigada a aceitar a menina. Navarro diz que, por tratar-se de recém-nascido, não há que se falar em carência ou doença preexistente como justificativa para não aceitação da criança no convênio. "Estamos encontrando obstáculos para que a mãe fique em tempo integral com a Sofia. A menina precisa dos cuidados da mãe e se não conseguirmos que elas fiquem juntas vou entrar com pedido de home care", adianta o advogado. Antes de chegar a Sorocaba, a mãe ficava na casa da avó da menina, em Indaiatuba, de onde viajava todos os dias para Campinas para ver a filha. "A prefeitura de lá me ajudou com o transporte. Aqui, em Votorantim, só me deram três dias de transporte", lembra Patrícia que não precisará mais viajar tantos quilômetros para ficar com a filha.

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