quarta-feira, 9 de abril de 2014

TRAGÉDIA NA RAPOSO TAVARES - Acusado pelo acidente permanece em silêncio

Jornal Cruzeiro do Sul
Leandro Nogueira

O comerciante investigado pelo atropelamento que matou seis jovens e feriu outros seis em um ponto de ônibus da rodovia Raposo Tavares na madrugada de domingo, ficou em silêncio durante interrogatório na tarde de ontem, na Delegacia Seccional. Fábio Hiroshi Hattori, 27 anos, foi levado do Centro de Detenção Provisória de Sorocaba ate Seccional e respondeu às dez perguntas da polícia, como já havia feito no dia do acidente, quando o seu teste de bafômetro constatou embriaguez. Ontem, Hattori foi retirado da viatura às 14h45 e às 15h25 o mesmo veículo retornava ao CDP. A advogada Gisele Del Cístia, que o acompanhou no depoimento de ontem, disse que o comerciante falará somente à Justiça. Além de Hattori, ontem também foram ouvidas três vítimas no Hospital Regional e o proprietário da chácara alugada para a festa onde as vítimas estavam antes de seguirem ao ponto de ônibus, local do acidente. Se o comerciante continuar preso, o inquérito deverá ser concluído na próxima terça-feira. Se for solto, o prazo aumenta para 30 dias.

O delegado seccional de Sorocaba, Marcelo Carriel, disse que os três adolescentes atropelados ouvidos ontem Hospital Regional disseram que não se lembram de nada. "Alguns só se recordam de terem acordado no hospital", disse o delegado. O proprietário da chácara onde foi promovida a festa entregou à Polícia Civil o contrato de locação firmado com o organizador da festa. Segundo Carriel, o organizador da festa, que mora em Votorantim, já tinha alugado o mesmo espaço no ano passado. O delegado conta que consta no contrato que seria uma festa de aniversário para 150 pessoas, mas o próprio dono do espaço disse que cerca de 1.500 jovens foram ao local. Ontem, o organizador da festa seria intimado com possibilidade de ser interrogado ainda hoje.
A venda de bebidas alcoólicas para menores, assim como a entrada dos mesmos no recinto, teriam ocorrido indiscriminadamente, sem a exigência de documento que comprovasse a idade, segundo apurado pela Polícia Civil. O delegado Carriel comentou que testemunhas disseram que os frequentadores que pagaram um valor próximo a R$ 30 teriam o direito de consumir uma combinação de bebidas, incluindo as alcoólicas. "O organizador pela festa responderá, já que a comercialização de álcool para menores de idade é um crime previsto pelo Estatuto da Criança e Adolescente", enfatizou o seccional.

Sobre o comerciante Hattori, o delegado afirmou que antes do acidente ele teria ido a uma casa noturna em Itapetininga por volta das 22h ou 23h do sábado, de onde saiu entre 5h ou 5h30. Como não existe marcas de freada no local do acidente, a polícia trabalha com a possibilidade do comerciante ter dormido ao volante, provocando o acidente. Além do organizador da festa, Carriel disse que precisa ouvir mais duas ou três pessoas entre vítimas e testemunhas para concluir o inquérito. Também aguarda as repostas da concessionária CCR SPVias e a Artesp a respeito da regularidade do ponto de ônibus e avalia imagens registradas por um estabelecimento privado próximo ao local do acidente.


A morte e sua moldura
Seccional promete fazer investigação minuciosa
Justiça nega pedido de liberdade a Fábio Hattori
Sobreviventes de atropelamento seguem sob cuidados médicos
Sorocaba decreta luto por morte de jovens em acidente
Festa rave não tinha alvará da Prefeitura
Advogado de Hattori pede habeas corpus
Pai não culpa condutor pela morte de seu filho
Pontos de ônibus nas marginais e na pista expressa da Raposo têm situações distintas
Comoção marca despedida de jovens mortos
Jovem classifica acidente como uma cena de horror
Familiares de vítimas tentavam entender dimensão da tragédia
Motorista embriagado atropela 12 jovens no acostamento da Raposo e mata seis
Sobrevivente se diz aliviada, mas triste

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Observação: somente um membro deste blog pode postar um comentário.

Ouça a Rádio Votorantim