terça-feira, 1 de abril de 2014

Grupo protesta pela mudança no nome da av. 31 de Março

Jornal Cruzeiro do Sul
Wilson Gonçalves Júnior
José Antonio Rosa


Ação foi pacífica e a sugestão é trocar por Av. dos Vanguardeiros 


Manifestantes colaram adesivos nas placas com sugestão de novo nome para a avenida 31 de Março - Aldo V. Silva













O nome 31 de Março foi encoberto em diversas placas existentes na principal avenida de Votorantim, em protesto realizado por um grupo de dez estudantes, na tarde de ontem - dia em que foi lembrado os 50 anos do golpe militar. O texto da lei que deu nome à avenida, em 1971, de autoria do ex-prefeito Luiz do Patrocino Fernandes, diz que toda placa indicativa deveria conter os seguintes dizeres: "Movimento Revolucionário de 1964". A manifestação de ontem foi pacífica, com acompanhamento da Polícia Militar e da Guarda Civil Municipal (GCM) e os jovens gritaram palavras de ordem contra o golpe. "64 não é revolução. Não à ditadura e a ditadura não!"

O estudante Gabriel Soares, da União da Juventude Socialista (UJS), disse que o evento de serviu para conscientizar a população e também os comerciantes, com panfletagem, megafone e faixas. Foram feitas, segundo ele, intervenções visuais, com a colocação de adesivos com o nome de avenida dos Vanguardeiros no lugar do nome 31 de Março.

Soares declarou ainda que as ruas no Brasil recebem os nomes de pessoas ou datas como forma de homenagem e que a situação da avenida 31 de Março é totalmente diferente do que ocorre na Europa, por exemplo. Na Alemanha, os campos de concentração foram transformados em museus como forma de garantir que as memórias do holocausto não caiam no esquecimento. "Colocar a data do golpe militar numa rua, a gente acaba homenageando o golpe militar. Tem que lembrar, só que não homenageando."

O funcionário de uma loja da avenida 31 de Março, Luís Antônio Vieira, que recebeu panfleto dos estudantes, não concorda com a mudança do nome da avenida. Para ele, o votorantinense já se acostumou com o nome. "Desde que me conheço por gente tem esse nome e tem que manter a tradição."

O morador da avenida, que também recebeu o panfleto, Luís Antônio Alves, não só concorda com a homenagem, como também prefere o militarismo. "A gente não acredita em mais nada como esta política de hoje em dia. Naquela época a lei era mais sincera e por isso existia ordem."

O grupo seguiu depois até a Câmara de Votorantim para conversar com os vereadores, com a intenção de forçar um posicionamento dos parlamentares sobre a mudança do nome. Em matéria publicada ontem, no jornal Cruzeiro do Sul, comerciantes tradicionais de Votorantim se colocaram contrários à mudança do nome da avenida. Para eles, a alteração só traria problemas burocráticos em relação à documentação e também vai onerar os comerciantes.

Em Sorocaba

A passagem dos 50 anos do golpe militar foi lembrada em três eventos organizados ontem em Sorocaba. No Sindicato dos Metalúrgicos, resultado de parceria do projeto "Café e Educação", teve lugar "1964: 50 anos se passaram, mas suas marcas permanecem".
O encontro, mediado pela jornalista Fernanda Ikedo, reuniu o professor de História e torturado Miguel Trujillo e o militante e ferroviário Francisco Gomes. Ambos fizeram relatos de suas vivências e históricos, destacando a importância de que o tema seja discutido até como forma de evitar o risco de que práticas como as que marcaram o país entre os anos 60 e 80 se repitam.

No câmpus local da Universidade Federal de São Carlos (Ufscar), os alunos assistiram à palestra "O Golpe: Conjuntura e decorrências". A atividade fez parte do ciclo "50 anos do Golpe Militar 1964-2014". Na Faculdade de Direito, o Centro Acadêmico Rubino de Oliveira, realizou o evento "Anos de Chumbo: 50 anos de um Golpe".

Para hoje, estão programadas duas atividades, ambas organizados pelo Psol. Às 18h, na Pça. Alexandre Vannucchi Leme será prestada homenagem aos mortos, torturados e desaparecidos vítimas do regime militar. Será, também, destacada a participação dos que lutaram contra a ditadura, com as presenças da ex-deputada federal e pré-candidata do partido à vice-presidência, Luciana Genro, Raul Marcelo e Osvaldo Noce.

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