terça-feira, 26 de agosto de 2014

Grupo Votorantim - Terceira geração assumiu grupo em 2001

VALOR ECONÔMICO

Memória Antônio Ermírio estava afastado do dia a dia da Votorantim há cerca de sete anos por problemas de saúde


O empresário Antônio Ermírio de Moraes foi um dos pilares na construção do grupo Votorantim, um conglomerado industrial que também tem atividades nos setores financeiro e de agronegócios. Está posicionado entre os dez maiores do país de capital nacional privado na área industrial e seus negócios vão de cimento e aço a celulose, suco de laranja e geração de energia.

Por décadas, com os irmãos José Ermírio e Ermírio e a irmã Maria Helena de Moraes e seu marido Clóvis Scripilliti, conduziram os negócios do grupo junto com o pai, José Ermírio de Moraes, falecido nos anos 70. O patriarca, que foi senador do Brasil por Pernambuco, criou a companhia em 1918, na época uma pequena tecelagem localizada na cidade de Votorantim, interior de São Paulo.

Antônio e o irmão José se destacaram à frente do grupo no cenário empresarial do país e abriram, aos poucos, o caminho para a nova geração.


Há mais de uma década a terceira geração dos Ermírio de Moraes já se encontra à frente dos rumos do conglomerado paulista, que teve receita líquida de R$ 31 bilhões no ano passado. O grupo, que chegou a ter mais de 90 empresas, atualmente emprega quase 43 mil funcionários no Brasil e em mais de 20 países no mundo.

A morte do empresário não muda praticamente nada na gestão do grupo, pois ele já se encontrava afastado há cerca de sete anos de sua rotina em função da doença que o deixou sem condições de exercer o que mais gostava de fazer na vida: trabalhar. A partir de meados de 2008 ficou impossibilitado de voltar à empresa no dia a dia.

No fim de agosto de 2001, poucos dias antes da morte de seu irmão José, o mais velho da família, o comando dos negócios foram passados à nova geração, com mais de 20 herdeiros. Dois representantes de cada ramo familiar, totalizando oito, foram escolhidos para compor o grupo dirigente da Votorantim.

Seu filho Carlos Ermírio de Moraes, que veio a falecer prematuramente em 2011, acometido por um câncer, tornou-se o principal comandante da Votorantim, tendo como vice-presidente o primo José Ermírio de Moraes Neto. Desde a morte de Carlos, o grupo tem à frente dos negócios José Roberto Ermírio de Moraes (irmão de José Neto), que na época comandava a holding dos negócios industriais, a Votorantim Industrial (VID).

A estrutura de comando familiar continua a mesma, em termos de representação de cada ramo dos Ermírio de Moraes na Votorantim Participações (VPAR), com pesos iguais de decisão.

No início do ano, uma decisão importante foi tomada entre os herdeiros. Pela primeira vez, a presidência do conselho de administração da VPAR, que congrega todos os negócios do grupo, ficou a cargo de um profissional, Raul Calfat.

O executivo é homem de confiança da família há décadas e presidiu a área de celulose e papel da Votorantim, foi diretor-geral e presidente da holding industrial. Assumiu o lugar de José Roberto, que se tornou membro do conselho administrativo do grupo, assim como os demais primos e seu irmão.

Os herdeiros já atuavam nas empresas do grupo desde os anos 80. Eram recrutados pelos próprios pais e enviados às fábricas da Votorantim quando terminavam seus cursos universitários. Lá passavam a assumir áreas de maior afinidade dentre os diversos negócios.

Com o bastão passado aos filhos e sobrinhos, Antônio Ermírio foi alçado à presidência do conselho de administração, mas nunca deixou de ter influência na gestão diária das operações da companhia. Mas, manteve-se, enquanto foi possível, como presidente executivo da Companhia Brasileira de Alumínio, a CBA, empresa que criou em 1955. Era a sua "menina dos olhos".

O empresário só saiu mesmo do dia a dia do grupo quando sua saúde não resistiu mais e começou a se agravar por volta de 2007. Até lá, chegava todos os dias antes da sete horas da manhã no escritório da Praça Ramos, centro de São Paulo. Era rotina encontrá-lo na sede aos sábados ou visitando uma de suas fábricas. Principalmente a CBA.

Nascida como fabricante têxtil, a Votorantim solidificou-se e ganhou robustez nos setores de base da economia, como cimento, mineração, metais, química e siderurgia, dentro da perspectiva que o país tomou para substituir as importações a partir de 1930. Foi se diversificando ao corres dos anos e na década de 80 entrou nos negócios de celulose e papel e suco de laranja.

O grupo sempre foi um grande investidor no setor elétrico, na construção de Hidrelétricaspara geração própria de energia. E Antônio Ermírio era um catedrático no assunto, travando aguerridas discussões com técnicos do governo. Muitas vezes, fazendo pesadas críticas à maneira da condução da política energética do país pelas autoridades de Brasília.

Hoje, a Votorantim detém grande parcela na produção do insumo no país, com garantia de mais de 70% do consumo próprio em suas atividades operacionais, principalmente de cimento e metais não ferrosos. Opera dezenas de Hidrelétricas.

Desde 2008, com a crise financeira global, o grupo fez vários ajustes no seu portfólio de negócios, principalmente na área financeira, liderada pelo Banco Votorantim. Vendeu metade do banco para o Banco do Brasil, desfez-se de sua participação na CPFL Energia e saiu de outros ativos, como a Nitroquímica, que foram avaliados não mais estratégicos dentro do novo foco de negócios da companhia.

O grupo sofreu, na crise financeira, o impacto de operações financeiras de derivativos realizadas internamente e por empresas que eram controladas, caso da Aracruz Celulose, que logo depois se fundiu com a Votorantim Celulose e Papel (VCP). Com isso, nasceu Fibria, em controle compartilhado com o BNDES, mas totalmente com gestão administrativa, financeira e operacional do grupo.

A Votorantim encerrou o ano passado com receita líquida consolidada de todos os negócios de R$ 31,3 bilhões. O resultado final apontou um prejuízo de R$ 115 milhões, já expressiva melhora ante 2012. O balanço foi afetado, na área industrial, em especial as áreas de metais e aço, por custos operacionais, câmbio e depressão dos preços internacionais.

No primeiro semestre deste ano, a companhia mostrou forte recuperação, conforme balanço financeiro divulgado ontem dos negócios industriais da holding Votorantim Industrial. Fechou com lucro líquido de R$ 522 milhões, revertendo prejuízo do ano passado

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