domingo, 13 de abril de 2014

Atriz de Votorantim está no musical "Rita Lee mora ao lado"

 Jornal Cruzeiro do Sul


 Quando soube que seria a Elis, agi naturalmente, e então pedi para ir ao banheiro e gritei! (risos)- - Arquivo Pessoal

A atriz votorantinense Flávia Strongolli, de 32 anos, está no elenco do musical que conta a história da rainha do rock Rita Lee. No espetáculo, Flávia interpreta a cantora Elis Regina, que se tornou amiga de Rita em 1976. A trama também inclui alguns personagens importantes da música brasileira nos últimos 50 anos. A estreia do musical aconteceu no último dia 4, no Teatro das Artes, em São Paulo. O musical traz a atriz Mel Lisboa no papel da rainha do rock. O espetáculo, adaptado da obra homônima de Henrique Bartsch, tem direção de Márcio Macena e Débora Dubois e mistura realidade e ficção para contar a trajetória da cantora desde a infância até os dias de hoje. Assim como no livro, o musical homônimo é todo baseado no diário de Bárbara Farniente, uma vizinha de Rita Lee na infância, e que seguia a família Jones por todos os lados, tudo por conta da paixão que sua mãe alimentava pelo pai da roqueira.

A coluna Presença entrevistou Flávia Strongolli, que falou sobre sua participação no musical. Flávia nasceu em Votorantim e, aos 17 anos, mudou-se para Curitiba para estudar artes cênicas na Faculdade de Artes do Paraná. Há 5 anos, está residindo em São Paulo e executando trabalhos em musicais, no Centro de Pesquisa Teatral CPT sob direção de Antunes Filho, e também como idealizadora da A Má Companhia Provoca. Confira a entrevista:

Como veio a oportunidade do musical Rita Lee? Como está sendo a experiência? Como foi a estreia?

Fiquei sabendo que teria teste para o musical da Rita Lee. Eu já estava afastada dos musicais, mas um musical brasileiro, com músicas da Rita, me instigou muito a fazer o teste. Porém eu estava com três peças em cartaz, dando aula de teatro, cheia de coisas. Pensei: Não posso, vai que eu passo! E imediatamente pensei: gostaria de ter esse tipo de problema. Fui para o teste, cantei a musica Black is beautiful (exigência da banca) e fiz uma cena que eu mesma escrevi. A banca examinadora pediu então que eu cantasse mais uma música. Cantei Como nossos pais. Dois dias depois fiquei sabendo que eu estava dentro, e que eu teria aquele tipo de problema (risos). Até então não sabia o personagem que eu iria fazer. Foram 8 horas de ensaio semanais durante dois meses e meio. A experiência está sendo deliciosa, temos um elenco, direção e produção com pessoas de muita generosidade, é uma troca constante. A estreia e a primeira semana de temporada foi com teatro lotado. A Rita tem muitos fãs, e eles estão lá, nas primeiras filas de cabelo vermelho, franjinha e óculos redondo. A aceitação do público tem sido incrível!

Você interpreta a Elis Regina. Qual a ligação dela com Rita Lee? Como é passado isso no musical?

Sim, faço a Elis, que honra! A Rita Lee foi presa em 1976, por porte de maconha (o que segundo depoimentos foi uma armação). Ela já não usava drogas há tempos e estava grávida de 3 meses. Os policiais invadiram sua casa e a levaram presa. Elis, que era da bossa, e que criticava quem queria fazer rock no Brasil, com instrumentos ligados na eletricidade, e descaracterizando nossa música popular, não conhecia Rita Lee pessoalmente. Elis, a Pimentinha, quando ficou sabendo que Rita tinha sido presa grávida, foi até a penitenciária com seu filho João Marcelo que tinha 3 anos na época, e pediu para ver a Rita, ameaçando que chamaria a imprensa (o que na época era uma "arma muito potente") e Elis já era uma grande artista. Ela conseguiu a prisão domiciliar, o que foi um choque para Rita, pois elas nem mesmo se conheciam. Rita em homenagem a esse gesto de Elis escreveu a música Doce Pimenta, a qual as duas cantaram juntas em um especial da Globo e Alô alô Marciano, música de Rita que Elis gravou. Criou-se uma amizade e uma admiração mútuas. O elenco teve oportunidade de conhecer a Rita durante o processo, ela com toda a atenção e simpatia, conversou conosco e me perguntou qual personagem eu seria na peça. Eu disse a Elis! E ela: A Elis? Então vá lá, me tire da prisão e rode a baiana!

Como foi sua preparação para esse papel? Como é fazer a Elis?

Quando soube que seria a Elis, agi naturalmente, e então pedi para ir ao banheiro e gritei! (risos). Não esperava jamais um dia viver a Elis. A direção me pediu que não fosse uma imitação, uma caricatura de Elis (mesmo porque qualquer imitação seria em vão). Então busquei alguns trejeitos, para que fosse no mínimo verossímel, já que fisicamente somos muito diferentes. Assisti a todos os vídeos que achei disponíveis, ouvi tudo que pude, li biografias. Fiz fono o que me ajudou a encontrar o tom de voz falada dela.Tentei buscar o interno da Pimentinha, a energia dela e fazer com o coração, com a minha verdade, uma homenagem com toda admiração que tenho por essa grande artista que nos deixou tão cedo e tão carentes de seu talento.

E a reação do público e crítica: como tem sido para você?

As críticas no geral têm sido boas, não é fácil fazer uma pessoa que existiu. Não é uma criação espontânea, há que se respeitar a figura. Esse musical ainda tem além da Rita Lee (que a Mel esta fazendo lindamente) outras personalidades, como Caetano, Gil, Gal, Tim Maia, Ney, são as pessoas e os ambientes em que a Rita vive. A maioria compreende o que estamos fazendo, outros nem tanto, como tudo na vida tem gente que vai pré-disposta a não gostar.

Você mora em São Paulo atualmente. Qual sua relação aqui com a sua cidade?

Moro há 5 anos em SP, mas já não moro em Votorantim há 15 anos. Sempre que tenho uma folga tento visitar a família e os amigos. As pessoas e minha cidade são a minha formação pessoal e artística, minha base. Foi aí que tudo começou, e que dei os primeiros passos rumo à arte, fazendo teatro na escola Daniel Verano, fazendo aulas de dança no Sesi e participando de um grupo de teatro aos 10 anos com direção de Silmara Rocha.

Serviço

Rita Lee mora ao lado segue até o dia 29 de junho, no Teatro Das Artes Shopping Eldorado, às sextas: 21h30; sábados: 21h e domingos: 19h. O ingressos custam a partir de R$ 60. Informações: (11) 3034-0075

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