Jornal Cruzeiro do Sul
Leandro Nogueira
O comerciante investigado pelo
atropelamento que matou seis jovens e feriu outros seis em um ponto de
ônibus da rodovia Raposo Tavares na madrugada de domingo, ficou em
silêncio durante interrogatório na tarde de ontem, na Delegacia
Seccional. Fábio Hiroshi Hattori, 27 anos, foi levado do Centro de
Detenção Provisória de Sorocaba ate Seccional e respondeu às dez
perguntas da polícia, como já havia feito no dia do acidente, quando o
seu teste de bafômetro constatou embriaguez. Ontem, Hattori foi retirado
da viatura às 14h45 e às 15h25 o mesmo veículo retornava ao CDP. A
advogada Gisele Del Cístia, que o acompanhou no depoimento de ontem,
disse que o comerciante falará somente à Justiça. Além de Hattori, ontem
também foram ouvidas três vítimas no Hospital Regional e o proprietário
da chácara alugada para a festa onde as vítimas estavam antes de
seguirem ao ponto de ônibus, local do acidente. Se o comerciante
continuar preso, o inquérito deverá ser concluído na próxima
terça-feira. Se for solto, o prazo aumenta para 30 dias.
O delegado seccional de Sorocaba, Marcelo Carriel, disse que os três
adolescentes atropelados ouvidos ontem Hospital Regional disseram que
não se lembram de nada. "Alguns só se recordam de terem acordado no
hospital", disse o delegado. O proprietário da chácara onde foi
promovida a festa entregou à Polícia Civil o contrato de locação firmado
com o organizador da festa. Segundo Carriel, o organizador da festa,
que mora em Votorantim, já tinha alugado o mesmo espaço no ano passado. O
delegado conta que consta no contrato que seria uma festa de
aniversário para 150 pessoas, mas o próprio dono do espaço disse que
cerca de 1.500 jovens foram ao local. Ontem, o organizador da festa
seria intimado com possibilidade de ser interrogado ainda hoje.
A venda de bebidas alcoólicas para menores, assim como a entrada dos
mesmos no recinto, teriam ocorrido indiscriminadamente, sem a exigência
de documento que comprovasse a idade, segundo apurado pela Polícia
Civil. O delegado Carriel comentou que testemunhas disseram que os
frequentadores que pagaram um valor próximo a R$ 30 teriam o direito de
consumir uma combinação de bebidas, incluindo as alcoólicas. "O
organizador pela festa responderá, já que a comercialização de álcool
para menores de idade é um crime previsto pelo Estatuto da Criança e
Adolescente", enfatizou o seccional.
Sobre o comerciante Hattori, o delegado afirmou que antes do acidente
ele teria ido a uma casa noturna em Itapetininga por volta das 22h ou
23h do sábado, de onde saiu entre 5h ou 5h30. Como não existe marcas de
freada no local do acidente, a polícia trabalha com a possibilidade do
comerciante ter dormido ao volante, provocando o acidente. Além do
organizador da festa, Carriel disse que precisa ouvir mais duas ou três
pessoas entre vítimas e testemunhas para concluir o inquérito. Também
aguarda as repostas da concessionária CCR SPVias e a Artesp a respeito
da regularidade do ponto de ônibus e avalia imagens registradas por um
estabelecimento privado próximo ao local do acidente.
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